E

terça-feira, junho 10, 2014

MUSEUS e Museus III no 10 de JUNHO, dia de Portugal






No dia da "raça", ficam as imagens indirectas ( as de autor ficarão para outra breve oportunidade) de uma pequena obra de arte museológica escondida no termo do Campo Grande, e onde se acolhe grande parte da obra de um dos melhores “retratistas” da Lusitanidade, que soube através das ilustrações, muitas delas satíricas, das peças cerâmicas decorativas ou das figurinhas em barro (as mais sugestivas as “de movimento”) deixar para sempre como expoente máximo do cidadão Português, “lixado” mas irreverente, o Zé Povinho!

É um dos Museus de Lisboa em melhor estado de conservação, e no qual florescem as modernas técnicas de propôr aos seus visitantes que voltem em breve, pois que a partir das suas reservas com cerca de 9.000 peças, as sucessivas visitas não só não são iguais como também ficarão sempre suspensas da surpresa que constitui o encontro com obras inesperadas da autoria de Rafael Bordalo Pinheiro expostas no Museu com o seu nome.

Rafael, foi tal como seu Irmão Columbano das figuras mais ilustres dos finais do século XIX e marcante pela forma como se envolveu nos mais variados campos da actividade artística e também da crónica social.



 







Em 12 de Junho de 1875 nasce Zé Povinho (Seu Zé Povinho na legenda posta
numa das pernas das calças), dando para a cera de Santo António, na véspera
do dia do santo lisboeta, que em Lisboa é e será seu sítio de representação.
O jornal em que aparece é A Lanterna Mágica, em 1 de Maio lançada e que irá
até 31 de Julho, quinze ou vinte dias antes da súbita partida de Rafael Bordalo
Pinheiro para uma longa estada brasileira, no Rio, em continuação contratada
da sua profissão de desenhador humorista de três jornais de sucesso. A popula-
ridade de Rafael Bordalo era grande já e não parará de crescer, à volta do Bra-
sil, em mais outros jornais que era pão hebdomadário da vida alfacinha, em
letras, artes, teatro e, mesmo que sobretudo, política. Isso até à sua morte, com
cinquenta e oito anos de idade, em Janeiro de 1905.
A Lanterna Mágica era uma "Revista ilustrada dos acontecimentos da semana"
redigida por Gil Vaz, nome colectivo dos poetas Guilherme de Azevedo e Guerra
Junqueiro, autores de uma peça que fará escândalo e será proibida quatro
anos mais tarde, Viagem à roda da Parvónia - que era a pátria dos dois ou três, e
de muita gente mais, naquela geração das conferências do Casino que Rafael
Bordalo já comentara, na devida altura de 1871, n' A Berlinda.
O Zé Povinho nasce no momento oportuno da história dessa pátria-parvónia,
em fins de romantismo, no ano d' O Crime do Padre Amaro do amigo Eça - que
ninguém melhor do que Rafael Bordalo teria podido ilustrar mais do que fez,
se tivesse sido caso disso ... E já de um quarto de século de fontismo. A favor
de Fontes responde Zé Povinho ao peditório, que é ele o Santo António Maria
Fontes Pereira de Melo, em seu trono popular, e quem pede é o seu ministro da
Fazenda. António de Serpa. Vigiando, de chicote à mão, está o barão dele, aliás
do Rio Zêzere, chefe temido da Municipal. Ao colo do santo, de coroazinha na
cabeça, o Menino Jesus - D. Luís I.
José-Augusto França




 
 

Sem comentários:

Enviar um comentário