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domingo, maio 31, 2015

Mértola B&W

Quando as sombras de um enfadonho cinzento procuram alcançar o negrume que cobre o céu,
desenham-se vértices de torres imaginárias que desafiam a geometria dos ângulos mortos.




 

sábado, maio 30, 2015

Sebastião Salgado, Fotógrafo de um Mundo que já não o Mundo



CRÓNICA DE UM INTENSO DIA DE UM ALFACINHA POR LISBOA


Hoje, acordei naturalmente ou fui acordado por ele, o relógio, que me fustigou contra a ditadura das regras horárias do descanso. O meu Swatch, não é um companheiro silencioso mesmo pousado na mesa de cabeceira a meio metro do ouvido mais distante, e portanto logo que eu “acorde” é bem audível o seu tic tac, e aquele barulho indicativo da sequência de unidades de tempo que se vão “perdendo” é mesmo incompatível com as regras de um bio ritmo decalcado de um qualquer manual regulador de ditas necessidades básicas. O tempo, com vento ou não, foge, vai-se mesmo esgotando, e se não temos forças, ainda vá lá que nos deixemos escravizar pelas convenções biométricas que comparam homens com bácoros, mas se o descanso se tornou afinal irmão da preguiça, há que procurar, olhar, imaginar saltar, correr, falar e dar resposta ao que o Universo reclama de nós enquanto tivermos conversa para lhe dar. A Terra, é mesmo tão imensa e tão rica de informação, que se um metro quadrado de horizonte com trezentos e sessenta graus de ângulos de visão disponíveis encerra um sem número de seres vivos visíveis e invisíveis, antão devemos conformar-nos com as condições que temos ou não para os apreciar com a maior ou menor das definições que o estado dos nossos cristalinos permita.
Um dia destes, percebi que não só tinha mesmo envelhecido muito, e isto tem o valor que se lhe queira atribuir, pois depende das escalas que aceitemos aplicar, como também esta Cidade onde vivi a maior parte da vida começa a ser difícil de (re)conhecer já que os hábitos(rotinas) que fui criando desestruturaram-me os gestos e agora parece que a estou a ver pela primeira vez. Já não sei de cor a forma de percorrer a Cidade usando os transportes públicos para fazer “longos” percursos, e se os usamos não temos calma para olhar os mapas afixados nos abrigos das paragens de autocarro, porque há painéis que nos informam quantos minutos faltam para a chegada das carreiras que param naquele local, e há que aproveitar logo o próximo, senão ficaremos ali parados a “perder tempo”. Entrei no primeiro que logo chegou, sem bilhete, uma peça já de Museu, mas com a ajuda de uma cartolina verde que encerra um mealheiro virtual e que ilumina uma luzinha verde no dispositivo que impede as borlas pois já não há plataformas com estribos que permitam cabriolices a rapazes traquinas, e percorridas algumas paragens, o condutor aconselhou-me a mudar de carreira pois a distância para o destino que pretendia alcançar ficava “longe”, eram umas três paragens.
Saí na paragem indicada, mas acertei comigo ir a pé, e começou então a caminhada percorrendo e apreciando a “cidade desconhecida”, afinal apenas uma rua onde tantas vezes tinha passado velozmente em cima de qualquer umas quatro, ou mais rodas. Abriram-se os planos circulares do nosso campo visual, que fácilmente transformamos em rectângulos mentais e os procuramos fixar com os formulários binários guardados em silêncio no aparelho digital que me acompanhava. Além do uso da vista, o nariz foi fungando com os pólenes, e o ouvido sujeito a uma nova experiência com os diálogos que ao longo dos passeios se travam entre conhecidos e desconhecidos, ou mesmo meia dúzia de palavras que se escapam pelo vidro aberto de um automóvel debitadas quiçá pelo clima de agressividade que a sociedade actual promove. Mas também o “impropério” entre dentes de um velho sentado num muro que ao passar de um casal de turistas orientais, disse bem alto – “ Oh chinês, já cã não voltas outra vez!”. Durante aquele curto tempo a pé, fui relembrando parte da Cidade, mas acima de tudo, muito do que se foi perdendo em vida e património edificado em boa conservação, seja ele público ou privado em mãos nacionais, à espera dos leiloeiros de ilusões imobiliárias.
Até atingir o Génesis, tropecei em muitas enormes e austeras casas fechadas, e lá chegado, num Torreão de ecoarias estavam relatos de alguém que conseguiu formas de ir onde um número tendente para infinito de seres humanos nunca “irão”, e que nos choca com a realidade de, por exemplo, 2008 em que há gente neste Planeta que o julgam ser o Universo, embora com tantas luzes nos céus em que o Sol é apenas uma mais forte e a Lua é um ser adorado, ou quem sabe um interrogado Deus. Quando mergulhamos num ambiente a preto e branco, e em vez do desejado ambiente de silêncio rodeou-me o barulho brutal das visitas guiadas para a juventude, onde o que fazia falta era uma banda sonora apropriada para amortecer aqueles ruídos que retiravam a capacidade para apreciar o sentido de alguns contrastes entre o preto e alguns dos cinzentos, ainda mais após ter uma hora antes percorrido sósinho, em silêncio absoluto, as salas coloridas pelas pinturas de Josefa de Óbidos que não motivarão o interesse à visita dos jovens, embora Sebastião Salgado pratique uma arte que não estará certamente no futuro próximo ao alcance de nenhum deles.



