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domingo, janeiro 11, 2015

FIRENZE, Dark night


Os caminhos de uma noite por Firenze empunhando uma ilustradora digital, têm necessáriamente de continuar pelo menos até a uma das margens do Arno, e pousando-a no parapeito dos contrafortes que o marginam, para com todo o tempo do mundo até o relógio da Torre do Palazzo Vecchio nos acordar para a realidade crua do esgotamento da corrida marginal às migalhas do tempo, apreciar o efeito daquela medicação que abranda as dores e as tensões nervosas sempre que se roda a cabeça do tripé mais dez graus para a esquerda ou para a direita, recortando os reflexos directos dos holofotes que levitam a Ponte Vecchio, ou “regulando-nos” para o infinito onde o só não há negrume nos pontos com lumens suficientes para chegar até nós uma rigorosa indefinição de uma assimetria centrada no afunilar da perda de cor das águas do rio, embora pontilhada a intervalos regulares pelos candeeiros que regem os percursos de quem tem prazer ou necessidade de também viver de noite.
 
 
 
 
 
 

 


A Ponte Vecchio, construída no século I pelos Romanos um pouco mais a montante da sua implantação actual, foi a única das pontes que servem a vida Firenze a ser poupada pelo exército alemão em 1944, que durante a sua retirada nos finais da Segunda Guerra Mundial tudo o que não pode saquear e transportar para a Alemanha destruiu com bombardeamentos, é um dos símbolos de Florença, e a sua singularidade não se esgota na “luta” pelo seu atravessamento diurno contra a corrente de milhares de pessoas que não apenas fotografam a visão central do Arno tomada da pracinha que tem no meio, mas olham com atenção para as lojas de antiguidades, ourives e joalheiros, a sua actual oferta comercial próxima do aspecto que tinha cerca de 1700, quando as lojas começaram a embelezar-se com vitrines, espelhos e enfeites, depois de, por exemplo, até finais do século XVI, os lojistas não passarem de artesões, e do chamado comércio tradicional; vendedores de guloseimas, comida para animais, utensílios domésticos, sapatos, e outros artigos de primeira necessidade.
 
 
 
 
 
 
 

 


Não era meu propósito abordar aqui a função mais privada desempenhada pela Ponte Vecchio no passado, e por isso, não recolhi as imagens indispensáveis para o fazer com adequado detalhe, e como “o futuro” dizem que a Deus pertence, prefiro tentar descrever agora esse aspecto quase através da escrita porque, de acordo com algumas fontes históricas, o considero também indispensável para se compreender a sua integral tipologia actual, já que a ponte do século XIV reconstruída após um dos brutais aluviões no Arno , como aquele de 4 de novembro de 1333 que a destruiu por completo, era muito diferente da que se vê hoje, visto que como parte integrante da cidade medieval foi construída com pedra dura, e a sua forma respeitava as regras da harmonia vigente. 




O aspecto da ponte, alterou-se pois de forma significativa com a construção do chamado corredor Vasariano, em 1565, que elevou o volume e a cota da ponte passando por cima das lojas no lado leste e comunicando com as duas margens através de uma passagem com cerca de um quilómetro de comprimento. A única imagem recolhida nesta viagem e que verdadeiramente documenta com clareza e amplitude um pequeno troço do corredor Vasariano retrata a curta ligação entre o Pallazo Vecchio e a Galeria Uffizi.
 
 
 

Nas últimas estadias em Firenze utilizámos sempre o Hotel Vasari,




que julgo ter apenas tomado o apelido do arquitecto Giorgio Vasari, já que o palazzo onde está instalado não tem a ver com a casa ou Palazzo que foi oferecida ao arquitecto e pintor depois de ele ter concluído o Corredor Vasariano, projecto destinado a permitir a comunicação entre o centro político e administrativo situado no Palazzo Vecchio e a residência privada do Medici no Palazzo Pitti, garantindo deslocações livres e seguras aos grão-duques para atravessarem o Arno, após a queda impopular da antiga República Florentina. Este precurso, começa no Palazzo Vecchio, passa pela Galeria Uffizi, depois ao longo da Lungarno Archibusieri junto ao rio, atravessa a ponte vecchio apanha a Torre Mannelli, e percorre a margem esquerda até o Palazzo Pitti.







Séculos mais tarde, em 1939, no centro da Ponte Velha foram mandadas abrir por Mussolini grandes janelas panorâmicas sobre o rio Arno em direção à Ponte Santa Trinitá por ocasião da visita oficial de Hadolf Hitler e de cuja passagem por aquele local alguns especulam ter sido uma das razões porque a ponte se salvou da destruição durante a retirada nazi. Durante a segunda grande guerra, o Corredor Vasari era a única forma segura de movimentaçao entre o norte e sul da cidade, utilizada por muitos partigiani durante as batalhas para a libertação de Firenze, como se pode apreciar no episódio do filme Paisa realizado por Roberto Rossellini em 1946, e dedicado a esta Cidade. Atualmente, o Corredor Vasari no que respeita ao percurso no interior da Galeria Uffizi expõe auto-retratos e retratos desde os séculos XVII até ao século XX.







 







 

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