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quinta-feira, outubro 13, 2011

Portugal como vai

Transcrevo a minha reacção ao Orçamento de Estado do Ministro Gaspar, cantado aos portugueses pelo Pinóquio oculista, que publiquei faz uns instantes no Face.


Gosta-se de Picasso porque sim, não se gosta de Andy Worll porque não; são respostas do espírito, à irracionalidade da diferenciação mental.
Já as opções políticas no domínio da economia não são resultado de nenhuma irracionalidade, ou não deveriam ser, mas as consequências da sua estupidez cercam-nos cada dia que passa!
Desde a revolução industrial, para não irmos mais atrás ao Império Greco-Romano, que se assistiram a múltiplas alterações no desenvolvimento económico Mundial, assimétricas na sua geografia, mas marcadamente ideológicas, sem que nas mais antigas propostas se tratasse de experimentação no sentido restrito da palavra, mas da procura voluntarista de soluções para a harmonização social.
Atravessamos agora uma fase que gostaríamos não passasse de um laboratório ideológico, com os Liberais-Jesuítas a teimarem numa cartilha que demonstra dia a dia estar afastada dos propósitos que os “Dirigentes” Europeus dizem querer alcançar. Em Portugal assiste-se ao pior do mesmo, isto é, Liberalismo-Jesuita, para mais mercado desregulado, apelos lacinantes por mais iniciativa privada produtiva (onde está?), mais despedimentos, menos serviços públicos, obcessão pelo crescimento exponencial quando a recessão ameaça contagiar mesmo os nossos mercados exportadores.
Repetindo-me com um simples exercício à volta de um sector de actividade, lembro que Portugal tem habitações a mais, pelo que considerando que a natalidade vem deminuindo não é possível alavancar o sector da construção civil e as indústrias acessórias, para responder a necessidades internas, a não ser para satisfazer a estupidez de um lunático descabelado que diz querer atrair os reformados dos Países do Norte da Europa para virem morar no Algarve sem pagarem impostos, o que é cada vez mais improvável dadas as diferenças organizacionais, civilizacionais e ambientais a que estão habituados, e de que não prescindem. Mas, há toda a vantagem em passar a satisfazer a procura imobiliária através da recuperação do património já edificado, ocupando as centenas de milhar de fogos inabitados, e repovoando-os alterando o paradigma de que casa nova e sem todos os electrodomésticos, lareira, aquecimento central, ar condicionado e banheiras de jacuzi incluídas no preço final não é digno para começar uma vida solitária. O que vale para o aproveitamento dos recursos existentes e polarização de emprego à sua volta no parque imobiliário, devia valer para todos os sectores em que a procura interna possa encontrar resposta em produção instalada mesmo que de momento desactivada. É que deixe-mo-nos de ilusões, as pequenas unidades industriais que se instalaram em Portugal para beneficiarem da exploração de mão de obra barata já partiram para outras paragens que permitam um produto acabado final mais barato, e jamais vão regressar.
Por outro lado, desde o 25 de Abril, e em especial depois da adesão de Portugal à UE e ao Euro, que os Portugueses acharam ter direito a tudo aquilo que as chamadas classes médias altas Europeias conquistaram, em resultado de processos de desenvolvimento no ambiente Democrático do pós guerra. A este propósito, não esqueço uma conversa que tive em Serpa há cerca de um ano com um taxista local, a quem me dirigi para me informar sobre o caminho que me conduzisse a um determinado moínho do Guadiana. Dizia-me ele que já há muito que não lhe apareciam pessoas para que ele as levasse aos moinhos do Guadiana, e que agora até isso já não era possível, pois tinha deixado de haver carros normais, “todo terreno”, e agora com o carrinho dele de chassis baixo não se metia nessas aventuras, e até já nem fazia serviços para os muitos Montes onde os caminhos eram de terra batida, o que era inaceitável do ponto de vista dele!...E, lá me explicou ter estado como emigrante na Suiça, e que lá qualquer casa por mais longe ou de difícil acesso tinha uma estrada alcatroada até à porta, e em Portugal com os elevados impostos que se pagam, ele entendia que deveria ser igual. De qualquer forma, descobriu-se agora que na Madeira é assim!
Gostava de ser capaz de fazer um exercício económico àcerca do resultado da evolução ao longo de três decénios a partir de 1980, dos custos de bem estar e dos benefícios para a economia Nacional gerados pela evolução natural de uma família da nossa classe média, que se constituia, e paulatinamente ia enchendo a sua casa com bens de consumo duradouro a maioria made in Portugal e Europa, a fim de ser comparado com as consequências para a economia das práticas de hoje, em que meia dúzia de carrinhos do IKEA recheiam os novos lares por um ou dois decénios. Claro que este exercício, teria de se concluir pelo apuramento numérico de todos os impostos que a tal família tipo teria deixado na economia, e que foram incidindo sobre a maioria dos bens de consumo corrente que hoje se custarem mais de 1,99€ já são considerados caros.
Concluído o apuramento deste resultado, bem gostaria que os mais “ilustres” e mediáticos Macro Economistas do País actuando no mercado da Situação, me explicassem com detalhe os sectores de actividade onde verdadeiramente há hipóteses para que o País crie riqueza, e o que são as “políticas activas de emprego” que acompanham as “reformas estruturais” ditas em curso, que vão alterar as prespectivas de crescimento do País.


PS - Esta reflexão, foi dedicada a um Amigo que ontem perdi, e que gostaria de ter podido ler isto.

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