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sábado, outubro 25, 2014

PAESTUM, prima POSEIDON


 


Quando sonhámos programada, consciente e desenfreadamente “percorrer” milhares de kms para que, durante alguns dos chamados minutos que o relógio retira em permanência dos nossos horizontes, nos abrigarmos debaixo de quase três milénios de acumulação ordenada de vontades na representação iconográfica de antigos símbolos de culto, iniciou-se a escrita de mais uma etapa dos nossos percursos universais. Esta viagem, esta visita, não aconteceram por um mero acaso, foram provocadas pelo impacte de uma página principal da Archeaology, e depois de avaliadas as condicionantes dos sonhos, estes, perceberam desde logo as restrições de natureza ambiental que Atenas e a Grécia sempre implicaram, muito antes do “resgate” Helénico, e indicaram-nos sem reticências a química da solução das transcendências.
Indiscreta, tem estado também sempre observadora e borbulhante uma oferta de Filhos para Pais, já há muitos Natais, e cuja presença anima agora brincadeiras inocentes de Netos que escondem carros e bonecas entre as colunas da réplica em resina de um Templo tido como habitado por vestais.
Conquistadas todas as etapas, e lá estavam eles, os três Templos silenciosos, Templos onde se adoravam “deusas e deuses”, para nos acolherem orgulhosos na imponência da sua conservação, iluminando a leitura de páginas de interrogações sobre as filosofias com que interpretamos e conduzimos as passadas da vida.
Perante estes Monumentos, condutores sensoriais do calor e do frio, ao mesmo tempo ácidos e doces, nascidos de teoremas e de unguentos nunca até aí adivinhados, surge a reflexão sobre o que o Homem tem possibilidade de imaginar e concretizar, e o seu contrário, a antecipação das consequências do que nunca se viu, e a racionalização dos pensamentos e sensações desconhecidas que logo elaboradas nos atiram para o desconhecimento do resultado final.
Podem os “crentes” considerar um acto de paganismo a adoração permanente dos “deuses” do sol e do mar (os que terão sido por ali adorados), embora compreensivos pelas peregrinações, mas queríamos mesmo saber das cores e do brilho escolhidos para as cortinas dos palácios das Deusas e dos Deuses, a fim de as incluir na nossa paleta dos sonhos impossíveis.
Não foi fácil encontrar por ali uma Ninfa que nos mostrasse o relógio Solar e abrisse o diafragma das luzes do Olimpo, para nos orientar os eixos focais que cobriam de luz e sombra os sulcos pétreos, e tomam suavemente conta dos riscos de fumo rasgados pela combustão de ervas milagrosas, libertos através dos círculos de defumadores em cristal.
Os resultados destes diálogos diáfanos, vão transpirar à medida que os caprichos da Deusa Héra (irmã e esposa de Zeus) me permitam desenhar o percurso helicoidal de cada uma das quarenta e oito chaves que abrirão a porta azul escondida algures entre as colunas dóricas do seu Templo (530 a.c.), e com a sua leitura desfazer a adivinha sobre a simetria das linhas paralelas aos territórios que percorremos entre Napoli e Paestum, e vice versa.
O geógrafo grego Estrabão, que viveu na época de Augusto, diz que os Sibariti, vindos do sul do mar Jónico, fundaram uma cidade grega, e que em honra do deus do mar foi chamada Poseidon, na planície banhada pelo rio Sele no Golfo que foi dito Posidoniate, hoje Golfo de Salerno, atingindo um alto elevado grau de prosperidade, tanto pela riqueza e fertilidade do território circundante, como por ter sido um importante porto comercial.
Dobrando em três as pontas das nuvens Olímpicas, conquistámos os Dois estas imagens eternas que Zeus há-de proteger da fragilidade binária, e recomeçam as etapas dos olhares mais puros debruçados sobre o território das nossas cinzas, que de tão Amigos nos protegerão dos suspiros de Marte.
 
 

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