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terça-feira, maio 31, 2011

A intimidade com as objectivas



O espírito da geometria, coloca um dogma fora de toda a discussão sobre o enquadramento que melhor imite o cantar de uma râ.

A intimidade com as objectivas



Numa fracção de segundo, ficaram imóveis os movimentos de cada um dos que haviam já escolhido o ponto de fuga das perspectivas que o átrio dos imaginários medievais guardava para conduzir cada olhar naquela noite.

Imagens de rua




Alguém percebeu que com a “globalização” passou a ser preciso traduzir o letreiro para além do Inglês, mas fica a dúvida se foi como resultado de uma silenciosa e inintelegível invasão externa tendo em vista uma premeditada colonização, ou da necessidade de encontrar uma resposta prática ao poder dos mercados emergentes.

segunda-feira, maio 30, 2011

Imagens de rua

No teclado do xilofone que vai intrepertar estas pautas,

a amplitude dos sons corresponde à temperatura das cores no anel dos meus diafragmas.

Desconstruções

Este orifício, que acolheu os eixos das hélices e as sentiu rodar debaixo de água, descansa agora um pouco na doca seca, até partir para outros destinos.

domingo, maio 29, 2011

Imagens de rua

A multinacional das águas açucaradas e coloridas, faz tudo para associar a sua imagem aos costumes mais tradicionais dos sabores sem corantes e sem conservantes. 

sábado, maio 28, 2011

Calendário Português – Agora é tempo de,


Nada melhor do que saborear, e consumir, o que se produz em Portugal, e que me desculpem aqueles que vivem onde este sabor ainda não amadureceu.

Figo, fruto da Figueira  – árvore frutífera da família das moraceae originária da região do Mediterrâneo.
  

Armadilhas



Por este estreito buraco, e com a sabedoria dos pescadores de S.Luzia que conhecem o sabor de todos os iscos, vão ser atraídos e entrarem sem poderem sair, os mais saborosos polvos do Mundo, para satisfação dos nossos paladares, aconhego e fortalecimento dos nossos corpos. 

A intimidade com as objectivas



A Lisboa da minha juventude, entre a Praça do Comércio e o Cais do Sodré, vista por mim através mesmo de um filtro amarelo, mostra pescadores na beira rio, e o que restava  já então da cabotagem no Tejo, hoje extinta.

sexta-feira, maio 27, 2011

Desconstruções

Sem legenda possível.

Moinhos de vento



Durante o inverno de 2010/2011, o mar destruiu quase por completo a duna, que protegia a Praia do Barril do vento Norte e de muitos olhares indiscretos. Agora, já quase não restam elevações de areia onde, com a navalha que trago na mochila, eu possa voltar a implantar os moinhos de vento que construa, com as canas que o mar deixa na praia e as garrafas de plástico que alguns selvagens deitam ao mar ou deixam pelo areal fora. Para que o vento não fique triste, deixo por aqui a recordação do meu último moinho de vento de 2010.

Primavera


Nas margens do Guadiana profundo, a Primavera, Filósofos e Teólogos anónimos, disputam agora de forma desinteressada o prazer do livre jogo das novas ideias sobre como extrair da natureza, a dialética que melhor ajude e definir a beleza inquieta, encerrada nos bouquets das flores nascidas da forma mais natural.

quinta-feira, maio 26, 2011

Imagens de rua

Este painel de azulejos, está implantado na parede de uma velha casa senhorial de Sevilha situada na Calle de los Buenos Libros; numa esquina ali perto, está situada a Livraria Céfiro, onde encontrarei os Bons Livros sobre a arqueologia de todos os cantos do Mundo, que de forma cómoda já escolhi e reservei através dos emails que me enviam regularmente.

quarta-feira, maio 25, 2011

Cadernos de viagem

Para quem nascia e vivia num País que até já foi colónia do único País com que faz fronteira, e ao qual só agora se pode ir a pé livremente, conhecer outros Países e outras culturas, foi um previlégio que fazia parte de um processo de aprendizagem e de crescimento. 
Fazer um bloco notas da viagem sempre foi um hábito com vários alcances, e este, reproduz muito do que se passou em duas viagens a Londres, 1976/1977, num tempo em que a entrada em todos os seus Grandes Museus era grátis. 
Da futura herança material que provocará algumas emoções e tempestivas interpretações, estamos na era da digitalização que permite algum encontro exótico, e ainda cria a ilusão da sua perenidade. 

