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sexta-feira, junho 24, 2011

Portugal como vai

Portugal, inicia agora o período talvez mais difícil da sua história após o 25 de Abril. Pela minha parte, sinto que estou livre para dizer que não acredito na honestidade política dos dois Poderes que vão conduzir os próximos negócios do Estado, e como não sou devedor perante os meus concidadãos sequer de qualquer micro-gota dos vários défices que condicionam a vida de todos, tenho o dever e o direito de exprimir as minhas razões. Da minha pensão de reforma está a ser retirado mensalmente o montante da prestação de um leasing que fiz para trocar de carro, carro este importado, pois Salazar, ao contrário de Franco, com medo do perigo do progresso nunca se atreveu a proferir a frase – “ se querem ter automóveis devem construir uma fábrica”! A minha aquisição automóvel, é um crédito com garantia real, pois o carro valerá sempre muito mais do que o capital em dívida e quando chegar aos 36 meses estará seguramente liquidado. Se a esmagadora maioria da dívida externa do País, que está alocada ao financiamento das Empresas e das Famílias tivesse vindo sempre a ser liquidada nos prazos estabelecidos e ambos estes sectores não consumissem muitíssimo acima das suas necessidades, Portugal não estaria na situação financeira em que está, isto é, se não existissem consumos supérfulos mas custos controlados e realismo económico, os Fundos Europeus teriam permitido consolidar crescentemente o PIB. Mas não foi assim desde que Portugal aderiu à União Europeia, e ninguém melhor do que o actual PR sabe disso, e até tem a maior quota de responsabilidades, primeiro na forma como os sectores vitais para o País não se desenvolveram ou foram definhados e como uma fatia brutal desses fundos foi desviada de forma fraudulenta, perante a inactividade do sistema e aparelho judiciais, e recentemente porque por calculismo político foi adiando a resolução da crise que Portugal viveu com um Governo minoritário incapaz de congregar o realismo socio-económico à volta de uma mobilização geral que transportasse todas as Empresas e as Famílias para o realismo dos nossos níveis de riqueza/pobreza. Nos últimos tempos, os Órgãos de intoxicação social, deixaram de divulgar as estatísticas das dívidas ao Estado e às Empresas, que vão ao mesmo tempo sendo progressivamente apagadas do quadro preto pela “inoperância judicial”. Quanto representará o montante subtraído à economia nos últimos 15 anos, que ficou em contas numeradas espalhadas pelos off shores? E porque prescreveram as acções judiciais intrepostas contra esse devedores? O problema maior do País é a impunidade de que beneficiam milhares de devedores protegidos pela “inacção” dos Sindicatos dos Magistrados, dos Juizes, dos Investigadores e dos Oficiais de Justiça que verdadeiramente atrofiam a produtividade do aparelho judicial, caso contrário nenhum pseudo Banqueiro se teria atrevido a intentar uma fraude gigantesca como as do BPP e BPN, e seriam residuais as acções criminosas dos especialistas em falências fraudulentas. Chegados a este ponto, é vital que apareçam micro-economistas e sociólogos que avaliem e ponderem as soluções que são necessárias desenvolver na base dos tecidos produtor e consumidor para inverter o nível do PIB do País. A globalização, foi por muitos abençoada porque presumidamente evitaria um conflito armado mundial, entre o Ocidente e o Oriente, leia-se China, já que estará a dar emprego a milhões de ex-desocupados ou ex-camponeses que fácilmente poderiam constituir um enorme exército que paulatinamente ocuparia os territórios limítrofes, provocando um expansionismo alarmante e exigindo uma intervenção internacional para a tentar suster. Este potencial exército, tranformou-se numa máquina humana produtora de produtos de baixa qualidade a baixo custo destinados à Europa e aos Países emergentes, e gerou em contrapartida na EU milhões de desocupados, desempregados e dependentes de terceiros, enquanto as dívidas soberanas vão sendo compradas pelos petrodólares e pelo excedente comercial do Oriente, colonizando económicamente a Europa, já profundamente dependente dos detentores de petróleo e de gaz natural. Das duas uma, ou renegamos a nossa herança cultural e a Democracia tal como a viemos a conhecer, aceitando que sejam petrodólares, o yene, e todos os detentores das matérias primas de que ficámos dependentes, a determinar o rumo da nossa autonomia, ou fazemos frente a este modelo desastroso, estabelecendo um novo paradigma de consumo que previlegie a procura interna da maioria de todos os meios de consumo básicos, e aprofundando as alternativas ao modelo energético vigente.
