O Festival Islâmico de Mértola, realiza-se de dois em dois anos.
O Festival, com grande vertente popular, estende-se pelas ruas “mouriscas” de Mértola, com os polos habituais para estas realizações, assentando na música, no artesanato e nos petiscos, e prolongou-se madrugada de domingo a dentro. Daqui a dois anos, esperamos ir a Mértola na noite do fim de semana; este ano contentamo-nos em chegar muito cedo no domingo, e olhar os despojos da noite, que os gatos e os trabalhadores camarários procuravam fazer desaparecer rapidamente para o filme recomeçar, ao som do ribombar da música no bar junto ao muro fronteiro ao rio que funcionou toda a noite e onde ainda sol bem nascido se dançava e bebia para desconsolo das habitantes da Cidade que fomos ouvindo reclamando da “noitada”, enquanto também colaboravam na limpeza da rua às suas portas. Espalhados por muitas paredes, belos poemas da ocasião, e entre nós e o céu esteiras e panos protegendo os visitantes do sol.
Chegar muito cedo a Mértola no auge já da Primavera das andorinhas, é encontrar a melhor das luzes para percorrer as ruas, não já totalmente desertas porque havia outras gentes igualmente a chegar para conhecer as ruas que não estavam ocupadas pelo mercado de rua antes da hora marcada para a reabertura do Festival.
Pelo meio, um bom bate papo com o Arqueólogo/Historiador Claúdio Torres (Prémio Pessoa) com que bem cedo me cruzei na rua, e me convidou para uma recepção que ia fazer no Centro de Estudos Islâmicos a um grupo de gente do Norte, que acolhemos como bons “Mouros” que nos prezamos.
Mértola, e os seus mil habitantes, acolhem cada vez melhor quem procura a finura do seu recorte urbano em evolução contínua, e como principal centro mundial do conhecimento e musealização da cerâmica Islâmica vai expandindo os frutos do trabalho dos seus investigadores residentes.
Deixar Mértola, deixar o Guadiana, é interromper uma visita para logo voltar noutro dia, noutra hora, noutra estação, para encontrar outra luz, e experimentar a proximidade dos mesmos planos.
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