Era assim a capa dos Passaportes de Portugal nos anos 50, colorida pela cor, da monarquia que Salazar nunca engeitou!

terça-feira, maio 24, 2011

Primavera


Na fixação das paisagens, com as infinitas distâncias focais contidas num zoom, interpreto aparências perseguindo o espírito universal, diante da intensidade voluntária das harmonias e do explendor dos reflexos da termosfera.

segunda-feira, maio 23, 2011

ice dreams


Dia de Festa, dia de bolo, hoje calhou a vez à Cister, que existe desde o Sec XIX, mas que na má tradição da modernidade Lisboeta já tem montras em alumínio branco, e um interior igual a uma perfumaria. Mas, nem tudo foram más recordações, a Rua da Escola Politécnica ainda não mudou de nome, e diversificando a oferta tem agora uma excelente casa de gelados artesanais. Provei amora com canela da Índia; recomendo a amora, a canela fica para dias de Festa! 

Chaminés


O exterior de uma chaminé alentejana típicamente fálica, não permite adivinhar o seu interior, mas devolve o sopro do azinho queimado. 

23 de Maio, Dia de Festa




Sempre que o sol
Pinta de anil
Todo o céu
O girassol
Fica um gentil
Carrossel.
O girassol é o carrossel das abelhas.
Pretas e vermelhas
Ali ficam elas
Brincando, fedelhas
Nas pétalas amarelas.
— Vamos brincar de carrossel, pessoal?
— "Roda, roda, carrossel
Roda, roda, rodador
Vai rodando, dando mel
Vai rodando, dando flor"

— Marimbondo não pode ir que é bicho mau!

— Besouro é muito pesado!

— Borboleta tem que fingir de borboleta na
entrada!

— Dona Cigarra fica tocando seu realejo!
— "Roda, roda, carrossel
Gira, gira, girassol
Redondinho como o céu
Marelinho como o sol".

E o girassol vai girando dia afora . . .

O girassol é o carrossel das abelhas

Vinícius de Moraes

domingo, maio 22, 2011

Primavera


Na longa ilha dunal que medeia a fransfusão e filtragem da água marinha com a água doce que desce da serra pelas ribeiras, protenciando os viveiros da Ria Formosa, o que resta das bocas dos alcatruzes de barro que noutros tempos eram as únicas armadilhas para aprisionar o polvo mais saboroso do Mundo, e que podemos agora apanhar na beira mar, serve para imaginar no areal primaveril jardins barrocos floridos com malmequeres brancos, aprisionados como as conservas perfumadas de peixe que há dois milénios se inventavam em Balsa, mesmo ali a dois passos.

sábado, maio 21, 2011

Alentejo


A profundidade estética da beleza de uma paisagem do Alentejo, que os mais indúcteis diriam que nos conduziria com facilidade a um estado de melancolia, ajuda pelo contrário, ao progresso da consciência na capacidade de saber entender quão harmoniosa e serena é aquela natureza, variada na cor dentro de cada estação, assimétrica e sugestiva a prender-nos o olhar no mais distante dos horizontes.

sexta-feira, maio 20, 2011

Oliveiras centenárias


A desuniformidade avermelhada do substrato xistoso da Serra de Serpa, contagia o prata pálido das oliveiras, com a ligeira mancha branca das paredes caiadas.

