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segunda-feira, janeiro 16, 2012

A intimidade com as objectivas

Noutras “épocas”, os órgãos de “Informação”, agora apenas de propaganda aos Liberais/Jesuítas, já teriam lançado o alarme geral para a escassez de pluviosidade do último outono e do princípio deste inverno, informando detatalhadamente sobre os níveis das nossas albufeiras e sobre as prospectivas das Águas de Portugal para os eventuais constrangimentos no fornecimento de caudais no próximo verão, caso não aconteçesse isto, aquilo ou aqueloutro.
No “meu” Rio, o dos meus sonhos e que há-de ser o do meu repouso, estão a acumular-se à tona de água junto das margens, diversas espécies de flora aquática oportunistas, porque o caudal foi-se lentamente reduzindo, já só transporta energia ao meio do rio e está a deixar portanto de purificar os territórios marginais dos viveiros de barbos, achigãs e das outras espécies que o povoam. Uma semana atrás (deixei aqui publicadas no Domingo dia 8 duas imagens deste sítio magnífico), o caudal estava de tal forma reduzido que me atrevi a sonhar poder alcançar o Moínho de Farrobo assim dispusesse de calçado adequado e dos instrumentais necessários a poder efectivar o “desenho” da sua planta, fotografar o seu interior e fazer os planos dos seus horizontes de 360º. Passada uma semana o rio mantém-se agonizante, mas pelos caprichos da natureza o caudal subiu o suficiente para que os meus botins curtos de borracha se tivessem mostrado insuficientes para atravessar a cerca de meia dúzia de metros de água que me separavam dos meus propósitos.
Ainda não sei como e quando vou visitar o interior deste Moínho, perceber como se encontra o seu interior e concluir se o desmembramento do porto de acesso ocorreu num tempo que permitiu ainda salvar, e guardar “in sitú”, o seu mobiliário pétreo. De qualquer forma, este Monumento ( substantivo que desagrada a quem não quer entender que a salvaguarda do património deve, tem que ser, desígnio nacional ), ergue-se ainda imponente no meio do rio, e desfeita grande parte dos paredões do açude, a água, segue o seu caminho natural pela esquerda das ruínas do açude e beijando a sua empena distal, afaga o leito atapetado com milhões de pequenos seixos rolados.


Desta última vez, quando abordei a margem esquerda do Guadiana, imperava o nevoeiro, a temperatura exterior rondava os 8º, o sol lutava por romper mas iluminava centenas de teias de aranha dispersas pelos frágeis ramos dos arbustos que a povoam, e de que a geada da noite era responsável por se poderem descortinar, e que passada meia hora se tornaram invisíveis com a dissipação da neblina à custa do aumento da temperatura, e que talvez não possa voltar a fotografar após regressarem os dias de chuva.


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