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domingo, junho 16, 2013

Histórias da minha praia numa manhã de Santo António

Na minha praia, nos dois últimos anos, a epiderme da sola dos meus pés deixou de reconhecer a areia que eles pisaram na véspera, e também não consegue avaliar o grau de inclinação provocado pelas marés. Talvez que as chamadas alterações climáticas venham determinando novos percursos nas correntes marítimas e modifiquem os perfis dos leitos marinhos ao mesmo tempo que os ventos acomodam os areais com perfis desconhecidos. Acima de uma tímida ondulação espraiada sobre os meus pés, a descida da última maré, deixou desprotegidos na madrugada dezenas de caranguejos que procuraram alimento nas espumas cheias de plâncton e que preguiçosos não acompanharam o ritmo da fuga da água para recompor o nível Lunar do oceano.
 



É o primeiro ano em que isto começou a acontecer, mas talvez que a inflacção de apanhadores de conquilha seja uma causa possível, e esta hipótese decorre da descoberta por eles de uma técnica para aproveitamento dos bancos de areia que se têm formado ao longo da costa, nadando até lá com o auxílio de pequenos barcos de borracha ou grandes câmaras de ar e emergindo quando mesmo nas marés médias o nível da água já lhes dá pelo peito; no regresso, as boias auxiliares servem para trazer o arrasto de cintura e os bivalves.







 

 


 


 
Salvar os caranguejos de um fim trágico, com a areia perdendo a pouco e pouco a humidade e sufocando-os, ao mesmo tempo que os sujeita ao ataque de micro-organismos saídos do nada, e por vezes às bicadas das gaivotas, foi o destino que a manhã do dia 13 dia de Santo António me tinha reservado.
 
 
 
 
 
 
 

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