Braçal de Arqueiro em ouro – Viana do Castelo – Idade do Bronze Inicial, Colecção MNA
O tal, tempo real, de que se fala quando se caracteriza o conhecimento dos acontecimentos ocorridos em qualquer parte do Mundo, associa-se muitas vezes às consequências económicas instantâneas para a Europa de um “espirro” do outro lado do Atlântico, embora alguns esguichos de petróleo produzam piores efeitos. Fala-se agora muito de velocidades, de altas velocidades e até, ao mesmo tempo da necessidade de lhe fixar limites. Temos a impressão de que podemos destinguir no Mundo, conjuntos de Países classificados em três ou quatro velocidades de desenvolvimento, ou se quizermos, de diversas filosofias de vida. Nos parlatórios Europeus, fala-se muito de “pelotões”, das duas velocidades e da injustiça que isso representa para os Povos em que o crescimento das economias dos seus Países se comportam de forma desigual no que respeita à sua métrica. E, também preocupa ainda muita gente a existência de Povos vítimas de colonização por Países, Pessoas e Empresas, que têm por confessado objectivo extrair vantagem absoluta dos seus recursos naturais.
Mas será que não foi sempre assim?
Mas será que não foi sempre assim?
Quando se noticia a reanimação de algumas Minas de Ouro existentes em Portugal, já há algum tempo inactivas, com a exploração entregue a Empresas Estrangeiras, que vêem aproveitar a oportunidade aberta pelo aumento progressivo do preço do mais apreciado dos metais desde a antiguidade, estamos perante uma reedição do “saque” dos nossos recursos naturais pela parte de gentes de outros Países, embora desta vez sem necessidade da ocupação armada do território. No 2º quartel do III Milénio (cerca de 2.500 AC), grande parte dos afloramentos minerais e das areias auríferas fluviais existentes em especial no Sul do nosso território, foram progressivamente explorados por agentes provenientes do Egeu, que desembarcaram nas nossas costas com esse único propósito, trazendo na bagagem manuais de metalurgia, criando portanto um período de tempo com populações autóctones a viverem a uma velocidade e invasores a viver noutra velocidade.
Bracelete em ouro – Herdade do Álamo, Beja – Idade do Bronze Final, Colecção MNA
Por ironia do destino, tudo nos pode levar à conclusão de que o Mundo é de facto muito perverso quando os Portugueses têm vindo a ajudar recentemente os Gregos por estes estarem em maiores dificuldades financeiras do que o nosso País, e este segundo se diz até ainda guarda no Banco Central importantes reservas de ouro. Julga-se que naquele período da pré-história, as contaminações civilizacionais acabavam por deixar sempre novas diferenciações entre os autóctones, ou como dizem alguns autores, estratificações sociais, algumas delas semelhantes às de hoje, como se pode exemplificar pela introdução do primeiro aproveitamento da tracção animal, das quatro rodas e dos arados, que terão constituído uma vantagem para o PIB dos seus proprietários.
Não estou a fazer ficção; no Santuário exterior do Escoural, no Distrito de Évora, entre outras gravuras rigorosamente datadas, estão representados um carro quadrangular, um arado e um bucrâneo, o que demonstra o recurso à tracção animal na exploração agrícola em tempo tão recuado, num Território cujo clima e recursos naturais eram bem diferentes dos disponíveis no Século XX, mas cujo nível de produtividade, observada a devida escala, não desmerecia comparação ao Mundo “desenvolvido” actual.
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