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segunda-feira, outubro 31, 2011

A intimidade com as objectivas


A intrusão da Ria pelas margens mais antigas, é evidente na implantação do arvoredo que resistiu e se acostumou a viver de águas semi-salgadas.

Outras memórias


A papel químico, é uma frase feita, comum mas pouco realista, usada julgo que por muitos que nunca tenham aproveitado os resultados proporcionados por este invento tão útil para a sua época. Já nos tempos mais modernos, a acção de “copiar” registos digitais verdadeiramente apenas cria um Mundo de ilusões.

A intimidade com as objectivas


Acho que vale a pena vir aqui perturbar aqueles que acreditam na assexualidade dos objectos.

Agora é tempo de,


provar as anonas do Algarve.

domingo, outubro 30, 2011

Outras memórias

Nas reflexões sobre a evolução social do último meio Seculo, cabe em primeiro lugar, saber comparar com total realismo a evolução das condições de vida de uma família da classe média. Há muitos exemplos que ajudarão a compreender a brutal situação de desconstrução industrial e comercial em que o Mundo Ocidental se encontra, mas este simples postal encerra um átomo da história (dizem por aí que agora se escreve estória...) das enormes distâncias entre o “conforto” de quem Possuía e o sentimento de sonho de quem então sabia estar longe de poder lá chegar. Se meio Século atrás existisse uma tal loja que já se chamou dos trezentos e cuja “cotação” está sempre a baixar, teria sido acessível a todos os Pais dos meus amigos beberem um Wisky com soda, mas não era assim, para isso era preciso poder adquirir um dispositivo caríssimo, de fabrico Alemão, que através de cápsulas metálicas com gás transformava a água lisa em água gazeificada com soda. Lembro-me bem do fascínio que me provocava este artigo de luxo que vi funcionar algumas vezes em casa de uma Médica nossa vizinha, e bem ilustrado neste postal publicitário das referidas cápsulas com gás.


A intimidade com as objectivas


O que distingue estas duas imagens, é o elaborado enquadramento profissional que um dos mordomos do séquito dos 22 inventou para levitar o Senhor Silva para um plano superior ao da Poetisa, já que a distância focal do céu é Universal, e cobre todas as ilhas!



A pouco e pouco, lá vou aliviando a cabeceira da pilha de livros que as minhas Amigas e os meus Amigos me têm oferecido, e que eu tenho deixado amadurecer. Nesta modernidade, em que a ficção dos romances está tão invadida por recensões históricas, podemos soltar e transpor para a actualidade algumas provocações sociais com que a ostentação do Poder Real acolitado por alguns Frades da Companhia de Jesus se confunde com a refinada arrogância do actual Poder Liberal/Jesuíta.

sábado, outubro 29, 2011

Expressionismo Abstracto

Eco dos criadores do Belo

Segundo, “entre o público e o privado” Edição Museu da PR e CM de Matosinhos, "Augusto Bobone, fotógrafo e pintor, herdou a casa fotográfica de Alfred Fillon em 1889, que renomeou para Atelier Bobone”, fruto decerto da prolongada moda de apropriação dos francesismos inicada com as invasões Napoleónicas. Numa imagem que já publiquei anteriormente, fica agora explicado o porquê de o suporte da impressão fotográfica ostentar em simultâneo os nomes de ambos os titulares do “Atelier”.


Na sua vertente comercial ligada à pintura, Augusto Bobone, criou um das primeiras galerias de arte, onde os Pintores da época realizavam as suas exposições.


sexta-feira, outubro 28, 2011

Portugal, como vai?

De entre os maiores profetas da desgraça “avençados” a peso de ouro por duas TV’s, há um tipo, que diz sempre a mesma coisa, ou melhor não têm nenhum contributo positivo para dar ao País, e que depois de ter sido Ministro já foi protagonista de outras “avenças”, cujos deméritos como fiscalista conheci bem, e até é casado com uma das mais generosas pensões de reforma em curso, pois a Senhora sua Mulher foi não só Deputada em Portugal como também no Parlamento Europeu.


Não deixaria de ser irónico poder-se usar um velho símbolo de campanha desta Senhora, e dar uma vassourada no Marido atirando-o para um deserto onde ele iniciasse uma nova Carreira!...

A intimidade com as objectivas



Horizontes de Serpa 2002

quinta-feira, outubro 27, 2011

Portugal, como vai?

