Era uma vez um menino
que era vários meninos
e em cada menino morava um poeta
e em cada poeta um outro poeta.
Assim, nunca mais ninguém
podia saber quantos poetas
havia, ao certo, dentro daquele menino
e quantos meninos havia,
ao certo, dentro daquele poeta.
A coisa começou a ficar confusa,
porque nunca antes
se vira uma coisa assim,
nem havia notícia
de outro caso igual,
(para dar entrada à rima)
Dentro ou fora de Portugal.
José Jorge Letria, in, Fernando Pessoa O MENINO QUE ERA MUITOS POETAS
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