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sábado, novembro 02, 2013




Só as agitações sensoriais epidérmicas se podem traduzir em imagens.

Este sábado, decidi que era melhor compactar as imagens possíveis de uma semana que se iniciou de forma esplendorosa com o casamento do meu Sobrinho Francisco. Em união perfeita com o convite e o Missal que sabiam à felicidade que só o verde nos pode transmitir, o Francisco esteve tão feliz, com a sua gravata e lenço verdes e os adn dos nossos antepassados que nos correm a ambos nas veias devem ser a primeira das garantias para ele se comportar como um verdadeiro cidadão do Mundo na nova Vida por onde agora já caminha.





O Sol, nem se envergonha já em teimar nas prolongadas lambusadelas sobre os corpos nus ou semi-nus, até porque estes são cúmplices de madrugadas estéreis e só o soar do enrolamento da espuma da maré meia cheia quebra a monotonia da espera pela chegada da massa frontal que todos os dias os “oráculos” dizem trazer no amanhã uns aguaceiros que adocem as romãs. As estações do ano estão tão confusas como a dilatação dos discursos estúpidos sobre os (des)equilíbrios nas contas de mercearia que ainda teimam em resistir aos escrutínios da inteligência. mediana.





Domingo 27 de Outubro


Durante esta semana, na praia, quase não havia vento nem sequer uma ajudinha para estender com facilidade a toalha na areia. Os metereologistas deviam ter razão; a água do mar deve ter estado a 21º pois que até ontem, se entrei nas calmas mar dentro foi mais difícil sair ao fim de 20 m de agitar os dedos dos pés, as pernas, a cabeça e os dedos das mãos batendo palmas, porque entretanto sempre chegava o vento companheiro da mudança das marés. Sentado à beira mar encontrei aconchego e fiz o que não estou habituado no Verão, isto é, estender-me na toalha a sintetizar na pele os flocos de água salgada. Depois de esforço para recordar algumas regras do cálculo infinitesimal começo agora a tentar uma sequência lógica para ordenar letras, para descrever o modelo matemático que rege na prática o outono na minha praia. Anteontem julgava que iria ser o último banho de mar de 2013, e afinal não foi adiou-se para ontem, pois como o modelo dos outros está mesmo errado, o mar manteve-se quase uma piscina, e tive tanto calor que ou me vestia ou tinha de ir à água de novo, a melhor das hipóteses, enquanto o vento Norte levava o ruído do mar para os lados de África, embora não dissipasse por completo o meu ecofeno. Sequei tão depressa como se estivéssemos em Agosto, o termómetro do carro disse invariável que ao fim da manhã estavam 25º no ar. Se não há ninguém capacitado para passar atestados climáticos, há quem fez bem em arriscar passar aqui duas semanas de férias nesta altura do ano enchendo quase todas as esperguiçadeiras em fim de estação, embora os nossos sotaques tenham estado audívelmente ausentes.
 
 


Quinta Feira, 31 de Outubro



Se as gaivotas sabem pairar no ar contra leves ventos, para olharem com precisão as prezas que o mar fez crescer e esconde para se alimentarem com mergulhos certeiros a pique de precisos 90º, também os levantes suaves desta semana, que só se sentiam do pescoço para cima, ajudaram a manter os nossos bruços na vertical da recta que nos liga ao Sol, pois já não soube tão bem nadar de costas com a brisa à flor do mar, pois os chineses ainda não me mandaram um secador de cabelo que possa ligar à bateria do telemóvel, e enquanto o vento amainava para virar definitivamente para sueste, as ondas amontoaram as conchas, entre a areia seca e a pista das celulites, e assim acabou ontem a época para os calções de banho. 









 



 


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