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segunda-feira, janeiro 23, 2012

Ontem, fomos visitar o “sítio” onde fomos “iniciados” na arqueologia pelo nosso Amigo Engº AMMS.

Um simulacro de regresso às origens, pois a paisagem estava completamente mudada pelas obras do regadio alqueviano, que nos levaram num caminho de terra batida até à “beira dos cacos”; foi sair do carro, e colocar o “babete” ao pescoço! No essencial, muitas semelhanças com tantas outras tardes passadas naquela planície ligeiramente inclinada; milhares de fragmentos dos mais diversos testemunhos da ocupação Romana daquele local, espalhados à superfície entremeando o verdejante despontar de mais uma cultura de sequeiro, prática que ali sempre conhecemos, e que ora era amigável ora desagradável para o estudo dos resultados de uma prolongada presença humana naquela sede habitacional auto suficiente, que até dispunha de uma barragem, situada uns quilómetros a sul, para o seu abastecimento corrente.


Não se tratou de ir “matar saudades”, porque isso é uma “construção” cheia de imprecisões, ambiguidades e de ínfima aplicabilidade. Só se “matam saudades” de algo repetível, e a saudade é algo difícil de traduzir mas que se associa quase sempre a uma pessoa ou a um acontecimento que nos foi muito agradável. Se podemos ouvir todos os dias uma canção da Francoise Hardy ou ir à beira do mar ouvir o som das ondas, não podemos repetir os anteriores enquadramentos espaciais dessas ocorrências no passado, e se a sua reincidência actualizada continua a ser desejada com intensidade, para quê associar à saudade o uso de um verbo com sentido destructivo?


Voltarei às saudades, depois de lavar e fotografar a meia dúzia de cacos que ontem recolhemos na "Cidade das Rosas", e que já não serão reduzidos pelas grades de discos atá à sua integração num solo de onde não nasceram enquanto pélas usadas nas rodas dos oleiros para serem moldadas em objectos do quotidiano.
     

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