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segunda-feira, outubro 01, 2012

A intimidade com as objectivas




Há muita gente que ainda vai mandando, e desmerece ter nascido neste País. O economicismo primário, até piroso, que se foi progressivamente apropriando de quase todos os recursos colectivos, destruiu de forma mesmo irreversível o direito à fruição de grandes espaços de direito público. Quem vá “percorrendo” as minhas imagens das margens do Guadiana, reconhecerá a beleza imensa de uma parte do País que podia muito bem ser ainda percorrida calmamente de comboio e isso não voltará a ser possível pois a linha sobranceira ao vale que se recortou na formação do rio milénios atrás está em decomposição, e o enorme potencial para um aproveitamento turístico multifacetado desapareceu. Mas, os caminhos que ainda nos podem conduzir a pé até às margens do rio, oferecem em contrapartida outras visões dos contrastes da terra dourada do Alentejo, e isso também vale a pena descobrir, de olhos bem abertos com uma mochila bem preparada para umas horas de calmas passeatas, se, como eu costumo dizer, soubermos ter vontade de ir até lá. Apenas conheço cada margem do rio entre a ponte de Serpa e o Moínho dos Bugalhos, vista do lado oposto e garanto que todos aqueles quilómetros têm tudo menos monotonia ou paisagens repetitivas, como acontece por exemplo nos passeios de barco entre Alcoutim e Vila Real de Santo António, e a prespectivas que já absorvi do meio do rio em cima de um açude, reclamariam por passeios de barco a partir de “Serpa”, muito mais emocionantes que os tão procurados ambientes da Ria Formosa no Algarve. Assim houvesse iniciativa para tal.