Reflexões sobre domínios da sustentabilidade
Um dos pilares de sustentação da vida humana, é constituído por um conjunto muito vasto de factores anímicos.
Nos tempos actuais, entre esse largo conjunto de factores, a mobilidade individual representa um papel de contributo decisivo para a economia dos Países, e para a sanidade mental das pessoas que se deslocam em busca de encontrar por uns instantes ambientes diferentes daquele onde estão habituadas a viver, e que lhes permite conferir desigualdes ou pseudo-igualdades nos segundos separados pela apreensão de outros saberes.
Sempre que se procura o que nunca se viu, para aumentar o conhecimento, ou simplesmente pelo prazer de satisfazer uma das características humanas, a curiosidade, as formas para o conseguir foram com a evolução humana diversificando-se até limites inimagináveis para o começo da minha idade adulta. A divulgação museológica num suporte de consultar e estudar em casa, atravessou várias fases, desde a mais longa a impressa e quem sabe se a mais duradoura, depois a diskete, mais tarde os cd/dvd e agora sem “ocupar lugar” tudo o que os servidores da rede, e mais recententemente uma entidade abstracta, a “nuven”, conservam e disponibilizam “na linha”, à distância dos movimentos dos dedos das mãos, textos e imagens que são capazes de se simular até com rotações a 360º e mesmo permitindo aproximações a preceito.
Quando nos tempos da “velha” arqueologia e já na era da pré-informática encontrava um caco no campo, e ele era mesmo “mudo”,… não era possível outra atitude senão procurar na literatura publicada algum par já descodificado, e caso não se encontrasse, criava-se a ilusão e a emoção do nascimento de um “primeiro” e nóvel achado. Hoje, o mais provável é que essa informação já esteja algures numa qualquer “bases de dados”, embora na maioria das vezes de acesso restrito ou impraticável.
A natureza, só por si é um museu, e por muitas imagens tridimensionais que se construam e que se coloquem na rede, não entregam o mesmo resultado da observação directa sobre algo que tem cheiros, ventos sombras e reflexos mutantes, e mais importante do que isso tudo, a relação da escala entre a nossa pequenez e a dimensão do que nos rodeia; não há diagramas comparativos que resolvam, ou devolvam ao homem a nitidez do que a Natureza sempre se dispôs oferecer-lhe para que ele se deite e deleite na superfície amarga de uma rocha irregular ou na doce de uma manta de musgo. Mas, não só na natureza nos comportamos assim; obras de arte “notáveis” só podem ser verdadeiramente entendíveis se forem interpretadas em presença da escala métrica proporcionada pelo nosso cérebro, embora tantas vezes condicionada pelas premissas dos ambientes de acesso.
É admissível que, de uma certa forma, não seja preciso ir ao Egipto para compreender a civilização dos Faraós, pois a rede tem milhões de imagens para todos os gostos, e até desgostos, que retratam muita da sua opulência e muitos dos seus segredos, mas para quem possa, e arrisque neste tempo de perigosas convulsões socias à escala global, fará bem ir até lá perceber as escalas e os ambientes em que tudo se passou e ainda passa, pois a história de uma civilização maíuscula nunca ficará acabada.
A invocada soberania dos mercados, por alguns, quiçá em número maior do que é aceitável, e que vegeta entre a confusão, a contradição e a manipulação dialética, numa luta contra o direito à igualdade de oportunidade no acesso de cada pessoa ao inquérito presencial perante um objecto “falante”ou uma cultura “indisponíveis na rede”, é um factor de retrocesso no desenvolvimento humano, não só na vertente da Carta dos seus direitos mas, porquanto não estão abertos módulos de conversação directa e aberta sempre que cada sujeito o ache oportuno com garantia de sucesso, para concluir cada parágrafo de uma investigação.
O “nosso Mundo”, está pois a caminhar a passo largo para um estado de regressão cultural, gerido pela ditadura dos lacaios dos “mercados”, muito embora o chamado turismo cultural possa ser o último obstáculo à incultura de massas, e ao mesmo tempo a única fonte de rendimento para muitas pequenas e cada vez mais isoladas comunidades, que provávelmente serão ainda empurradas para formas autogestionárias do seu próprio património diverso.
Será que este poder político é coerente ao encomendar a comemoração do dia Internacional dos Museus?
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