Um dos aspectos por vezes mais ignorados na descrição de um sítio arqueológico é a apreciação das vertentes meramente paisagísticas, relevando-se os enquadramentos relacionados com o “mapa” dos habitats contemporâneos e as potencialidades do local face aos recursos vizinhos .
Olhar do Xarez para Monsaraz, ou tentar descortinar o Xarez das ameias de Monsaraz foram desafios à comprensão do universo encoberto na neblina que cobre a monumentalidade dos Territórios Megalíticos, e à realidade da sua pujança como elementos integradores de uma sociedade com uma matriz cultural expansionista e que implantou o seu carácter de uma forma potencialmente eterna, embora as estratégias para salvaguardar o culto da mortalidade tenham vindo a ser atraiçoadas pelos imponderáveis da chamada civilização.
Esta imagem de 1984 no Cromeleque do Xarez, revela a sua ligação ao promontório onde hoje se situa a beleza da cidadela de Monsaraz, e onde outrora provávelmente se situou o Povoado que comunicava com a razão de ser do recinto megalítico, e é uma paisagem já desaparecida pela mão “técnica” do Homem, por causa do seu conforto e quiçá do futuro daqueles que vivem dos proventos da barragem do Alqueva, cuja construção reimplantou os megalitos numa outra paisagem “próxima” a salvo das águas do lago, no meio da confortável procura de uma consciente desculpa de que o “mesmo” se passou com a barragem de Hassuam.
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