Surrealismo é, portanto, um produto do todo orgânico destes tempos, você e eu sabemos que a lógica não serve apenas para destruir, e que ao contrário pode tonar-se facilmente numa força construtiva de excepcional importância. E se a lógica, serve hoje em dia especialmente para processos exclusivamente destrutivos, a culpa não é dela, mas da "humanidade". Kandinsky, 1939, Carta a um Amigo


Portugal, vive entre a “lógica” da submissão à ditadura dos mercadores de empréstimos às dívidas soberanas, e o surrealismo das decisões de fundo contraditórias entre os seus “fundamentos” e as decisões que na linguagem já descarada se deliciam em anunciar o agravar do empobrecimento da maioria dos seus habitantes.

Eco dos criadores do Belo

Expressionismo Abstracto

quarta-feira, outubro 26, 2011


Os postais sempre foram, e julgo que continuarão a ser um veículo especial de comunicação para cumprir as promessas de dar notícias eternas à Família quando se viaja para mais longe de casa durante alguns dias, pois os telemóveis e as máquinas digitais encarregaram-se já de roubar todo o protagonismo ao postal cicerone. Compram-se postais nas ruas, nos Museus, nas Estações e nos Aeroportos tão iluminados quanto possível pelo poiso instantâneo do remetente, mas também se buscam alguns de borla pelos corredores da sociedade de consumo,


que se vão escrevendo à pressa enquanto se come, ou no canto de um balcão de quiosque que venda selos perto de uma caixa postal. Guardados são depois os postais, que constroiem colecções ilusionistas, e às vezes ainda sobram também uns selos que seguem o mesmo destino para a penumbra do canto de uma gaveta, ou de uma já velha caixa de sapatos.


terça-feira, outubro 25, 2011

Imagens da Ria

Apesar de todas as crises, há cada vez mais pequenos barcos na frente da Ria em Santa Luzia.


Com a construção da marina para os barcos de pesca, podiam ter sido dispensados alguns dos barcos chamados de auxiliares que no passado levavam os pescadores desde terra até ao barco de pesca que fundeava onde o calado e a profundidade da Ria o permitia, mas não, os hábitos seculares não dispensam que muitos pescadores sintam essa nostalgia e mantenham esse hábito, embora alguns dessas pequenas embarcações até já sejam feitas de fibra de vidro. Nesta imagem, lá vai um pescador da ria com dois baldes de ameijoa no seu auxiliar até terra, depois de fundeado o pequeno barco com motor fora de borda, ali a meia dúzia de metros.


Para mim, é um prazer poder continuar a sentir a beleza dos reflexos e dos contrastes entre os barcos e as águas, que vão mudando de tonalidade há medida que a temperatura e o sentido do olhar do Sol vão variando ao longo dos dias e das estações do ano, e já começo a tratar por tu alguns daquelas chatinhas, sem quilha, pois esta só as tornariam mais pesadas e é desnecessária para vencer a oposição às remadas em trajectos tão curtos por águas tão serenas.


Há pois, auxiliares de todos os tamanhos e para todos os gostos, batizados ou numerados, que vão mudando de posição com as correntes e os ventos, que fazem e farão sempre as delícias das máquinas digitais, de turistas e não só!




Apesar das dificuldades gerais, e da progressiva escassez de polvo, a maioria destas pequenas embarcações estão sempre bem cuidadas, vindo a terra amíude para lhe retocarem a pintura.


A época turística está cada vez mais curta e a pesca é vital para a população de Santa Luzia, mas ainda no passado Sábado, o Rainha Santa voltou do mar com apenas quatro polvos que, claro, não podiam estar a ser pesados na escuridão do mar, e quando chegaram a terra, para desespero do pescador faltava-lhes cincoenta gramas para o peso mínimo de admissão na lota, retirando-lhe o provento justo de uma noite de trabalhos árduos, e de despesas com o combustível e os iscos. 

segunda-feira, outubro 24, 2011

Eco dos criadores do Belo


Quando a época da “exclusividade” das Agências de Viagens parece fazer parte já das nossas memórias mais distantes, e hoje em dia, bastando pressionar uma tecla várias vezes é possível, encontrar informações sobre o caminho para o lugar mais insólito do Mundo e comprar todos os bilhetes que permitam lá chegar, podemos imaginar algum do prazer e desafio que nos fins do Século XIX devia constituir fazer preparativos para uma viagem, com apenas a escrita servindo para o intercâmbio entre os pedidos de informações, as respostas e as reservas definitivas, quiçá sempre interrogadas.
Quando encontrei um sugestivo postal enviado por António Conceição e Silva a um Pintor seu grande Amigo, estavam lá escondidas algumas histórias indecifráveis, mas também um estímulo para que eu tentasse perceber em que condições Conceição e Silva teria ido parar à Finisterra, um cantinho da França, bem como outros pintores Portugueses de Lisboa, e até do Porto, para além de ser conhecido que o Estado, e alguns beneméritos apreciadores de arte atribuíam então bolsas de estudo em França, considerada o “coração” da Arte na Europa. Achei ainda interessante saber se o Hotel e a pintura ainda existiam, e caso afirmativo se seria possível obter algumas imagens.
E pensei também para comigo, se quem sabe Conceição e Silva para pagar a estadia não terá efectuado a pintura mural retratada neste seu postal, cujos personagens, estão identificados pelo seu punho – Ezequiel Pereira, Eduardo Moura, José Rafael e o próprio, auto-retratado.

