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domingo, fevereiro 10, 2013

A intimidade com as objectivas

Na foz do Rio Tevere, foi erguida no Sec.IV a.c. uma cidadela fortificada (castrum), para assegurar o controlo do acesso fluvial a Roma.
Essa cidadela, foi crescendo, tonou-se uma importante cidade, atingindo o seu apogeu no Sec.III d.c..
Estima-se que a cidade Romana ocupava 34 hectares.
A Cidade, era atravessada por uma imponente via principal, o decumano, com uma largura de cerca de nove metros e com quase dois kilómetros de comprimento.Ainda hoje, se pode percorrer essa majestosa via com o seu característico suporte lageado construído à base de basalto antigo.
A cidade foi abandonada entre o IX e X séculos da era cristã.
Para o seu abandono, concorreram vários factores, entre os quais a maldição que lhe teria caído em cima com sucessivas cheias do rio, que a foram progressivamente atingido assoreando-a quase por completo, e a superstição que considerava tal acontecimento como um castigo aos seus habitantes.
Como em qualquer importante cidade Romana, a sua organização urbanística, a sua infraestrura, e a sua oferta sócio/cultural revelam tudo o que caracterizava as exigentes condições das Classes dominantes dos seus habitantes.
As escavações arqueológicas que progressivamente puseram a descoberto o que foi restando dos saques a que a Cidade foi sujeita, colocam à nossa disposição um Museu Romano de ar livre, com edifícios de porte inesperado embora passados tantos séculos, e alguns dos seus mais característicos ícones, como o Anfiteatro, as habitações com os seus mosaicos bicromáticos e os seus bairros comerciais.
A opulência de Óstia Antiga, está bem descortinável numa calma visita às suas ruínas, que se pode estender por largas horas e exigir uma leve refeição na cafetaria marginalmente instalada no complexo museológico.
As poucas imagens que se seguem, são uma pequena amostra da cidade, cuja grandiosidade não cabe numa apresentação como esta.

Composto em Lisboa, Outubro de 2008


Um dos aspectos mais acolhedores para os visitantes é o enquadramento das ruínas cercadas por vegetação diversa da qual se destacam enormes pinheiros mansos.



A proximidade geográfica com Roma, levou ao saque progressivo não só dos materiais nobres incorporáveis em novas construções, como também dos materiais mais rudes como os tijolos, de óptima qualidade.




As ruínas, foram profusamente consolidadas no Sec.XX, embora uma parte da cidade não tenha ainda sido recuperada. e pode adivinhar-se o explendor da incorporação dos mosaicos na vida da cidade através do que escapou aos saques.



A esmagadora maioria dos mosaicos, são bicromáticos e geométricos embora em algumas villae os motivos se relacionem com a actividade do dono, como é o caso da residência de um gladiador.



Os “tapetes” geométricos revelam bem a qualidade de vida das Classes dominantes da Civilização Romana







É vulgar descreverem-se estes mosaicos como conjuntos de cubinhos de pedra (Tesselas) colados com um cimento sobre uma superfície lisa pré-preparada.Em Óstia muitas tesselas são paralelepípedos alongados de forma a conferir uma melhor consistência e durabilidade aos pavimentos.



 






Até mesmo as principais lojas eram finamente decoradas, como é o caso do vestíbulo de uma padaria com o balcão forrado a mármore, as paredes com estuques pintados e o pavimento com mosaicos geométricos




Os grandes edifícios, eram decorados com enormes mosaicos, de motivos inspirados na proximidade da cidade com o mar




O estado de conservação de alguns edifícios, permite que o visitante possa subir escadas com mais de mil e setecentos anos e aceder aos planos dos andares superiores.



Como em qualquer cidade Romana, estão presentes os equipamentos culturais, como o grande teatro, hoje utilizado para espectáculas ao ar livre.
 
 
 
Na decoração da esplanada do teatro, não faltam as alusões às características máscaras usadas nas representações teatrais Romanas.
 
 
Embora muito destruída e despojada dos elementos marmóreos que a decoravam, a Necrópole ainda revela o esmero da sua estrutura arquitectónica, e muitos dos nichos que guardavam as urnas funerárias em vidro que foram depósitos das cinzas dos seus mortos.


A visita, ou melhor o deambular pelo meio das ruínas, permite encontrar recantos de beleza singela que faz adivinhar o espírito criador daquela civilização.
 
 
 
Os grandes Templos estão muito destruídos, e nessas destruições muitas delas para reaproveitamento dos mármores, estiveram particularmente envolvidas as estruturas Papais e muitos dos seus bajuladores, como se pode observar na visita aos Museus do Vaticano.


Da proximidade da Cidade com o Mar, tornando-a um importante entreposto comercial, resultaram estrutras de conservação de alimentos ainda hoje bem visíveis, porque são tão grandes que não era fácil roubá-las.
 



Ao longo do decumano, situavam-se estrutras de apoio aos passantes, como por exemplo, a taberna dos pescadores, cuja pouca sobriedade revela a pujança económica da época.
 
 
Nenhuma descrição, pode substituir a visita à cidade, nem é possível mostrar fotográficamente a grandeza do decumano, com as suas lages basálticas polidas pelo uso e pelo tempo, ladeando edifícios templos e colunatas.





 

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