Pelo meio deste caminho, começaram a surgir as máquinas miniatura, que usavam cassetes Ilford de filme 16 mm, negativos a preto e branco ou a cores, e também diapositivos, e uma Minolta destas, preencheu muitos momentos da nossa vida e entretanto ficou à guarda do meu filho. Ainda era a época dos flashes com lâmpada, cada uma iluminando apenas um disparo.
Não consigo datar com rigôr o passo seguinte, que se iniciou em meados dos anos setenta com a generosa oferta pelo LA, primo da minha Mulher, de uma objectiva Cannon de 135 mm com que ele tinha ficado sem função, numa troca de marca de equipamento, o que me levou a adquirir o corpo da mesma marca a que o meu bolso tinha acesso, uma FTb.
Durante anos, o meu cérebro programou-se para o enquadramento proporcionado por aquela objectiva, uma chamada meia-tele, que fotografou quase tudo no meu período aureo de poucos erros de paralaxe, até que numa viagem a Ceuta adquiri uma objectiva zoom 35-70 mm e iniciei o descobrimento das distâncias focais infinitas entre aqueles dois limites, e as consequentes distorções abaixo dos 50 mm. A partir daí, caminhei por milhares de fotogramas que a ocasião e os escudos me permitiam impressionar, a esmagadora maioria deles em película positiva a cores.
Num Mundo de transformações avassaladoras, o mercado emergente criado pelo progresso económico, proporcionou o aparecimento de uma feroz concorrência Japonesa ao poder quase Monopolista da KodaK Americana, embora esta não tivesse mesmo rivais em certos nichos do Mercado e a sua imagem amarelo, preto e vermelho ficará para sempre associada ao que de melhor se produziu na Fotografia e no Cinema.
A escolha de uma marca de película fosse de que natureza fosse, era quase sempre o passo decisivo para o ambiente onde decorreria a impressão das imagens, embora o resultado final ainda pudesse em certas circunstâncias levar uns “toques” nos laboratórios de revelação não automatizados, e até alguns artistas eram capazes de retocar negativos com pincel utilizando a tinta especial da Pelikan uma das marcas mais amigas e companheira de todos os artistas plásticos.
Embora tenha dúvidas se alguma vez tenho coragem de gastar a meia dúzia de rolos de 35 mm que conservo religiosamente no frigorífico, acho que ainda vale a pena ter a ilusão de que posso vir a impressionar aquelas películas, mas mau grado se no caso dos slides a preto e branco a revelação seja ainda possível na Europa, já os slides infrared da Kodak que ainda ostenta na caixa o preço (10.000 liras), ninguém por cá sabe para onde os mandar revelar, e talvez acabem mesmo por se tornar uma singela antiguidade.
Agora, realizo que tive até hoje quase tantos automóveis como máquinas fotográficas, mau grado o imenso prazer que estas me proporcionaram e ainda proporcionam, e como elas foram para mim importantes na procura de fazer uma parte da história da minha Família através das imagens, e foram pretextos para descobrir cantos e recantos que não teria visto sem a sua exigente demanda, sem poder esquecer que as quatro rodas também as tenham transportado e a mim a muitos horizontes de difícil acesso, donde só se regressava, escondido já o sol dos Verões quentes no Alentejo.
1975 - Vila Verde de Ficalho, Ribeira do Chança, limite fronteiriço com Espanha
1985 . Aldeia Nova de S. Bento
Imagens que os rigôres do tempo exercidos sobre as emulsões e muita revelação em banhos “públicos”, já não permitem fazer reviver na temperatura de côr com que nasceram, e muitas delas sabe agora muito bem apreciar apenas a preto e branco, se calhar a paleta de brancos, pretos e cinzentos com que podiam ter logo nascido.
1976 – Vila Verde de Ficalho
1981 – Vila Verde de Ficalho
1980 – Vila Verde de Ficalho
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