“Pont-Croix et plus généralemenl le Cap a toujours beaucoup inspiré les peintres. Il en est venu de célèbres tels que Matisse en 1895, Désiré Lucas, Max Jacob, Emile Simon.. Tous ces artistes étaient très bien accueillis au Cap. La propriétaire de l’Hôtel des Voyageurs, à Pont-Croix, qui était Mme Gloaguen dans les années 30 jouait un peu le même rôle que " Marie Poupée " à Pont-Aven. De nombreux artistes et artisans ont choisi de vivre à PONT-CROIX (peintres, sculpteurs, potier, artisan du cuir...). Sans compter les nombreux peintres amateurs et professionnels qui y trouvent maintes inspirations pour leurs toiles.”

Há por vezes encontros que se transformam em desencontros, mas há também acasos que criam curiosidades e que logo nos enchem de muitas respostas; e foi este o caso, pois a eficiência e gentileza do Office de Tourisme de Pont-Croix partilhou um conjunto de informações sobre um trabalho de investigação sobre a verdadeira autoria da pintura mural do Hotel des Voyageurs e sobre as personagens ali retratadas, realizado em 2006 por um Cidadão Português residente em França, e este gentilmente enviou-me um CD recheado com os resultados do seu trabalho de investigação histórica.



Durante muitos anos, a autoria da pintura mural do Hotel des Voyageurs foi sendo atribuída a um tal Abel Cardoso, versão que não parecia poder acomodar-se com outros dados recolhidos pelo nosso compatriota, e assim este deu início a um profundo trabalho de recolha de documentação e de contacto com o maior número possível de descendentes do falso autor e de Conceição Silva, e com todas as fontes locais enquadráveis. Agora, este postal pode colocar uma pedra final sobre a controvérsia, já que é de todo improvável que ainda em 1953 Conceição e Silva para escrever a uma Amigo usasse um exemplar de um postal que retratasse uma pintura de outro pintor, apenas porque ele ali estava representado. Seja como for, a presença de Pintores Portugueses na Bretanha poderá não ser um tema ainda totalmente encerrado, pois gerou outras oportunidades de partilha de informação com o “Musée de Beaux Arts” em Quimper, e permitiu a troca de conhecimentos entre dois Portugueses espalhados pela Europa e com empenho na procura de contributos para alguns dos seus prazeres mentais.

domingo, outubro 23, 2011

Riscos

Qualidade ambiental


Ao contrário de tantos Empresários poluidores, na produção do sal marinho de Tavira, assiste-se a uma cada vez mais responsável utilização de materiais não tóxicos, tendo em vista garantir a qualidade do produto final destinado ao consumo alimentar, em especial a flor de sal considerada a melhor do Mundo. Não fora as comportas das salinas até há bem pouco tempo todas em metal, e agora em madeira precisarem ainda de uns quantos pregos para unir tábuas e barrotes e os teores metálicos destes sais estariam livres de qualquer miligrama de metal, para além das micropartículas vindas da atmosfera e alguma contaminação pelas patas dos milhares de aves migratórias que encontram abrigo no estuário da Ria Formosa.


sábado, outubro 22, 2011

A intimidade com as objectivas

Do meu testamento para as minhas Netas e para os meus Netos, faz parte uma íntima coletânea de histórias com o título principal – Percursos Arqueológicos. No enredo principal desses relatos a margem esquerda do Guadiana é o actor principal, que tem como último apelido “Horizontes de Serpa”, e o qual fotografei ao longo de anos para ir registando o seu eventual “envelhecimento”.

 Horizontes de Serpa 1990

Calendário Português – Agora ainda é tempo de maracujás?


