Não há jornalista de telejornal que não use a toda a hora a linguagem já gasta dos Agentes da “ciência financeira”, portadores iluminados de uma sapiência inabalável, mas que até agora não aportou nenhum contributo mínimo para ajudar a solucionar a crise financeira Mundial, e por vezes até perturbam a sua compreensão.
Lembro-me bem quem eram há 40 anos os “gestores” das “ salas de mercados” e como tudo se passava. Uma simples folha A4 em cima de uma secretária, onde se anotavam as ordens de compra e de venda, e não havia senão notícias no dia seguinte do que tinha acontecido na Bolsa do dia. Nessas alturas, só se podia vender aquilo que se detinha, e claro, depositado numa carteira de títulos gerida por uma entidade habilitada, e o comportamento bolsista embora de tendência especulativa não era influenciado ao segundo pelo que se passava em qualquer outra Bolsa deste ou de outro Continente, ou por especulações de Agências Financeiras ou de Jornais sensacionalistas.
Mas nestes tais “mercados” que tudo decidem, quem são afinal os “investidores” que hoje acreditam nisto e amanhã naquilo? Sim, que “gente” anónima é essa? Será mesmo que essa gente existe? Ou estaremos perante uma enorme máquina especulativa residente nos Bancos, nas Agências e Corretoras que quanto mais facturarem mais lucram pois a sua comissão de intervenção é uma taxa que se subtrai tanto na compra como na venda nada importando para eles as consequências do resultado final, com os Fundos de Investimento escutando ansiosos como aves de rapina, pois “gerem” astronómicas verbas dos Fundos de Pensões Mundiais e das Dívidas Soberanas. A tudo isto, os Governantes da EU fecham os olhos, pois também são decerto “investidores” interessados na bagunça especulativa, cada um a seu modo.
Viver acima das nossas posses, é pois ligar em todos os Noticiários para uma qualquer “Sala de Mercados” para ver e ouvir um jornalista estagiário falar daquilo que não sabe, tendo por fundo dezenas de monitores de imagem cheios de números, gráficos e côres, que julgam emprestar credibilidade à linguagem estereotipada, do isto, porque o índice x subiu, o peróleo parece ir subir, porque algures vai haver um ciclone, e o Senhor Z fala amanhã, aliás também sobre aquilo de que normalmente não sabe.
Todos estes fenómenos vão decorrendo, como se a economia real vivesse da opinião das especulações tendenciosas de “professores” de Faculdades de vão de escada, que produzem Doutores em Comunicação Social, para andarem de microfone atrás das “vedetas” analfabetas dos Programas televisivos que exploram a chamada “vida real”!
Mas, afinal que “vida real” é esta onde nos querem atolar?
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