O Cromeleque de Portela de Mogos situa-se numa propriedade privada, e a sua visita só foi possível depois de ter recorrido à ajuda informativa do Arqueólogo Dr. António Carlos Silva da Delegação Regional da Cultura de Évora, que me indicou o local exacto da estreita “porta aramada” situada na cerca de arame farpado de uma das três Herdades que o “envolvem”, através da qual se acede a um caminho de pé posto que em menos de dois minutos nos conduz até à espantosa visão aqui documentada. Na estrada Nacional, existem dois recortes nas bermas, um em cada sentido, onde é possível parquear com inteira segurança.
Depois de uma visita ao “Vale Maria do Meio”, é imprescindível encontrar espaço para procurar Portela de Mogos, por ali tão perto num raio de cerca de um quilómetro e meio, e admissível aceitar uma relação mágico-funcional entre os dois conjuntos Monumentais. Se nos resumirmos a reflectir sobre experiências sensoriais, o mais exacto é concluir que os dois cromeleques terão um enorme e valioso contexto em comum, mas produzem balanços com resultados muito diferentes, talvez porque os horizontes de que hoje disfrutamos apesar de tão próximos e de estarem inseridos na mesma malha arborícola são muitíssimo distintos, qualquer que seja o ângulo de progresso no nosso contacto; Vale Maria do Meio, é um espaço aberto e quase despovoado no seu interior, enquanto em Portela de Mogos o montado serve de guarda-joias ao alinhamento dos meníres.
Depois que nos encontramos no “interior” dos espaços ocupados pelo Cromeleque, é difícil explicar a envolvência que o mesmo exerce sobre nós, e se o Monumento, ou conjunto de Monumentos, e de nada importa esta diferenciação, não for visto sob uma perspectiva “arqueológica”, mais difícil se torna a libertação do seu poder tectónico, e dos compromissos gerados pela diversidade de visões provocadas por alterações na sua iluminação natural. Nesta primeira visita, que agora partilhamos, os primeiros olhares sucederam-se debaixo de um céu de Julho completamente fechado por nuvens espessas e os das despedidas puderam apreciar alguns outros planos sob estreitas frestas de raios solares, quase todos indirectos porque formados sob as copas do azinhal.
Escolhi para "início de conversa" um texto resumo em Inglês, da autoria do Arqueólogo que dirigiu em Portela de Mogos os trabalhos arqueológicos responsáveis pela oferta ao Mundo da possibilidade de apreciação do sítio.
This megalithic monument was identified in 1996 by H.Leonor Pina. Recent excavations confirm that we are dealing with an enclosure of elliptical plan, with his major axis in an east-west alignment, comprising 40 menhirs, and measuring 15m x 12m.
Within the enclosure can be detected a line formed by five monoliths which marks the north-south axis; on of them is central and have larger dimensions. On the eastern side, there are six menhirs former an alignment. The menhirs, carved from granodiorite and, in general roughly shaped, present a varied morphology, some having been decorated with motifs, engraved or in relief, namely circles, wavy lines, cup-marks and crozier shapes. Others were leveled during the Late Neolithic period, fixed in a stellar form, and decorated with anthropomorphized compositions in relief, were a face and a half-moon collar can be discerned.
The architecture of this monument as much as the typology and decoration of the menihrs, and also the artifacts exhumed, indicate that it was built and used during the Middle and Late Neolithic periods (5th and 4th millennia BC). However, it would have been used, still with purposes of magico-religious nature, in the middle of the 2nd millennium, as the number of carenated vessels found there testifies, perhaps following a period of abandonment, or of very sporadic use, during the Chalcolithic.
Mário Varela Gomes, 1997
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