No regresso, percebi que as carreiras de autocarros não fazem hoje os percursos que as rotinas do passado automatizaram no meu instinto, para serem mais rentáveis vão mais longe, e há uma que me trouxe sentado ao ponto de partida. 
No fim do dia, ao preparar-me para fazer o seu balanço, soube pela web da morte de alguém que conheci bem, que era muito Amigo de alguém do meu círculo restrito de Amizades, e quase “tão velho” como eu, mas que a “lei” não quis dar tempo para ser Avô. Então, senti a importância que tinha sido ter tido um Avô, e as consequências da formação que ele me deu no que havia acabado de aproveitar desde que tinha decidido “acordar”.
Por tudo isto, hoje não podia ficar a ouvir o Swatch martelar no meu ouvido “ecofénico”, e levantei-me para não me esquecer do que aprendi um dia destes, e partilhar os seus ensinamentos, pois é isso que devia acontecer a cada somatório de cada grupo de oitenta e quatro mil e quatrocentos segundos.   

Mértola, B&W

Porque tudo começou afinal a preto e branco, e só quando o fundo do Universo se encheu com o amarelo doirado das explosões solares se criou o arco-íris. A temperatura do começo do dia ainda não criou as paletas onde se misturam os verdes, os azuis e os encarnados, e Mértola acordou com as regras do "Génesis".


 

sexta-feira, maio 29, 2015

Mértola, Festival Islâmico




À morte de uma princesa amirida


A vida das criaturas é penhor do nada. Este Mundo
Que nos une é o da dispersão próxima.

A vida pára um só dia para aproximar os seres
Conserva a eternidade para os separar.



 
 
 
 
 





O Rei possui acaso o mistério da morte?
O Poder afasta o golpe do destino?

Não!Vejo a morte dispersar o que a união agrega
Vestir as colinas de mantos evanescentes.

Aniquilar a vida com uma violência brutal
E ferir as almas com um mal incurável.

Não sabeis que as suas mãos profanam os haréns
Dos Principes e das nobres damas?

Que ela é o mal que arrebata os monarcas enérgicos
De um golpe que atrai a doce consolação?

Que contra ela não há lágrimas nos lamentos
Nem remédio nas lágrimas?

Logro contra ela é o socorro dos suspiros!
Logro contra ela é o socorro do pranto!

Quando é que se expulsa um mal com outro mal?
Quando é que se trata uma dor com outra dor?

Ibne Darrague, poeta nascido em Cacela, séc. XI
In Portugal na Espanha árabe de António Borges Coelho

quinta-feira, maio 28, 2015

Castro Verde, Museu da Lucerna

Há convites irrecusáveis.







Um fim de tarde no interior do Alentejo doirado.
Um fim de tarde com a escrita do Sudoeste...
Um fim de tarde com música ao vivo, cantada e tocada por alunos do Conservatório Regional do Baixo Alentejo.
Um fim de tarde com as Lucernas, a Música e Roma.

Um fim de tarde com alguns, poucos, Amigos.
Um fim de tarde com o sol a desaparecer no pequeno rectrovisor lateral.