quinta-feira, maio 19, 2011

Primavera

Nesta Primavera invernosa, na areia molhada da beira mar foram ficando durante umas horas as marcas dos meus sapatos, até que a chuva intensa ou a preiamar as alisaram, tal como aconteceu com as pegadas dos dinossauros nas suas corridas à beira mar pelas nossas costas atlânticas. 

quarta-feira, maio 18, 2011

Primavera


Nas margens do Guadiana profundo, a Primavera, Filósofos e Teólogos anónimos, disputam agora de forma desinteressada o prazer do livre jogo das novas ideias sobre como extrair da natureza, a dialética que melhor ajude e definir a beleza inquieta, encerrada nos bouquets das flores nascidas da forma mais expontânea.

terça-feira, maio 17, 2011

Retirar o plástico dos oceanos


Hoje, da praia trouxe uma pequena bóia de plástico com a qual alguma neta ou algum neto dará largas à sua imaginação, umas cordas aproveitáveis e todas as pequenas porcarias de plástico que resgatei da beira mar e fui metendo num pequeno saco de plástico que aguardava na minha mochila ainda poder ser útil à natureza antes de vir a ser reciclado.

O meu peso


O meu peso, hoje de manhã logo quando me levantei era este, a que há que subtriar o peso de um pequeno gafanhoto verde de patas amarelas que me pousou no ombro.
E, acreditem ou não, tanto me faz, o indice corporal definido pelas tabelas do FMI está conforme o estipulado para um homem da minha nacionalidade, altura, idade e perímetro cintural, pois que, retirando 17 gramas pelos óculos que não posso deixar de usar sempre para ver o ponteiro das gramas, e 1.380 gramas pela máquina com que registei esta imagem, o peso final real é de 85.603 gramas!

segunda-feira, maio 16, 2011

A intimidade com as objectivas


A linguagem da forma e da côr, não é transferível fielmente para a escrita digital através do esperanto, pois está refém dos mecanismos criadores da Natureza ou do Homem, e é volátil com a mudança da temperatura, embora cada vez mais seja possível manipulá-la com uma ferramenta, que aportuguesando reside na loja das fotos, e que permite publicá-la na língua de quase todos os gostos, excepto daqueles que não gostam do amarelo.

Nacional Liberalismo = Nacional Socialismo ?


