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domingo, janeiro 25, 2015

VIAGIO A ITALIA

Nesta viagem, os ambientes informativos que nos rodearam podem arrumar-se em três temas – o Aluvião, a Política e a renovação das propostas de Arte.
O Aluvião (“frana” nalguns casos, isto é, a água provoca brutais deslizamentos de terras que se abatem sobre povoações, soterrando-as), que atingiu Génova e teve depois várias “réplicas” noutros locais em que os dramas humanos foram muito mais violentos, centrou as atenções, mas teve o condão de trazer à ribalta os técnicos da meteorologia que explicaram como estes fenómenos se estão a desenvolver na Europa, sendo possível prever com algumas horas que vão acontecer trombas de água brutais, mas tendo em conta a constantes irregularidade das correntes atmosféricas condicionadas pela interação terra/mar, ainda não há metodologias para circunscrever com exatidão os locais e as horas em que os fenómenos acontecerão, mas por outro lado, em cidades muito populosas, em que as inundações das zonas baixas sejam inevitáveis pela impossibilidade de escoamento de caudais de água com volume superior à capacidade de escoamento das condutas (calculadas pelos valores médios de pluviosidade), e sejam zonas muito habitadas, segundo os técnicos, um alarme de evacuação em que as pessoas vão naturalmente usar os automóveis, sem uma janela de segurança horária, pode vir a originar numerosas perdas humanas, pelo que a tese ali em curso é a de que as vidas humanas são mais importantes do que as perdas materiais, e destas, trata-se depois.
Em Firenze, o último dos grandes aluviões ocorreu em 1966, e provocou perdas humanas e prejuízos materiais e culturais incalculáveis, mas também, como em tantas situações anteriores mobilizou os florentinos para a sua recuperação e para uma valorização patrimonial como forma de reacção à adversidade. Na Basílica de Santa Croce, na parede junto ao túmulo de Dante há uma marca bem visível da altura atingida pela água que o rio Arno não teve capacidade de escoar, mas também as paredes refletem o dramático efeito que a água provocou nos estuques parietais. Quando se sai da Basílica, e vemos à nossa frente uma grande escadaria custa acreditar como foi possível a água pode ter atingido uma tal cota no seu interior.
Existem muitos relatos acessíveis de aluviões ocorridos desde o século XIV que tiveram especial, e natural impacte nas pontes sobre o rio Arno, muitas delas destruídas totalmente, como é o caso mais emblemático da Ponte Vecchio, cuja história de vida foi ficando dependente dos caprichos da natureza e dos seus efeitos sobre os caudais do rio que nos momentos críticos deixam de se confinar à corrente de água para se transformarem numa massa de brutal energia com tudo o que foi sendo arrastado no seu caminho até ao mar, distante uns longos quilómetros.
Como um bom exemplo dos acontecimentos deste tipo capazes de provocar uma certa incredulidade, refiro que junto à Igreja de Alcoutim há também uma marca que demonstra a brutalidade das “forças da natureza”, e também aí parece impossível como tão “perto” da foz do Guadiana a água atingiu aquela cota com uma conduta da dimensão da largura e profundidade do rio dali até ao mar, incomensurávelmente maior do que acontece com a estreiteza do vale Florentino.
 









Na Política, discutia-se além do OE com uma significativa baixa de impostos, em que a “esquerda” dizia que a marca era de direita, e a “direita” dizia o contrário, sendo uma das novidades passar a ser possível pagar impostos entregando ao “Estado” obras de arte, metais preciosos e outros bens culturais, como por exemplo Plalazzi, e outra inovação a criação de um novo imposto sobre as slot machines. Aquela nova opção contributiva para os Italianos, tendo em conta a crise da dívida do País, talvez não venha a ter como a consequência mais provável transferir-se património entre privados (quem sabe se estrangeiros), pois a visão e a relação do Estado Italiano com o seu vasto património talvez impeça a venda daqueles bens para amortizar o défice público, o que como sabemos não ocorreria entre nós como o caso dos Miró tão bem ilustra.
Para acabar a já longa confissão, tão ilustrada quanto possível, “di questo ultimo Viagio a Italia”, faltar dizer que ela, a viagem, se prepara na intimidade dos guias da American Express, passe a publicidade, de umas voltinhas pela net para encontrar o melhor preço de hotel, com a reserva nas promoções da TAP a nove meses de distância. Concretizam-se assim viagens de liberdade, sem guiador paralelo, com pouco espaço de erro e fugindo aos erros tipográficos! Afinal, Viagem é conhecimento, no fim pudemos dizer um para o outro, como na canção de Sérgio Godinho, “e tudo o que te dei, tu me deste a mim”.
Quando “viajamos” por novos territórios, se os nossos olhos não estiverem sempre disponíveis para recortar os planos que vamos atravessando, então não fomos lá fazer nada, e portanto há sempre muitos aspectos laterais que fazem parte dos cadernos de viagem de quem tem mais apetência para observar e registar a vida próxima com a intimidade dos agregados de pessoas, e que no nosso caso fica desfocada pela atração da “obra” patrimonial, e que mesmo com muito esforço de reimplantação retroactiva de memória já não são susceptíveis de serem realinhados com o abecedário.
O resultado desses encontros visuais, é mais fácil pois de partilhar através das imagens, quando elas são suficientes para se interpretar a mensagem que transportam, e comentadas qb.

 














 Postal, edições Tinta da China

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