Na introdução explicativa à exposição - “J’AIME LES PANORAMAS” S’APPROPRIER LE MONDE – fica a saber-se que o fenómeno da representação circular das paisagens foi criado “simultâneamente” na Suiça pelo cientista Horace-Bénedict em 1776 e na Escócia pelo pintor Robert Barker em 1787. Vale a pena parar um pouco para sorrir sobre a “qualidade” do tempo em que um decénio não perturbava o conceito do simultâneo, e agora, nas artes é necessário não ultrapassar um minuto para evitar a irrealidade das ondas electromagnéticas da informação globalizada que espraiam as cores e as formas potenciando a cópia e impedindo, confundindo e aviltando a verdadeira paternidade.
Na geometria arquitectónica angular a que estamos confinados no interior das nossas casas, sabe bem utilizar um pedaço de parede para suspender uma imagem que a recorte com a ilusão de estar ali aberta uma janela para um mundo intenso e tão amplo quanto possível, mas que nunca vai para além da captura de cento e oitenta graus de horizonte, mais ou menos aproximados da prespectiva real.
A visita a esta exposição, aconteceu pressionados pela nossa filha V, que a considerava essencial para os que vivem entre a fotografia e a arte, e foi a nossa primeira oportunidade para apreciar uma instalação de uma fotografia circular, bem como os desenhos e as pinturas que o seu conceito também enquadrou quando através da pena ou do pincel, desenhadores e pintores tinham tendência para alargar os horizontes das suas obras.
A fotografia circular, dos tempos “antigos” obrigava a um exigente trabalho técnico de montagem dos sucessivos fotogramas rigorosamente impressos, e a resolução final que acabámos por visitar requeria um amplo espaço ( cerca de quarenta metros quadrados ) que permitiu a sua colocação ao um nível do olhar de uma pessoa com um altura “normal”, e uma iluminação equilibrada de todo o conjunto que facilitou a observação de todos os detalhes e do efeito de conjunto.
Com a tecnologia digital, podemos imaginar planificar com facilidade todo o horizonte, mas nada se compara, à iluminação natural sem a descontinuidade dos requebros gerada pelos reajustes dos fotómetros, e à Intrepretação magnética do nosso observatório central. Podemos fazer um ensaio circular, mas depois não temos meios de o projectar; aqui vai o exemplo de duas vezes cento e oitenta graus ao redor do menir do Padrão em Vila do Bispo.
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