Preparar uma boa sopa de Cogumelos silvestres
Como tudo aconteceu. Há vários anos que, ou “por causa” da seca, ou porque não pudemos passar no sítio certo à hora certa, que não conseguimos adquirir os cogumelos silvestres profusamente abundantes na raia do Baixo Alentejo e da Andaluzia, e que são recolhidos nos campos por apanhadores com larga experiência, vendidos nas Aldeias ou nos Pueblos, e que numa curta época também fazem parte das ementas de alguns restaurantes, por exemplo em Moura, Pias e Serpa, apresentados com feijão branco enchidos e entrecosto. Eis senão quando, inesperadamente encontrámos à venda cogumelos “de Paymogo”, cogumelos silvestres comprados “em bruto”, e daí iniciámos os passos para matar saudades de uma boa sopa, que a seguir descrevo como fazer. Não divulgo onde os comprei por causa dos “contabilistas” de Bruxelas que vigiam o IVA, mas também porque a decisão de comprar e depois comer estes frutos é muito pessoal, pelo risco teórico que envolve a decisão em acreditar que os mesmos não são venenosos, o que faz por exemplo com que os meus filhos apenas os tenham podido provar na idade adulta e agora o mesmo se passará com os meus netos. De qualquer forma, embora nunca me tenha atrevido a participar na sua apanha, ajudei a arranjar muitas dezenas de quilos, o que me confere alguma validação sobreposta à dos apanhadores experimentados, e o seu aspecto final depois de despojados do envólocro terroso que os envolve é o de um vulgar champignon de chapéu fechado, embora alguns que despontaram do solo mais cedo na época, se apresentem com o mesmo aberto mas com a Corola branca depois de retirada uma fina película manchada da terra vermelha. Em contacto com o lume, os cogumelos largam a água que conservam no seu interior, e que contribuindo para o caldo, homogeniza a sua segurança alimentar, isto é, como se congela o pré-cozinhado que sobra da primeira gulodice, "sobrevivendo" a esta, as seguintes têm a garantia da digestão com sucesso. Tempos vão longe, em que a minha Sogra os provava no dia em que os preparava e só os deixava comer no dia seguinte!
Retira-se a parte do envólucro/película ao qual vem agarrada sempre alguma terra, depois lavam-se muito bem e cortam-se em pedaços, embora se a quantidade for suficiente, os chapéus mais fechados possam ser levados ao forno cobertos com água e um pouco de sal para servirem de entrada acompanhados de vinho tinto!...Embora trate aqui apenas da “nossa” sopa, são óptimos também com ovos ou num guizado de borrego, para além da já citada versão comercial servida em restaurantes do Alentejo.
Um exemplar antes de ser arranjado
O exemplar anterior pronto para ser lavado
Terra, e película envolvente para um lado, cogumelos para o outro
Para a sopa, por ordem, azeite, cebola verde, alho, cogumelos, água, nabo em cubos, coentros, colorau e feijão em conserva.
Não apresento a imagem da sopa por pudôr e amizade!... e alerto para que não são alucinogénicos!
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