1970
Quero desrespeitar as caretas do tempo,
e ir a tempo de o abraçar antes de o comer.
Quero perder tempo a olhar para o tempo,
sentir o tempo limpo
que retira da dobra e da sobra
o tempo fino e divino.
Quero acreditar no dia em que o tempo não seja temporal,
mas não quero pagar pelo tempo extra,
e sim correr com o tempo proposto,
andar às turras, e rir do tempo passado.
Quero dar um chuto no rabo do tempo
um abraço nas tuas pernas,
propor-te andares às minhas cavalitas à gargalhada.
Quero que o tempo seja o guia das confissões
dos pecados do ouvir e do ver.
Quero-te aqui comigo mais um ano,
e muitos outros anos,
para criarmos o que gostamos,
aquilo que somos ainda capazes de inventar,
depois de já termos deixado feitos os que amamos.
TAVIRA, Novembro de 2014
2014
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