A exposição com o tema «Roma, a Música e as Lucernas» surge no contexto do reconhecimento do Cante Alentejano como Património Imaterial da Humanidade, parte integrante da cultura de uma região, da identidade de um povo com um valor cultural a preservar. O Museu da Lucerna vem desta forma homenagear esta conquista dos Alentejanos, e de todos os Portugueses, com uma exposição dedicada à música, valorizando a sua importância na Antiguidade Romana.
Nas fontes clássicas são comuns as narrativas que nos remetem para a presença constante da música em diversos ambientes da vida pública e privada dos Romanos, como nos banquetes, nas festas solenes e cerimónias imperiais, nos espetáculos teatrais, nas corridas de circo, nas lutas de gladiadores, nos rituais religiosos, nos funerais e até no exército e no campo de batalha.
Também na mitologia encontramos várias personagens ligadas a esta temática, como Mercúrio e Apolo, com a invenção da Lira, e a deusa Isis, tocando o seu Sistro para afastar o mal.
O Instrumentarium Romano, de herança grega e etrusca, é muito rico e diversificado. No entanto, os vestígios materiais que chegam até nós são escassos, não se conhecendo, de todo, a composição da música romana. Dentro dos instrumentos de percussão, assinalamos o Címbalo, o Chocalho, o Sistro, os Sinos, os Tímpanos e os Tambores. Nos instrumentos de sopro, destacam-se a Bucina, a Tuba, o Aulos e o Hidraulos e, por fim, nos instrumentos de cordas, a Lira.
O conhecimento que hoje temos destes instrumentos, referidos nas fontes e na mitologia, deve-se em grande parte ao testemunho das representações iconográficas que retratam alguns instrumentos musicais romanos. Surgem representados em lucernas, mosaicos, cerâmica, objetos de bronze, moedas, medalhões, jóias, frescos e esculturas.
Na vasta coleção do Museu da Lucerna, contamos com dois exemplares que representam instrumentos musicais na sua iconografia: uma lucerna, em cujo disco figura um Pan a tocar um aulos (flauta dupla), e uma lucerna onde figuram máscaras teatrais, sob uma das quais se percebe um hidraulos (espécie de órgão que funcionava por pressão da água).
Apresentamos ainda uma lucerna cedida pelo Museu D. Diogo de Sousa, de Braga, onde estão representadas duas figuras humanas numa cena erótica, em que uma toca um hidraulos e a outra parece estar a tocar um instrumento de sopro, interpretado como uma gaita-de-foles.
O canto também era uma expressão musical muito apreciada pelos Romanos nos espetáculos lúdicos e nos rituais de iniciação e purificação. Associado a esta temática, o Museu apresenta exemplares de lucernas com a iconografia alusiva às Sereias, monstros meio mulheres, meio aves de rapina, que possuíam uma voz tão melodiosa que atraía irresistivelmente os marinheiros.
Na exposição podemos ainda apreciar a imagem do mosaico das nove musas, de Torre de Palma, simbolizando a superioridade das artes em detrimento da vida mundana, nas quais se inclui a música e o canto.



 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

 






terça-feira, maio 26, 2015

Mértola, Festival Islâmico


Noite de Festa

 
Bebi vinho enquanto a noite estendida
O seu manto de trevas

Até que a lua se mostrou na constelação de Géminis
Como uma rainha no apogeu da sua pompa e do seu fasto.

Estrelas brilhantes surgiram à porfia para a rodear
Com o seu o seu fulgor completar o dela.

Depois quando a Lua quis caminhar até ao Ocidente
Levantou Orion em cima de si como um doce
E as estrelas avançaram de ambos os lados como batalhões
Que erguiam as Plêiades como bandeira.

Assim sou eu na Terra entre esquadrões e mulheres formosas
Que aliam o explendor com o alto grau.

Se as lorigas dos guerreiros esparzem trevas
Os vasos de vinho das donzelas enchem-nos de claridade.

E se as escravas cantam acompanhando-se com a cítara,
As espadas dos meus donzeis não deixam por isso de cantar
Nos crâneos dos inimigos.

In Portugal na Espanha árabe de António Borges Coelho



Depois de terem decorado o poema, os festeiros deixaram os despojos da noite estendidos pelos muros, e manhã cedo as formigas faziam já repasto no açúcar das bebidas açucaradas e borbulhentas, e passe a publicidade, algum "álcool" esperava pelo sol para se evaporar.
 
 
 
 
 
 

 

Museu Nacional de Arte Antiga



segunda-feira, maio 25, 2015

Mértola, Festival Islâmico


O Festival Islâmico de Mértola, realiza-se de dois em dois anos.



O Festival, com grande vertente popular, estende-se pelas ruas “mouriscas” de Mértola, com os polos habituais para estas realizações, assentando na música, no artesanato e nos petiscos, e prolongou-se madrugada de domingo a dentro. Daqui a dois anos, esperamos ir a Mértola na noite do fim de semana; este ano contentamo-nos em chegar muito cedo no domingo, e olhar os despojos da noite, que os gatos e os trabalhadores camarários procuravam fazer desaparecer rapidamente para o filme recomeçar, ao som do ribombar da música no bar junto ao muro fronteiro ao rio que funcionou toda a noite e onde ainda sol bem nascido se dançava e bebia para desconsolo das habitantes da Cidade que fomos ouvindo reclamando da “noitada”, enquanto também colaboravam na limpeza da rua às suas portas. Espalhados por muitas paredes, belos poemas da ocasião, e entre nós e o céu esteiras e panos protegendo os visitantes do sol.

