As pessoas que vivem nas cidades parece que não gostam da chuva. Digo parece, porque “parece”. E quem vive nas cidades, transpira dentro do seu reboliço, como se a dois passos não existisse um outro mundo que os alimenta com chapéus de chuva, cidades com abrigos para a chuva, sêlo de quem vive acima das suas possibilidades! As cidades que se alagam com as chuvas, e afinal os campos que, depois da última seca continuam sedentos de água.
Há duas semanas atrás, porque as notícias deram nota de que Serpa tinha ficado inundada com uma das “piores” tardes de chuva trazida pelas últimas grandes superfícies frontais que atingiram a Península, parti para S.Brás de botas de borracha julgando recriar outros tempos em que de dez em dez passos tinha de rapar com a espátula a lama na sola e à sua volta para poder afugentar o peso que me impedia de prosseguir; puro engano, a energia solar que me aquece a água doméstica para a maior parte do ano, tinha prosseguido o mister da última seca, e até de sapatinho citadino se podiam ter aconchegado os torrões. E, até o vento que nos enche as ruas da Cidade com as folhas caídas das árvores, e que entopem as sargetas vítimas do desleixo dos desprevenidos, também soprou pelos campos muitos dos restos das palhas que ainda teimavam em não serem engolidas pelas charruas e aumentar os volumes do solo arável, clareando o barro e refulgindo os “cacos”, e até restos das "matanças" milenares (um dente molar de um bovídeo).
Porque, às vezes, uma imagem não explica o mesmo que mil palavras, estas, não tantas aliás, eram necessárias para ilustrar o que se segue, que é também um tributo ao registo do vento fraco.