Calouste Sarkis Gulbenkian (1869-1955), de origem arménia, nascido no Império Otomano, em Scutari, junto a Constantinopla, cedo estabeleceu relações duradouras com o Reino Unido.
Em 1887, conclui a sua formação em engenharia e ciências aplicadas, no Kings College de Londres, cidade onde se casa com Nevarte Essayan, em 1892. Londres será também a cidade onde fixa residência, adquirindo uma das casas da família - o n.° 38 de Hyde Park Gardens -, que passa a habitar em 1899, lugar do nascimento, no ano seguinte, de sua filha Rita Sivarte. Em 1902, adquire a nacionalidade britânica.
A partir da importante praça financeira londrina irá promover negócios a nível global e desenvolver uma rede de contactos com negociantes e especialistas de arte, muitos dos quais serão figuras-chave no aconselhamento das suas aquisições e no destino a dar às suas coleções.
O ecletismo que caracteriza as suas múltiplas escolhas encontra em Inglaterra o ambiente fértil e os interlocutores certos à construção de um gosto que é tanto singular como tem afinidades com importantes coleções de contemporâneos.
Não será portanto de estranhar que efetue empréstimos de longa duração de importantes núcleos das suas coleções a prestigiadas instituições britânicas, como o British Museum (núcleo de arte egípcia, 1936-1950) e a National Gallery (pintura, 1937-1950).
A exposição possibilita uma perspetiva sobre o colecionismo de Calouste Gulbenkian a partir dos anos passados em Londres, que correspon-dem à génese da coleção. Desenha-se um percurso de várias décadas de aquisições de arte inglesa ou «ao gosto inglês», através de obras que se encontram habitualmente em reserva, algumas delas inéditas, a que se associou Retrato do General William Keppel, de Sir Joshua Reynolds, pintura oferecida por Calouste Gulbenkian ao Museu Nacional de Arte Antiga, em 1949, e agora amavelmente cedida por este museu.
A importância do fundo documental que os Arquivos Gulbenkian encerram, assim como o acervo da biblioteca de documentação que Calouste Gulbenkian reuniu ao longo da sua vida, e que se encontra hoje à guarda da Biblioteca de Arte, são contributos fundamentais para continuar a desvendar um pouco mais das suas múltiplas facetas de colecionador.
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