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quinta-feira, maio 01, 2014

1 de Maio, dia de Festas das ilusões

Filosofar sobre a vida, pensar que até se inventam fórmulas para estabelecer o valor da esperança de vida, e fazer planos para o que nos resta viver, é algo de tão desconfortante para um agnóstico, que apeteceria parar o desabafo logo por aqui, não fora este ter origem na recordação de uma despedida recente após uma conversa informal finalizada com aquela forma tão comum de, bem vamos a ver se ainda nos reencontraremos aqui num dos próximos anos

É que, no caso, aquela conversa passou-se entre dois “desconhecidos” num lugar bem longe daqui, para onde o “destino” me quis empurrar duas vezes em 70 anos, e avocando o cálculo de probablidades, o resultado da equação para que isso se repita daqui até ao fim da vida, é infinitéssimal se conseguirmos introduzir nela todas as variáveis que somos capazes de determinar, e mais ainda admitir que faltarão muitas outras que são alheias ao nosso conhecimento actual, e mesmo ao poder da nossa vontade.

Mas, afinal que interesse terá a Vida, senão para vivê-la na plenitude sensorial do nosso raciocínio, senão para lutar contra as variáveis que não sabemos, ainda, como domesticar, e portanto será mesmo uma cobardia desistir de fazer planos de vida mesmo quando o que resta já é uma fracção com um denominador decimal cada vez mais próximo de ser o último, e ao qual não é possível acrescentar zeros á direita.

Olhar os ponteiros dos relógios, ou os numerais digitais num relance rápidíssimo, pois o tempo não se fez para o vermos passar, e como a autorização para contar segundos só pode ser concedida para avaliar batimentos cardíacos, encontrar uma forma bem superior de sentir a vida decorrer por entre o tremular do vento sobre as nuvens dispersas pela gravidade é afinal recordar outros dias primeiros de Maio.


 

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