 
 
 
 








 
 
 
 





 

Chegar muito cedo a Mértola no auge já da Primavera das andorinhas, é encontrar a melhor das luzes para percorrer as ruas, não já totalmente desertas porque havia outras gentes igualmente a chegar para conhecer as ruas que não estavam ocupadas pelo mercado de rua antes da hora marcada para a reabertura do Festival.
 



Pelo meio, um bom bate papo com o Arqueólogo/Historiador Claúdio Torres (Prémio Pessoa) com que bem cedo me cruzei na rua, e me convidou para uma recepção que ia fazer no Centro de Estudos Islâmicos a um grupo de gente do Norte, que acolhemos como bons “Mouros” que nos prezamos.

 





Mértola, e os seus mil habitantes, acolhem cada vez melhor quem procura a finura do seu recorte urbano em evolução contínua, e como principal centro mundial do conhecimento e musealização da cerâmica Islâmica vai expandindo os frutos do trabalho dos seus investigadores residentes.
 
 
 

Deixar Mértola, deixar o Guadiana, é interromper uma visita para logo voltar noutro dia, noutra hora, noutra estação, para encontrar outra luz, e experimentar a proximidade dos mesmos planos.


 



Museu Nacional de Arte Antiga



domingo, maio 24, 2015

O Azulejo Português candidato a Património da Humanidade

Ao acaso por Lisboa, a caminho do MNAA

 
 
 
 
 

 
 
 
 
 

 
 
 
 
 

 

Museu Nacional de Arte Antiga



sábado, maio 23, 2015

Dia 23 de Maio, Dia de Festa

Procuram-se ambientes em extinção para percorrer o olhar com uma Lente Verde, perdemos-nos nos trilhos da Serra de Vaqueiros mal sinalizados, e como pedir uma informação aos seus habitantes é receber como resposta “não tem que enganar, vai em frente e…” acabamos por errar, pisar o travão por causa de rectângulos luminosos imaginários, e de repente aparece um conjunto de habitações aparentemente deixadas para trás pelos ventos da revolução nas mentalidades evolucionistas. 
 




Encurtada a distância passo a passo, confirmado o abandono colectivo, para compreender a razão do conjunto, é correr a apostar na aproximação aos planos interiores, e quando logo se entra na primeira divisão de uma casa abandonada, e mesmo que já sem portas, onde a permissão para penetrar não precisa de cartaz, e muito menos está formalmente proibida, é como pisar o “plateau” da realização de um filme de Fellini interrompido por falta de fundos do produtor para o continuar com os velhos cenários mas sem o mobiliário da época. Faltam portanto milhões de fotogramas desde que a última porta terá sido deliberadamente fechada, e faltam todas as explicações para que isso tenha acontecido. O que é certo é constatar um abandono semi organizado, ou como acontece nas sociedades modernas pseudo-abastadas, foi o deixar para trás tudo o que foi considerado menos importante num lugar em que as empresas de transportes não actuavam por ausência de sentido, ou de mercado, como agora se diz.