Neste Verão tão prolongado, o nosso maracujá de canteiro depois de ter dado a sua novidade em Agosto, que muito bem soube à minha neta C, desatou a expandir-se direito ao céu, ganhando todos os apoios que encontrou, e está agora a repetir não só a floração mas também os frutos, que não sei se se virão a formar convenientemente com a aproximação anunciada da chuva para daqui a pouco.

sexta-feira, outubro 21, 2011

Portugal como vai

Imagens de rua


Agora que as hordas de turistas já não procuram quem os transporte de barco até à Praia da Terra Estreita, e os catamarã estão na doca seca para regressarem à ria com um brilhosinho nos olhos, o concessionário das viagens aluga bicicletas voadoras made in china para quem quiser fazer a travessia da Ria. Claro que para o regresso, a solução é mesmo vir a pé!...

Património ?

À volta das artes consideradas menores, ao redor de Igrejas e Monumentos menos conhecidos e mais afectados pela negligência ou indiferença, joga-se uma parte importante do nosso futuro, porque ainda há um sentido último de comunidade que está perdido algures, e talvez seja possível reencontrar.
Nem os Partidos Políticos, nem os círculos culturais, reproduzem uma idéia de comunidade humana como é vivido por pessoas, grupos e comunidades que trabalham dia a dia para dar vida e beleza ao que é considerado periférico e secundário.
O grande monumento, "dispensa" proteção (nenhum Português sente ter que defender O Mosteiro dos Jerónimos), enquanto o pequeno monumento, porque muitas vezes mal conservado, ignorados pelo poderes, pode dar origem a um sentimento de defesa e de partilha, um sentimento de regresso ao que temos de importante e duradouro na nossa civilização.
A maior dificuldade para iluminar este texto, era a escolha de uma entre dezenas de imagens possíveis para o complementar.



A Ermida de S.Roque foi adquirida por arrematação, em 09.05.1935 pela Câmara Municipal de Tavira. 
(Fonte IGESPAR)

quinta-feira, outubro 20, 2011

Este livro, oferta de anos de um grande Amigo, com dedicatória a preceito, esteve tempo demais na minha mesa de cabeceira, mas já acabou de cumprir a sua primeira função; agora vai aguardar por uma partilha.

A intimidade com as objectivas


A luz do final de um dia de outono, espelhada ao longo da Ria Formosa, atravessou a custo a janela improvisada na cabine do pescador de polvos. 

quarta-feira, outubro 19, 2011

O sentido da Vida

Há uma imensidão de explicações falhadas para traduzir os sentimentos de um Pai pelo prazer em ter tido Filhos que praticam a Vida, num palco de Comunidade Humana, e com os quais nos confundimos mentalmente nas nossas atitudes, sejam elas as mais simples ou as mais complexas.

As imagens de hoje, foram catadas nos meus “cofres/discos”, para tentar demonstrar como é bom ter filhos, amá-los e ser amado por eles, para além do desmoronar civilizacional que nos cerca e os começa a atingir, embora o espírito de luta vá encontrar respostas para o futuro, mesmo que isso tenha de passar por deixar Portugal e partir para outras paragens de armas e bagagens!












terça-feira, outubro 18, 2011

Outras memórias


Por vezes, os livros não escondem apenas receitas de sopas de letras, mas também folhas secas e outras marcas que pontuavam a sua leitura, como este velho bilhete de uma tarde de cinema no Tivoli, de Lisboa!....

A intimidade com as objectivas


Geme o grampo do Calafate, num esforço para acomodar a longarina do bordo metálico da quilha ao seu desenho curvilíneo.

segunda-feira, outubro 17, 2011

Reencontros com a memória

Depois de passar centenas de vezes à porta da minha Faculdade sem sequer dar mais um passo e recordar pelo menos os corredores sombrios por onde nos anos 60 corria para, mudar de sala de aula, voltar para casa e matar a fome, tentar minorar o atraso com que chegava a uma aula, apanhar a borla do estribo do eléctrico até ao Largo do Rato para aí apanhar um Autocarro que me levasse a buscar a minha Namorada à Escola de Artes Decorativas de António Arroio, aguardar impaciente a chamada para um exame oral e a seguir ficar ansioso pela abertura final da porta por onde um funcionário anunciava os resultados, ontem, num impulso, quiz reviver uma parte dessa memória, dispondo-me a fotografar a escada de entrada nas aulas e a entrada do grande corredor, que atravessa o edifício de um lado até ao outro.


