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sexta-feira, maio 29, 2015

Mértola, Festival Islâmico




À morte de uma princesa amirida


A vida das criaturas é penhor do nada. Este Mundo
Que nos une é o da dispersão próxima.

A vida pára um só dia para aproximar os seres
Conserva a eternidade para os separar.



 
 
 
 
 





O Rei possui acaso o mistério da morte?
O Poder afasta o golpe do destino?

Não!Vejo a morte dispersar o que a união agrega
Vestir as colinas de mantos evanescentes.

Aniquilar a vida com uma violência brutal
E ferir as almas com um mal incurável.

Não sabeis que as suas mãos profanam os haréns
Dos Principes e das nobres damas?

Que ela é o mal que arrebata os monarcas enérgicos
De um golpe que atrai a doce consolação?

Que contra ela não há lágrimas nos lamentos
Nem remédio nas lágrimas?

Logro contra ela é o socorro dos suspiros!
Logro contra ela é o socorro do pranto!

Quando é que se expulsa um mal com outro mal?
Quando é que se trata uma dor com outra dor?

Ibne Darrague, poeta nascido em Cacela, séc. XI
In Portugal na Espanha árabe de António Borges Coelho

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