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sábado, dezembro 21, 2013

Pescarias n´outros tempos




Os estímulos às memórias aparecem por vezes de formam inesperada, entrando pela janela tal como o vento, ignorando com subtileza a chegada do convite formal.
Na recente exposição sobre “Desenho Científico na Ria Formosa” da responsabilidade do “Grupo-do risco” (www.grupo-do-risco.pt), havia um esboço de um peixe de água doce apanhado no Pego do Inferno, um lugar muito emblemático dos arredores serranios de Tavira, e muito procurado no Verão.
Não posso avalizar a conformidade na legenda do desenho, porque ou a mesma resultou da transposição literal fonética do sotaque Algarvio, ou de uma informação mal transcrita; de facto, aqueles pequenos peixinhos que conheci bem mais esverdeados do que o exemplar desenhado, fizeram parte muitos anos atrás dos nosso programas de pesca de água doce no Alentejo de fim do Verão, pois eram utilizados por muita gente como isco vivo na pesca da Achigã, e talvez até pela sua cor verde intensa eram por verdemãs conhecidas ali entre os pescadores, e encontravam-se normalmente enterradas nos fundos dos pegos das ribeiras já sem corrente activa.


 

Para nós era uma pesca em dois actos, primeiro ir procurar apanhar as verdemãs com um enorme “gorro”, depois deitar à sorte a escolha da barragem onde presunivelmente se encontrariam achigãs, e esperar que as boias presas aos fios das canas de pesca se afundassem puxadas pela voragem carnívora do peixe atraído pela irrequietude das verdemãs que cuidadosamente espetadas no anzol pelo lombo superior continuavam a movimentar-se e servir de estímulo para uma luta de facto desigual. Actualmente não sei se a verdemã é uma espécie protegida, mas na pesca do achigã já não é possível tirar partido das suas características pois isso está proibído, e como não posso já publicar imagens destas pescarias já tão longínquas, apenas nos restam as da captura das verdemãs em pegos da Ribeira do Chança, que ainda complementarmente permitiam uma banhoca refrescante às crianças naqueles dias quentes do verão da raia do Alentejo.










  Passados trinta anos, estas cabecinhas já podem mostrar às suas crianças, que ainda vão ser por instantes um pouco também minhas, como é agora poder ver peixes, muitos peixes "livres" e iluminados debaixo de água.



 




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