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quarta-feira, outubro 05, 2011

5 de Outubro


Um dia, com múltiplos e significativos marcos na minha existência.

Desde criança, manhã cedo rua fora, de mão dada com meu Avô AS, para apanharmos o eléctrico que nos levava aos dois a assistir às comemorações da implantação da República, e decerto também podia ter partilhado a outra mão Republicana do meu Avô AC, não fora ele ter falecido prematuramente e eu nunca o ter conhecido. Neste dia, em nossa casa ao almoço estendia-se a bandeira Nacional no meio da mesa, o que fazia com que o meu Tio RS não acompanhasse essas nossas refeições, por ser Monárquico e não querer desrespeitar o Pai com os seus habituais comentários anti-Republicanos e ouvir de imediato as consequentes respostas.

A República - Autor, António Ramalho

República, que para Guerra Junqueiro, ... Partimos algemas, expulsámos verdugos, destruímos cárceres.Não basta! É necessário erguer, ordenar, edificar. Creêmos juntos, no trabalho comum a Pátria Nova...Creêmos uma Pátria ideal, vestida de verdade, armada de direito, fulgente de sonho e de belêza. Uma pátria materna e carinhosa que ensine os ignorantes, ajude os que trabalham, ameigue os que sofrem, bendiga os heróis e deixe entrar no coração candidamente, a voz alada e luminosa dos passarinhos e dos poetas...; forte para que a respeitem e siga livre, óvante com denôdo, no caminho do bem e do trabalho. A espingarda defenderá a charrua, e a bôca negra do canhão o peito alvo da justiça. Qundo a arma que mata defende a liberdade, os santos choram mas não acusam, porque então a arma de morte creou amôr e gerou vida!

Muitos anos depois, o dia do pedido de namoro decisivo para a Felicidade da minha vida, e cujo regozijo se materializou numa tentativa de inventar as palavras que o pretendiam traduzir, e às quais foi atribuído o merecimento de serem publicadas no Diário de Lisboa Juvenil. 


Poema, cujo título foi o ícone de muitos diálogos comuns das nossas criações artísticas até ao casamento, e este por impedimentos das minhas obrigações militares não pode ocorrer no dia 5 de Outubro, como tanto desejávamos.


Um encontro com um pisco nos jardins do Museu Gulbenkian, que se encontrava caído no chão junto a umas escadas, exausto e faminto da sua provável migração do Norte da Europa, que conseguimos que sobrevivesse, e o qual baptizámos com o nome de 5 de Outubro.


E, tantos outros feitos e delitos, que ficam para contar quando os alinhar bem na minha memória.



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