À morte de uma princesa amirida
A vida das criaturas é penhor do nada. Este Mundo
Que nos une é o da dispersão próxima.
A vida pára um só dia para aproximar os seres
Conserva a eternidade para os separar.
O Rei possui acaso o mistério da morte?
O Poder afasta o golpe do destino?
Não!Vejo a morte dispersar o que a união agrega
Vestir as colinas de mantos evanescentes.
Aniquilar a vida com uma violência brutal
E ferir as almas com um mal incurável.
Não sabeis que as suas mãos profanam os haréns
Dos Principes e das nobres damas?
Que ela é o mal que arrebata os monarcas enérgicos
De um golpe que atrai a doce consolação?
Que contra ela não há lágrimas nos lamentos
Nem remédio nas lágrimas?
Logro contra ela é o socorro dos suspiros!
Logro contra ela é o socorro do pranto!
Quando é que se expulsa um mal com outro mal?
Quando é que se trata uma dor com outra dor?
Ibne Darrague, poeta nascido em Cacela, séc. XI
In Portugal na Espanha árabe de António Borges Coelho
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