O expressionismo, no sentido
literal do termo, talvez uma expressão figurativa em relação à realidade,
sendo uma característica humana através da qual cada um, correndo mais ou menos
riscos dá largas a sentimentos e dá forma ao modo como observa o que vê, usando
as suas competências escreve, modela, pinta, etc, e portanto é ou foi um agente
cumpridor da sua responsabilidade no retorno para com o Mundo que o rodeia.
Com excepção dos locais em
que habitamos, as visitas aos Museu são sempre condicionadas pelo ajuste
directo no melhor preço da relação entre o que se pode/quer ver e o tempo de
que se dispõe, e por isso a complementaridade da legenda sobre a obra exposta é
sempre a primeira aproximação à compreensão das obras de arte, complementada
depois com a informação publicada e
acessível noutros suportes. No estado
actual das coisas, “a crise” está a deixar fora dos hábitos ancestrais na
visita aos Museus, não só a compra do catálogo oficial, mas até também um
simples postal relembrativo das obras que mais nos impressionaram, e portanto
hoje muito menos se pode “preparar” uma visita com a leitura antecipada do tal
catálogo que permitia absorver a totalidade dos factores que ajudam à
compreensão integral do resultado da obra de arte, e talvez que por isso, o museoPICASSOmálaga
distribui gratuitamente um pequeno desdobrável que procura descodificar a
colecção através de dez obras.
Pode-se mesmo gostar ou
não de Picasso, mas não é legítimo duvidar da sua genialidade, pois o seu
percurso artístico é fácilmente escrutinável, e a sua “evolução” assenta sem
discussão numa capacidade única para desde muito cedo retratar com a maior
fidelidade algumas das pessoas do seu círculo familiar, e é lamentável o uso
depreciativo do seu nome como adjectivo de mau gosto. Todos os grandes artistas
de todas as grandes escolas que tiveram sucesso, eram excelentes desenhadores e
retratistas, como é o caso de um máximo expoente Português recente como Paula
Rego, e por isso em contrapartida abstenho-me por pudor de nomear a nossa
moderna “artista do regime”, como exemplo contrastante de quem tem uma obra que
se diz muito apreciada, e que espraiando-se apenas numa atitude de provocação
sensorial, não tem para demonstrar capacidade automotora para riscar um simples
retrato.
Voltando a Picasso, a sua
obra brutal e vastíssima como talvez não tenha existido outra, que tem uma
progressiva evolução de “expressão”, é no meu entender mais fácil de compreender
apreciando-a através da observação de pequenos períodos temporais. Há já
distantes anos tivemos a sorte única de visitar uma exposição sobre Picasso com
três centenas de obras criadas entre 1917 e 1924, provenientes de colecções
públicas e privadas das três partes do Mundo, através das quais se apreendia
com clareza como a obra se foi “fazendo”. Como estávamos longe da actual crise económico/financeira,
ainda pudemos agora ir revivê-la através do catálogo, e “reajustar” algumas das
imagens mais recentes que trouxemos do museoPICASSOmálaga à grandeza da Obra e
ao enquadramento de algumas delas nas suas companheiras contemporâneas, pois
entender Picasso está sempre por concluir, mesmo que isso possa constituir um
objectivo.
Paulo (primeiro filho do
artista) vestido de arlequim, Paris 1924
Ver com algum detalhe um
grande artista pintar, será previlégio de muito poucos, e por isso a ideia
genial de observar a capacidade inigualável do traço de Pablo Picasso através
de um pequeno filme que captou a sua actividade de estúdio através de um vidro
transparente que funcionou como tela acolhendo na sua superfície as pinceladas
esquemáticas co criador, é um acontecimento que depois de apreciado no ambiente
próprio de um dos seus Museus, e agora descoberto no youtube, não podia desde
já de partilhar aqui.
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