Há dois “Senhores de Belém” Amigos de longas conspirações, que olhando para os umbigos dos jardins do Palácio, aproveitaram o 25 de Abril para prégarem uma forma diferente de fazer política, sem coragem ainda para soprar as virtudes de uma quarentena democrática, e um, como não “viveu” na Europa e o outro não a desejava, são incapazes de perceber que é lá que está a Sede de todos os amanhãs, venham eles a ser ou não dias de progresso em Democracia. Ao lado daqueles dois, um velho lutador de cravo ao peito, ainda teimou em acreditar numa Federação Europeia de Estados, enquanto outro companheiro da mesma luta, apontou sem ambiguidades os escolhos que estão a impedir a concretização dessa Epopeia. De um dos “Senhores” não se voltou a ouvir falar, o outro continua a conspirar públicamente contra a Democracia, desrespeitando a isenção que a nova investidura lhe exigia. Mas, os amanhãs são cada vez mais insondáveis numa comunidade sem estratégia solidária na procura de um novo paradigma económico/social, que alberga no seu seio milhões de Europeus pobres de longa duração e milhões de recentes desempregados em vias de engrossarem a fila da pobreza, enquanto as desigualdades sociais se acentuam cada vez mais. Enquanto isto, o poder político Italiano e o Vaticano fizeram recentemente uma joint venture, em Português corrente uma vaquinha, para propor a umas centenas de ciganos Romenos que viviam numa agregado urbano dos arredores de Roma que aceitassem 500€ +500€ para serem repatriados e, como eles não aceitaram, foram expulsos pela Guarda Suiça de uma Catedral pertencente ao Vaticano onde julgavam encontrar protecção divina. Na Europa das liberdades e das soberanias em retrocesso, os Amigos externos de anteontem são agora eleitos como novos infieis, e são bombardeados perante a satisfação e aplauso dos mais ricos sheiks multimilionários das árabias mais ricas em recuros naturais. Tal como aconteceu na guerra do Iraque, imensas cidades e aldeias que até agora conseguiam ter vida própria, estão agora irremediávelmente descaracterizadas e inabitáveis, e jamais terão o futuro que o modelo democrático que os “Aliados” dizem querer-lhes oferecer, pois o que está em causa é a pirataria moderna dos recursos naturais mais valiosos. Enquanto esta desestruturação prossegue, os cidadãos da Europa do Sul, embora os seus Estados façam parte da NATO, não têm acesso a aviões não tripulados para poderem bombardear, de forma micro cirúrgica, os terroristas das Agências de Rating que todos os dias lhes roubam uma parte da riqueza que produzem. Cá estaremos para ver o resultado da bondosa via legal de denuncia das atrocidades humanitárias praticadas por essas Agências ditas de Rating. Na Europa de que fazemos parte, a ausência de uma verdadeira Aliança fraterna a favôr dos mais pobres e periféricos, e a falência das receitas para fazer face à crise económica internacional, estão a gerar ideologias “novas”, mas ainda não quero acreditar que esta geração de ditos europeus que decidem os rumos do poder e se proclamam como “Aliados”, é no século XXI o sucedâneo do Nacional Socialismo, e que os Povos que participaram na segunda Guerra Mundial do lado da Democracia, e que ainda colocam corôas de flores em homenagem aos mortos da guerra, perderam essa memória, e aceitam subjugar-se a uma ocupação feita por tropas monetaristas que disparando tiros de taxas de juro, vão avançando e desenhando silenciosamente um novo mapa de fronteiras, embora reconheça que não há terrenos férteis nos Países que, ou foram aliados da Alemanha Nazi ou foram pseudo neutrais, para impedir com perseverança essas invasões ideológicas e materiais.

domingo, maio 15, 2011

RIA FORMOSA


Os ventos das dunas, soprando numas dúzias de espigas, fazem com que as perdizes da Ria Formosa sonhem com vastas searas, capazes de lhes esconder os ninhos dos olhares vivos das gaivotas, e possam alimentar as crias até que se formem bandos capazes de converter as sementes do feno das areias finas, em sementes de girassol, pintalgando de pétalas amarelas aquela paisagem imensa onde o mar deixou milhões de conchas nas dunas fósseis que o sol já derreteu.

sábado, maio 14, 2011

Lugares de culto

Acho que não há nenhum fotógrafo que se preze, na minha faixa etária e guloso como eu, que não registe e divulgue as imagens dos seus locais de culto, nas cidades de que gosta e nas quais se habitou a, mais do que VIVER, venerar.

sexta-feira, maio 13, 2011

A intimidade com as objectivas


Quando, frequentemente regresso da praia pela “caminho dos barcos”, o pequeno estaleiro naval de Santa Luzia oferece sempre um novo mural de arte dita abstracta, que me obriga a mover para um lado e para outro à sua volta, tentando decifrar a sua linguagem diária, sempre muito diversificada e criativa.


Tudo pode despertar mecanismos de apropriação mental das coordenadas das infinitas imagens que se podem escrever e compôr com os reflexos abstractos da luminosidade própria de cada segundo de cada dia.




Apesar de não poder influir nas côres que tenho pela frente, e às vezes só fotografo a preto e branco, mesmo assim posso potenciar ou diluir algumas cores com a ajuda dos botões que me permitem enganar o fotómetro, entidade que foi criada para ser ao mesmo tempo a mais sensível mas também a mais implacável e infalível, e “confundindo” eu uns parâmetros com outros, o chip inteligente, não se apercebe que materializo novas visões do mesmo rectângulo que um dos olhos espreita no visor, e o outro observa sem espartilho.


