VENDO-A SORRIR
(A minha filha)
Filha, quando sorris, iluminas a casa
D'um celeste esplendor
A alegria é na infância o que na ave é asa
E perfume na flôr.
Ó doirada alegria, ó virgindade santa
Do sorriso infantil!
Quando o teu lábio ri, filha, a minha alma canta
Todo o poema de abril.
Ao ver esse sorriso, ó filha, se encontro
Em ti o meu olhar,
Engolia-se-me o céu azul pela alma dentro
Com pombas a voar.
Sou o sol que agoniza, e tu meu anjo loiro,
És o sol que se eleva.
Inunda-me de luz, sorri, polvilha de oiro
O meu manto de treva!
1884.
Guerra Junqueiro, Poesias Dispersas
"Na Cidade sem mar, qual é a coisa a que as pessoas recorrem para recuperarem o seu próprio equilíbrio?" (Banana Yoshimoto)
Na cidade com um rio, cheio de peixes que vivem ora na água do mar ora na água doce, o seu equilíbrio faz-se com apoios ora na luz natural (h)ora nas luzes ditas artificiais.
Neste pedaço de terra à beira mar plantado, o pôvo não teve a liberdade de outros Europeus para sentir em 8 de Maio a alegria do final da II Guerra Mundial, mas passou pelas emoções de muitas ocupações e de muitas outras transições semi-libertárias, e desses acontecimentos ficaram pelo menos algumas marcas traduzidas em “fortificações” religiosas e militares, que hoje acolhem quem procurar respostas para a intranquilidade planetária.
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