Acabamos de conhecer os dados que confirmam a entrada em recessão da economia portuguesa, com dois trimestres consecutivos a apresentar registos negativos da variação do PIB em cadeia. “O valor, é uma décima percentual inferior ao que tinha sido avançado na primeira estimativa rápida do INE, no dia 13 de Maio, mas este recuo do produto interno bruto fica a dever-se, essencialmente, à queda pronunciada da procura interna, já a reflectir o quadro de crise em que os portugueses vivem. O contributo da procura interna para a formação do valor final foi, entre Janeiro e Março, de -3,4 por cento, sendo em parte compensada pelo aumento de 2,9 por cento na procura externa líquida- entre Outubro e Dezembro de 2010 tinha caído também 0,6 por cento face ao trimestre anterior.A procura interna tinha contribuido de uma forma marginal (0,1 por cento) para a formação do PIB no quarto trimestre de 2010, enquanto a procura externa líquida (exportações líquidas de importações) avançara já 0,9 por cento nesse mesmo período. A análise do INE mostra que o recuo da procura interna é, numa parte importante, consequência da descida acentuada do valor do investimento - 5,9 por cento no trimestre. Num quadro de grave crise das finanças públicas, o consumo público perdeu 4,3 por cento e o consumo privado, com o avanço do desemprego e as perspectivas negras para o futuro, teve um recuo de 2,1 por cento. O principal recuo na área do investimento deu-se na rubrica de máquinas e equipamentos (-12,1 por cento), seguido do equipamento de transporte (-11,3) e da construção (-4,1). Do lado da procura externa, o INE assinala um avanço das exportações de bens e serviços (8,5 por cento), um resultado que é 0,7 por cento superior ao observado no trimestre anterior, e um recuo das importações de 0,8 por cento, contra um crescimento de 3,8 por cento no último trimestre do ano passado. Os preços implíticos nas exportações aumentaram 6,3 por cento e nas importações cresceram 9,4 por cento, resultando num termo de troca desfavorável ao país de -2,8 por cento”.
Estes dados, confirmam as opiniões de vários economistas americanos e prémios Nobel, que arrasam a estratégia das medidas que a UE impôs à Grécia para pretensamente ajudar os Gregos, e que pretende estender a Portugal, embora muitas reformas já feitas em Portugal esperem ainda na Grécia por ser inculcadas na indecisão dos seus dirigentes, e portanto a ligeireza da analogia entre os dois Países que tem eco nos sectores conservadores dos órgãos de intoxicação social é um ataque objectivo à capacidade de recuperação do nosso País, mesmo descontando as falinhas mansas da Sra Christine Lagarde que anda em peregrinação à procura de apoios para que os conservadores neoliberais controlem ainda mais a economia Mundial através do FMI.
Quando no novo Parlamento, uma maioria de Deputados eleitos por apenas cerca de um terço dos Portugueses pretende alargar as receitas económicas do FMI, interrogo-me sobre quais serão as formas, e que gentes poderão fazer frente a essa caminhada para uma nova ditadura político/económica, enquanto se mantéem intocáveis poderosas corporações, em especial o campo judicial que vai dando cobertura ao enriquecimento continuado dos especuladores financeiros que actuam em todos os sectores de actividade geradores de lucros. Para ser mais explícito, no último leilão de dívida pública do País antes do novo Governo, os bilhetes de tesouro a 90 dias foram comprados pelos mais diversos “investidores” recebendo de juros cerca de 5%, ou seja, 20% ao ano! Passa pela cabeça de alguém que daqui a 3 meses Portugal não reembolse aquelas aplicações? Quem pode concordar, e aceitar de braços cruzados, que este lucro fácil e brutal, tenha algo a ver com auxílio à economia do País e ao seu desenvolvimento? Entretanto, os juros da dívida sobreana continuam a subir, contrariando as proclamações e promessas do novo Governo

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