Quanto mais abstractas são as formas puras e primitivas que tenho pela frente, mais livre fico para registar a ressonância da sua sensibilidade, tendo sempre em conta o respeito pelo silêncio de todos os ângulos.




O mais difícil, é sempre o domínio das linhas paralelas, entrecortadas pelos círculos concêntricos dos nós das madeiras e pelos pingos planificados da tinta mal espalhada com pinceis baratos, ou que secou ao ar livre mais depressa do que era desejado.



A transferência para uma imagem digital, destas energias acumuladas nos materiais pela força das ondas do mar, produz uma colecção de arte espiritual que não é justo manter totalmente privada, e as escolhas que faço para a apresentação destas semi-abstrações resultam do regresso à realidade do formalismo.




Primavera


A Bandeira Vermelha, mantém despertos os artefactos Salvavidas, para má sorte das amantes do mar, que sonharam vir até à praia furar as ondas com o bico das pranchas de fibra de vidro, e apenas podem ficar cuidando do ponteiro da balança que lhes controla a vida, mais porque as passereles querem enfiar-lhes no corpo os fatos de neopreno, na cor que estiver mais na moda, do que pela equação do bem estar servido no restaurante mais on de badalado e menos off de decibéis.

quarta-feira, maio 11, 2011

Imagens de rua






















Do interior cónico deste sucessor das grandes trompas douradas egípcias, brilhantes como os lábios de uma noiva, a pressão das bochechas do músico da Banda fizeram saltar as notas impressas na pauta para os ouvidos do maestro, o qual, com o impulso dos movimentos da sua batuta, espalhou ondas de harmonia, para satisfação do apetite dos assistentes, seus ouvintes silenciosos.

terça-feira, maio 10, 2011

Património






















Como vão estando em desuso as mensagens pessoais escritas e enviadas de forma pública através dos correios, embora muito em voga o termo postagem, é bom lembrar que existiram postais, mas também, que havia postais e POSTAIS!

Detalhes fotográficos


A relevância da fotografia e dos fotógrafos na vida social das elites de meados do Século XX, revela-se de forma muito expressiva e criativa na capa deste suporte fotográfico de um Estúdio Lisboeta.
A colocação do nº de polícia antes do nome da rua antecipa as formas modernas de datar, a criatividade plástica art deco e o sinal indicativo da esquina entre as duas ruas refletem um marketing prematuro já pujante, e a existência de telefone demonstra como era indispensável para o contacto com a clientela que o frequentava.

segunda-feira, maio 09, 2011

Moinhos do Guadiana
























No exterior das frestas dos moinhos do Guadiana, já não é possível fixar no Verão, as imagens do final do Sec. XX, com os grãos de pó de farinha que soprados pelo rodar das mós e pelas as corrente de ar, iam somar-se às cores do arco irís escondiadas nas pedras, nos ladrilhos e nos rebocos, construindo a mais pura das cores brancas.

domingo, maio 08, 2011

Pesadelos

Nenhum engenheiro de software, éticamente formado, teria liberdade intelectual para elaborar um procedimento DestruirEstádiodoDragão.
Em alternativa, podiam exigir-lhe escrever um procedimento DestruirEstádio, para que Dragão fosse criado como parâmetro.

Adaptação livre de um pensamento de Nathaniel S. Borenstein, computer scientist, 
durante um pesadelo encarnando um benfiquista  


8 de Maio, Dia de Festa


Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio.
Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos
Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas.
(Enlaçemos as mãos). 

Depois pensemos, crianças adultas, que a vida
Passa e não fica, nada deixa e nunca regressa,
Vai para um mar muito longe, para o pé do Fado,
Mais longe que os deuses.

Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena cansarmo-nos.
Quer gozemos, quer não gozemos, passamos como o rio.
Mais vale saber passar silenciosamente.
E sem desassossegos grandes.

