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domingo, agosto 21, 2011

O despertar da intimidade com as objectivas (III)


A impressão das imagens, nos rectângulos agora baços mas outrora brilhantes, que os antigos albuns de fotografias guardavam, devia-se na maior parte dos casos à tecnologia Francesa que produzia na origem muitos desses suportes, e que chegavam até nós já com o timbre dos salões de “Photographia” Portugueses, algumas vezes até com a impressão na própria língua francesa.

 





































Essas fotografias apresentadas num suporte rígido, constituiam só por si peças de arte capazes de serem expostas nas prateleiras dos louceiros ou em cima das mesas das salas de estar, encostadas aos castiçais de prata. Muitas dessas imagens, devem ter demorado eternidades até que os pacientes fotógrafos que iam enfiando vezes sem conta a cabeça dentro de uma manga de flanela preta conseguissem encontrar o momento de disparo na pose certa e na melhor das imobilidades dos seus clientes, postados diante deles à frente de cenários que recriavam ambientes caseiros ou de ar livre, e que viam de cabeça para baixo através da objectiva na frente daquelas câmaras claras. Essas fascinantes novidades, eram depois oferecidas com dedicatórias a familiares e amigos e muitas ainda mantêm invejável nitidez graças à qualidade dos reveladores e dos fixadores dessas primeiras emulções fotográficas e ao respeito nas regras da sua utilização por parte dos técnicos de laboratório.


Os criadores de todos os factores técnicos e a criatividade humana que permitiram, construir imagens com mais de um século, e legarem-nos este património, merecem um lugar cimeiro de elogio, e também que partilhemos a sorte de nos ter sido oferecido um desses velhos albuns de uma Família que não conhecemos, e que demonstra expoentes da plasticidade desta arte nos seus primórdios, e a beleza dos seus suportes.









































Passado mais de um século sobre o nascimento destas impressões, queremos poder acreditar que os diferentes suportes onde hoje guardamos as imagens digitais serão tão fiáveis, como era a convicção desses primeiros fotógrafos, que se comprometeram ingénuamente com a garantia de eternidade para os seus trabalhos, arriscando o indefinidamente como marca das suas fotografias.




" Os clichés são conservados indefinidamente"!


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