Quem tem a presunção de guardar à vista um significativo conhecimento de parte do sobresolo de um enorme Povoado do Calcolítico hoje “ocupado” por umas poucas dezenas de pequenas propriedades com diversificadas culturas espalhadas por um recticulado de proprietários bem delimitados, não pode deixar de encontrar neste “Monte” de Silveiras significativos paralelismos com os requisitos gregários há cinco milénios de distância. É evidente que a minha interpretação subjectiva constituída a partir de testemunhos materiais que foram aflorando à superfície de Porto Torrão, indiciando as zonas de aglutinação habitacional e as de exploração agrícola e pecuária, não passa de isso mesmo, um olhar íntimo para um vasto “território” e decalcar à sorte para a Serra de Vaqueiros os mesmos raciocínios sobre a organização dos espaços para explorar os recursos e elaborar metodologias de sobrevivência, até porque o tempo da ocupação total de Porto Torrão não deve ter sido muito distante da idade de Portugal como País soberano. Porém, sobre Porto Torrão, verdadeiramente não sabemos nada; quantos eram os seus habitantes permanentes, que factores adversos humanos enfrentaram, como e em quantas cabanas viviam, quais eram os seus costumes alimentares, que abrangência de espécies compreendia a sua actividade agrícola e pecuária. Para “piorar as coisas”, descobriu-se no último decénio que o Povoado “assenta” sobre uma ou mais estruturas complexas de fossos, cuja função persiste incompreendida.
Em Silveiras, o “território” é bem mais explícito porque até muito diferente na irregularidade e aridez dos afloramentos de xisto, pois o urbanismo está aglutinado e as parcelas cultivadas estão bem delimitadas por muros de pedra solta que não apenas demarcavam a propriedade mas também a protegiam das traquinices dos animais domesticados mas saltitantes. As paredes partilhadas pelas casas contíguas “podem“ corresponder às exigências de alguma segurança que por exemplo as muralhas e os torriões da muralha fortificada do Castelo Calcolítico de Santa Justa, ali tão perto, ofereceram aos seus habitantes. Se alguém não “plantou” por aqui alguns factores despistantes, ainda podemos avaliar nos escolhos as escolhas espirituosas do consumo alcoólico dos seus habitantes, e talvez que com um pouco de sorte e empenho, venhamos a conhecer dados sobre a sua ocupação e organização familiares.
Sem respostas, ainda, para as interrogações que o primeiro contacto que um ambiente destes provocam, começo pelos aspectos descritivos mais marcantes, a começar pela “planta” retirada do Google Earth, da qual parti para a minha própria imagem “legendada” com um princípio por confirmar de que existiriam 4 Famílias residentes, a partir dos número de fornos ainda descortináveis no local, sempre exteriores embora “agarrados” às habitações.
 
 
 
 


O abandono patrimonial, é sempre um prejuízo para a sociedade, seja porque o território se despovoa e a ilusão do emprego florescente no litoral só é cada vez mais evidente na desilusão com os resultados, seja porque a história não se refaz sem papel e lápis por onde fiquem as explicações para os sucessos e as frustrações, seja porque estes patrimónios jamais se reconstruirão, mesmo nas versões mais lúdicas, e no fundo muito abstractas, da moda turístico-rural.
Apesar de tudo, Silveiras é ponto de passagem de um dos muitos percursos pedestres que a Câmara de Alcoutim foi implementando em várias áreas do Concelho e do ponto de vista museológico no pior sentido, o local está a fazer parte dos promontórios com páginas dedicadas apenas a “lugares de culto”; será um bom engano prever que jamais alguém fará por Silveira mais do que assinalar a sua toponímia no Google.
Em Silveiras, apenas não encontrámos, um poço ou cisterna, se é que existiram, até porque o tempo e a duração da bateria fotográfica não permitiram, mas a convicção final mais forte com que ficamos é de um dos ninhos onde nidificou uma arquitectura que chamaremos de implantação paisagista, e em tempo explicaremos porquê.
As mais próximas das próximas sequências terão a sua legendagem tão fiel quanto for possível, até regressar à desconstrução dos detalhes e aprofundar o potencial imaginário desta parcela de paisagem da Serra que de um lado cheira a Alentejo quando o vento está norte e do outro tem a profundidade de horizonte que o oceano nos atalha. Se devemos considerar a Serra de Vaqueiros como um vasto espaço com marcada identidade, as imagens que dali retiraremos serão todas iguais mas todas bem diferentes, e a sua escolha inevitável resultará apenas de um processo de (des)gosto pessoal. 

Este primeiro esboço de texto
sobre Silveiras, escrito no Português que aprendi,
 fica hoje aqui como mais uma modesta prenda de anos para uma das minhas Netas.
 



sexta-feira, maio 22, 2015

Setúbal, imagens de rua

Setúbal, três imagens muito rápidas do Mercado.

 
 
 
 
 

 
 
 
 
 
 

 

quinta-feira, maio 21, 2015

Lisboa, imagens de rua

Lisboa, das ruelas estreitas e das paredes riscadas pelos modos do antiurbanismo.



 
 
 
 
 
 


 

quarta-feira, maio 20, 2015

Lisboa, Museu dos Coches

Num dos próximos dias, para nós também um dia de Festa íntima, este moderno espaço vai mostrar ao Mundo uma das mais belas colecções de Coches, depois de muitas batalhas pela sua abertura, fundada na reclamação da sua antiga morada pelo espírito menor do "actual proprietário" 
 
 
 

terça-feira, maio 19, 2015

A intimidade com as objectivas

A frente, e o verso, da mesma forte imagem patrimonial.

 
 
 
 
 

 

segunda-feira, maio 18, 2015