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sábado, outubro 08, 2011

A pesca do polvo em Tavira

Na pesca do polvo, tal como em tantas outras actividades, alguns dos processos centenários vão sendo “vítimas” de uma determinante e exigente apreciação das relações custo benefício.


Depois dos alcatruzes de barro feitos nas rodas de oleiro, surgiram as réplicas da era do plástico, e em Santa Luzia ainda no tempo do Escudo a Junta de Freguesia local até mandou fazer um molde do formato tradicional que terá custado cerca de 800 contos, e de que ainda existem alguns exemplares, mas que progressivamente foi abandonado, vindo a emergir no mercado global a forma de umas “garrafas” alongadas, e que perdidas no mar dão à costa, ficando na areia a bronzerar-se,


enquanto outras, alinhadas como numa parada militar aguardam a oportunidade de mostrarem no mar a sua eficácia.


Mas, a mais rica das imagens, é a que permite apreciarmos um bom e diversificado conjunto de artes de pesca; alcatruzes de barro e de plástico, das duas formas ainda existentes, um arrasto para apanhar berbigão e várias murjonas de tamanhos diversos feitas com arame, destinadas à pesca de peixe pequeno.


Para além do seu fabrico local por pescadores que já não vão ao mar, o que se traduz em independência externa, os covos de rede plástica com duas ou três meias “luas” de ferro dobrado com precisão, são mais duradoros dos que os tradicionais alcatruzes de barro e de plástico, mas embora menos compactos do que estes, também dão à costa, e correm o risco de apodrecer nas dunas.


Estes covos, são costurados com fio de nylon, e na parte superior, é feito no final uma manga para o polvo entrar, com a extremidade flexível virada para o meio que se abre quando o animal força a entrada com a cabeça e de onde já não consegue depois sair. Ao lado do orifício para a captura do polvo é cozido também um copo com tampa onde é colocado o isco, geralmente cavala e na falta desta, sardinha, e no interior é fixado um bocado de plástico ou metal brilhante para que com a incidência da luz sirva também para despertar a atenção dos peixes para aquela viagem de um só sentido.

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