Reentrei na minha Faculdade, que é hoje um Museu, e com meia dúzia de passos dados, de uma forma automática ,sem dar mesmo por isso, entrei na primeira porta do corredor á direita, e fui atingido por um Mundo de emoções. Não era apenas a beleza, naquilo que esta tem de mais indeciso, a luz difusa da claraboia daquele Laboratório de Química de outrora que com a sua moderna arquitectura da fusão entre o ferro e o vidro, está hoje radiante com os watts da iluminação de arquitecto, o burburinho dos Professores, Auxiliares e Alunos está transformado num silêncio musical, as paredes sombrias dos vapores das experiências laboratorais estão agora contaminadas pelas tintas suaves não tóxicas que os pigmentos inventados pelos químicos proporcionaram à escolha da arquitectura de interiores, o cheiro a gaz queimado pelos bicos de Bunzen parecia que ainda lá estava! 


Foi difícil escolher, entre respirar aquela memória e disparar para todos os lados e aprisionar todos aqueles momentos, como que estivesse a reviver o pânico com o grande incêndio que quase destruiu todo aquele Património. Mas, os momentos iniciais depois de entrar no “meu” Laboratório de Química foram ainda mais perturbadores, pois, ao contrário de antigamente, estão abertas de par em par as portas e a bancada comunicantes com o Anfiteatro, este de arquitectura neoclássica, que logo me chamava para me obrigar a sentar uma vez mais no “meu” lugar, e aí já rodeado pela paz silenciosa dos reflexos ténues das vibrações orais das aulas dos meus Professores, fui capaz então de voltar a sentir, o prazer de estar ali mesmo, vivo, debaixo daquele tecto resplandecente, e de ter tido no meu País Académicos e Políticos que utilizaram os dinheiros Públicos para fazerem uma Obra notável que ao desconhecê-la me envergonhei com algum do tempo perdido noutros recantos.


Com projecto de João Pedro Monteiro (1826-1853) e Pierre-Joseph Pezerat (1801-1872), o Anfiteatro em hemiciclo é o espaço de aulas teóricas utilizado também como Aula Magna, lugar de excelência para as grandes cerimónias oficiais.

The lecture Theatre was designed by Pedro Monteiro (1826-1853) and Pierre Joseph Pezerat (1801-1872). It was used for theoretical lectures and also as aula magna as it was ideally suited for major official events.



A disposição formal dos elementos do anfiteatro hierarquizava visivelmente o espaço.O gradeamento separava as bancadas onde se sentavam os alunos do lugar central ocupado pelo Professor.

Na bancada em U, colocada no centro da sala, realizavam-se demonstrações experimentais, executadas pelos preparadores, como suporte à matéria teórica.
As colunas de mármore davam o enquadramento clássico ao busto de Lavoisier (1743-1794) e duas outras fuguras inspiradoras estavam presentes no decorrer das lições: Justus Liebig (1803-1873) e August W. Hofmann (1818-1892), representados à direita e à esquerda das bancadas, e que configuravam o paradigma de investigação científica, de organização e utilização de técnicas laboratoriais, que influenciou, através dos seus discípulos, várias gerações de químicos na Europa e nos Estados Unidos.

Do meu “lugar”, divisei o silêncio do giz acariciando o enorme quadro de ardósia, o silêncio dos passos dos Mestres sobre o estrado que sustenta a velha secretária e a cadeira de fundo de palhinha, e no grande cenário da divisória com o laboratório, a fachada do Templo Greco-Romano encimada pelo busto do Deus da Química!


E aberta, encontrei a porta por onde passei para os momentos mais dramáticos das minhas apresentações práticas no balcão das experiências ou no quadro, por debaixo daquele tecto Partenónico.


Vai ser preciso lá voltar, para arrumar melhor as imagens que hoje criei, vai ser preciso lá voltar com a minha Namorada e recordar-mos os dois ao vivo o pequeno lavatório onde lavámos as mãos,




nos tempos em que ainda sem termos dinheiro para comprar uma mufla demos corpo aos primeiros esmaltes em cobre na mufla que servia para limpar as impurezas dos cadinhos, e vai ser preciso ainda lá voltar para tentar visitar a Sala daquela que além de minha Professora de Química I e Química II, foi a nossa velha Amiga Professora Doutora Marieta da Silveira.












Por hoje, chega, ficam algumas imagens, imagens “iguais” às que gosto de fazer em qualquer outro Museu quando isso está permitido, 


mas muito diferentes, porque estas contam mesmo uma parte de anos de história da minha vida.


Deixei para trás o edifício da velha Faculdade de Ciências de Lisboa, e retomei o caminho a pé para casa pela Rua da Escola Politécnica, onde ainda há como dantes namorados de mão dada,



mas também as modernices das malinhas com rodas


e os beberricos das “latas que dão asas” que a “minha” Faculdade não chegou a conhecer!