E

sábado, novembro 15, 2014

SIENA




Foi à luz que chega ao entardecer depois de passar por uma rua coberta, que me encontrei na praça e avistei a Torre del Mangia, que parecia ter sido atirada para as estrelas no céu noturno como um foguete.
Depois de ter visto a Mangia, todas as outras torres, obeliscos e colunas parecem minúsculos, vulgares e amarrados ao chão; esta torre, em vez disso, parece desprender-se do solo e tem mais o aspecto de um pássaro do que um monumento. A lua nova, no início de sua jornada, lançou um olhar por trás das muralhas do Pallazo Pubblico, a partir do qual a torre se eleva sobre as fachadas dos palácios antigos que perto do vasto espaço semicircular na frente dele, e da sua prata vigas lambeu a água da fonte mais bonita do mundo, cujo escuras e silenciosas estátuas e baixos-relevos cercam a bacia.
Havia lojas na parte inferior de alguns palácios e lâmpadas ao redor da praça; mas parecia que não havia ninguém lá, exceto nós mesmos e nenhuma figura podia ser vista no chão que desce suavemente em direção Pallazo Pubblico de todos os três lados. Quando a hora de ir para casa chegou, deixei a praça dominando em pleno a situação, tal como que era nos tempos da antiga República. "William Dean Howells" Tuscan Cities ", New York 1867
A nós, restava-nos ainda de há longo tempo perceber também como se realizaria a nossa relação tardo/noturna com Siena e em particular com a Piazza del Campo, já que desde a primeira vez que a pisámos e depois que nos estendemos ao comprido naquele chão secular e com as nossas mãos apertámos a atmosfera contra o magma, ficou-nos um desejo incontido de procurar dissertar sobre o registo da comunicação entre a criatividade ali conservada e nossa capacidade para a decifrar e depois dar-lhe resposta; dormir pois em Sienna, para sentir sem intervalos o paladar do fim do dia, do meio da noite e do alvorecer era verdadeiramente ainda parte de um projecto de vida. Penetrar noite escura na Piazza del Campo através do Vícolo S.Pietro foi como apertar a mão a um famoso desconhecido e iniciar um diálogo entre as imagens naturais e os sentimentos, e se as primeiras permitem todas as diferentes leituras a quem as observe, descorrer pela escrita sobre o diálogo interior é como que lutar pela aprendizagem das letras mais inusuais. 

 




Os curtos momentos deste estágio, de que se pudermos não desistiremos em concretizar fielmente pelos pesados contratempos atmosféricos encontrados, ainda permitiram respirar algumas das sombras da noite, imaginar o surreal silêncio do eco das conversas em surdina sob os toldos onde os turistas jantavam enquanto o temporal se aproximava, ao mesmo tempo que, de prenúncio do dilúvio, um permanente e pujante jacto de água saía de uma torneira milenar esperando por satisfazer a sede de outros caminhantes.
 
 
 
 
A luz de algumas das ruas que ainda percorremos no fim do dia corresponderam às minhas expectativas,








já quanto à Piazza del Campo não me parece que o conjunto corresponda ao pitoresco luminoso medieval, ao contrário do que acontece com o centro histórico de Firenze onde o balanceamento entre a sobra e a luz é notável.


 (não esquecer de clicar sobre a imagem)


O “acaso” de estarmos numa Cidade de Cultura, com um teatro integrado no complexo do Palazzo Publico obrigava este a ter as suas portas abertas e isso veio a proteger-nos, e também aos escassos notívagos, das sucessivas bátegas de água que era conduzidas velozmente para o ponto convergente das inclinações do piso cerâmico/pétreo da Piazza del Campo, e que se escoavam ligeiras através de uma “pequena” estrutura em mármore e bronze,
 
 





enquanto no pequeno claustro, os projectores que iluminam a Mangia reflectiam as cordas de chuva e dispersavam as suas micro-sombras pelas paredes tijolares desfocando-as. O som da chuva forte escondeu ainda o ambiente para a imaginação sobre o nível de ruído das tabernas medievais e do estalar das chinelas das estalajandeiras nos degraus das entradas na Piazza levando para as mesas das tabernas os javalis acabados de assar, mas muito pior do que isso foi terem ficado ainda por observar os contornos da luminosidade noturna envolvente da Piazza del Duomo, para a descrever em comparação com a sua força ao fim de tarde.




 
 




 

Sem comentários:

Enviar um comentário