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quarta-feira, julho 20, 2011

A força de um dedo


Como diria um Amigo meu, uma fantástica experiência “tardia”, demonstrou-me hoje expontâneamente que até um objecto flutuante com cerca de 10 Toneladas de Tara, pôde ser movimentado, a partir de um ponto fixo do passadiço de um cais, apenas com a força de um dedo meu, depois de primeiro me ter simplesmente encostado à embarcação aqui retratada para encontrar um melhor enquadramento de um horizonte próximo. Foi a demonstração inesperada e prática das mais velhas imagens que muitos de nós Alfacinhas guardamos acerca dos preparativos para a acostagem dos velhos barcos de passageiros que cruzavam o Tejo a toda a hora, e a que se chamavam cacilheiros por nos levarem principalmente até Cacilhas. A acostagem dos cacilheiros era uma tarefa que requeria muita perícia e a intervenção de marinheiros de bordo que atiravam para o cais, quer da popa quer da proa, grossas cordas de cisal com um grande laço na ponta para serem enfiadas nas enormes amarrações cilindricas em ferro, com uma gola enviesada na parte superior, ao mesmo tempo que do cais eram efectuadas operações de sentido inverso por um operador de cais. Normalmente, três homens tinham força para afastar ou aproximar aquela massa bruta enorme, tal como eu fiz com este barco para a pesca do polvo. Depois, os passageiros esperavam pacientemente, ao som do ranger da corda no metal, e do barulho esforçado do motor, que no cais e a bordo fossem aliviadas e enroladas as cordas, tantas vezes as que fosse necessário, para que o barco ficasse imóvel e tão próximo do cais quanto possível, e já com os motores parados, se estendiam as tábuas por onde se fazia a entrada e a saída dos passageiros, ajudados sempre por um marinheiro, o qual com um pé no cais e outro na tábua ou na embarcação lhes segurava no braço até sentir que haviam ficado com os dois pés perfeitamente assentes e os corpos equilibrados. O barco, esse sempre continuava a balouçar de encontro à amurada do cais esmagando os enormes pneus de borracha que suspendidos protegiam o casco da dureza das esquinas dos pontões de ferro.

Em Santa Luzia, nos barcos que estabelecem a ligação com a praia da Terra Estreita, dois marinheiros sendo um deles o “maquinista” asseguram agora, a partir do próprio barco, todas as diligências de acostagem aos cais, feitas num minuto, 

e para aceder ao barco, passadiços com protecções laterais garantem a segurança e a autonomia do movimento dos passageiros de entrada e saída da embarcação.

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