Fernando Pessoa

sábado, maio 07, 2011

RIA FORMOSA
























Uma imagem, que precisa de legenda para não provocar a ilusão da chegada das promessas dos poços de petróleo à costa do Algarve. A “torre”, é o ponto cimeiro da estrutura que permite elevar a parte central da ponte sobre a Ria Formosa junto a Pedras d’ÉlRei para a passagem dos barcos, e ao lado recorta-se o apeadeiro dos comboios com a sua cobertura em v invertido.

No meu País, aproveitando o que a natureza oferece






















Enquanto este fotógrafo escolhia o melhor enquadramento para o infinito de planos que a natureza lhe ofereceria, ela alheou-se da intrusão, mas tentou fazer-me acreditar que ficaria demonstrado para sempre pela edição e apreciação de qualquer dos meus registos digitais, quanto é dispensável procurar conceitos definidores de beleza.

quinta-feira, maio 05, 2011

Segredos de uma viagem de comboio

As viagens constantes dos comboios que levam até à praia do Barril, turistas sonolentos, velhas e velhos com pernas cansadas, jovens Pais com seus filhos pequenos, agitam diariamente os carris por onde deslizam, e comprometem a pouco e pouco a sua estabilidade, se a sua infraestrutura não for devidamente vigiada e conservada. As águas da chuva, os estremeções dos pequenos abalos de terra e até alguns túneis de formigas..., abrem também brechas entre as solipas de madeira assentes no socalco macio de areia, compactada pelos anos, e que suporta o peso do comboio e dos seus passageiros.
As águas invernais, e o calor tórrido do Verão, afectam também a estabilidade das solipas de madeira que de anos a anos têm de ser substituídas. O Sr. Francisco, antigo empregado da CP, conduz os passos mais importantes da manutenção desta via férrea de 60 cm de largo entre os carris, com um ajudante por sinal Cubano, de nome Reidel. Substituir as travessas de madeira passa por várias fases, e é uma tarefa para especialistas, pois para além da força de braços necessária para rodar a grande chave de cruzeta indispensável para fazer o desaperto e aperto dos parafusos que prendem os carris às solipas de madeira, parafusos estes a que lhe chamam de tirifones, é necessário o saber de garantir o alinhamento dos carris e a distância entre eles.
Antes de tudo, é preciso fazer com que as solipas cheguem à outra margem da Ria pelos intervalos das passagens dos turistas, transportadas duas a duas em carrinhos de mão, até preencher a tara de uma vagoneta que puxada pela locomotiva as vai distribuindo ao longo da linha. 
Para concretizar as tarefas principais, usam primeiro uma gueja com a medida dos tais 60 cm, colocada interiormente, 
e a seguir colocam um grampo que é fixado exteriormente segurando a distância entre os carris enquanto os tirifones são fixados às solipas com a grande cruzeta que rodada à mão pela força dos dois homens, segurando um de cada lado em movimentos ritmados de meio círculo, para que progressivamente mesmo as roscas já gastas dos tirifones perfurem a madeira e aconcheguem a base do carril à travessa já muito esburacada de outras vidas noutras linhas de maior porte.

Por fim, é lançada e compactada mais areia por entre os carris para garantir durante mais algum tempo que as viagens têm sempre um final feliz.Esta é uma das raras situações em que podemos ficar satisfeitos com o reaproveitamento de materiais ditos usados e tantas vezes acabando nas lixeiras, pois a modernização das linhas de longo curso da CP dispensam as largas travessas de madeira que são agora por aqui encurtadas e ganham uma nova vida e utilidade social.Mas, nem tudo é feito à força de braço como em tempos não muito distantes, pois já não é necessário abrir os primeiros buracos com enormes verrumas, trados de cruzeta de seu nome, porque hoje um pequeno gerador a gasóleo, ajuda um berbequim com uma broca de 18 mm a desenhar um orifício na madeira para facilitar a entrada dos tirifones.
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