Os graves problemas que atingem a maioria da população do meu País, ao contrário do que se faz crer, não tem a sua causa no estado das Finanças Públicas mas numa sede civilizacional, estratificada em três planos, embora sem que se encontre uma resposta para a forma de os ordenar.
Num plano vive um atraso mais do que centenário de instrução e de desenvovimento económico, a par do desaproveitamento a favor da comunidade dos poucos recursos energéticos naturais cuja dimensão muitas vezes se teima em querer ignorar. Os nossos défices estruturais, que nada têm a ver com “reformas”, residem na ilusão que os fundos Europeus e os empréstimos externos criariam, como por encanto uma aproximação aos longínquos níveis de vida Europeus tão reconhecidos das muitas centenas de milhar de emigrantes, que deixaram para trás o País e a Ditadura em busca de outras condições remuneratórias, e que portanto fariam alterar significativamente o nosso PIB. Como todos sabemos, empreendedorismo significou para muitos Portugueses apenas montar um “negócio” que lhes permitisse, construir uma ou mais vivendas com piscina e outras mordomias entre as quais uns bons carros nas garagens, ou ainda ter capacidade em desviar Fundos Comunitários para actividades não reprodutivas. Também não era possível ter sido de outra forma, pois o nível de instrução da maioria dos nossos ditos empresários acomoda-se nos mais baixos níveis de escolaridade, e portanto a forma mais inteligente de manter e ampliar esses eleitorados que vivem à sombra do sistema, é culpar agora alguns dirigentes políticos por terem “camuflado” o PIB com investimento público, e terem engordado a chamada dívida soberana, que tem vindo a reproduzir juros especulativos que tão apetitosos têm sido para os “mercados”. E tem sido também neste contexto, que floresceu a corrupção no Estado através dos Poderes da Política, da Justiça e de muitas Corporações.
Noutro plano, encontramos transversalmente à economia as consequências da chamada “globalização”, um palavrão que supostamente significaria um desenvolvimento Mundial que distribuiria de forma mais justa os resultados da actividade produtiva de todos os habitantes do Planeta, mas que afinal, nos tem trazido a diminuição, quiçá inconsciente, da capacidade de auto-suficiência com consequências irreversíveis não apenas para os desempregados cujas competências foram “transferidas” para os escravos das tijelas de arroz, mas também para os desempregados das actividades que a recessão vai dia a dia liquidando.
No último plano, temos o processo de evolução da EU, que ilusoriamente tenta convencer os Povos de que vivem numa união política e económica, mas que acabou por retalhar a Europa em vários conjuntos de Países, selando envelopes de geo-grafias com artísticas etiquetas do restrito pode económico, irreversível.
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