Não sei como pensam todas as pessoas que gostam de viajar, e no último terço da vida avaliam a probabilidade de regresso a locais distantes das suas moradas e que sempre exerceram sobre elas uma forte atracção magnética, traduzida depois em banhos de informação cultural e de registos sensoriais de forte plasticidade, geradores de retornos, trazendo consigo memórias físicas que acabam enchendo, cada vez menos prateleiras e cada vez mais arquivos digitais, e são forte pretexto para realizações pessoais prolongadas por vários registos.
A penúltima vez em que estivemos em Paris ocorreu uma semana antes do atentado terrorista ao Bataclan, e durante essa estadia, como de costume no “bairro onze”, num passeio nocturno passámos junto à esplanada do restaurante onde aquele ataque também produziu vítimas. Prometemos então a nós próprios que tomaríamos parte das reacções interiores expontâneas que pontuaram a resistência ao terror, regressando tão breve quanto possível a Paris; assim aconteceu, e no fim da estadia partimos da Cidade Luz com um sentimento neutro em relação ao futuro, atitude que decidimos adoptar a partir daí, deixando para trás qualquer pontuação relativa aos anos de vida restantes. A divisão e numeração administrativa anelar dos bairros de Paris que cresceu à medida da sua expansão territorial são um contraste com a Lisboa que nos viu crescer, e onde as numerações administrativas se resumem de forma aleatória aos cartórios e balcões da autoridade tributária.
Os insondáveis comandos do Universo provocaram mais um regresso para dormirmos junto à Praça da Bastilha, a estratégia que sempre seguimos quando a estadia é curta e o programa de visitas extenso, permitindo-nos rentabilidade na gestão dos transportes e da alimentação, pelos conhecimentos anteriormente acumulados. As regras que na actualidade condicionam as deslocações lowcost, têm várias vantagens, desde levarmos apenas o essencial, eliminar as compras “inúteis”, embora restringindo as úteis, e deixar o aeroporto como quem se apeia de um autocarro.
Os pretextos anteriores para visitar Paris nasceram com a pujança programática do Museu Picasso no ano em que comemorou quarenta anos, e para prevenir a prevista forte afluência, depois confirmada, partimos já com os ingressos de entrada adquiridos online. Desta vez, a mesma base iniciática, com o prolongamento do aniversário recheado de novas realizações entre as quais se salienta a instalação de um variado percurso expositivo intitulado “Picasso 1932. L’année erótique”, e para a qual reservámos online uma vista guiada com data e hora marcadas. Este detalhe, reflete bem como “o online” é hoje uma ferramenta fundamental para simplificação de inúmeras facetas das actividades pessoais do dia a dia; desde os ckeckin online que nos permitiram imprimir os bilhetes de avião e chegar um pouco mais tarde ao aeroporto, até ao checkin online da reserva de hotel onde ao chegarmos nada mais se passou do que trocar a folha A4 da reserva impressa em casa por um envelope contendo as “chaves” do quarto, mapas da Cidade e a oferta de uma bebida no bar.
A penúltima vez em que estivemos em Paris ocorreu uma semana antes do atentado terrorista ao Bataclan, e durante essa estadia, como de costume no “bairro onze”, num passeio nocturno passámos junto à esplanada do restaurante onde aquele ataque também produziu vítimas. Prometemos então a nós próprios que tomaríamos parte das reacções interiores expontâneas que pontuaram a resistência ao terror, regressando tão breve quanto possível a Paris; assim aconteceu, e no fim da estadia partimos da Cidade Luz com um sentimento neutro em relação ao futuro, atitude que decidimos adoptar a partir daí, deixando para trás qualquer pontuação relativa aos anos de vida restantes. A divisão e numeração administrativa anelar dos bairros de Paris que cresceu à medida da sua expansão territorial são um contraste com a Lisboa que nos viu crescer, e onde as numerações administrativas se resumem de forma aleatória aos cartórios e balcões da autoridade tributária.
Os insondáveis comandos do Universo provocaram mais um regresso para dormirmos junto à Praça da Bastilha, a estratégia que sempre seguimos quando a estadia é curta e o programa de visitas extenso, permitindo-nos rentabilidade na gestão dos transportes e da alimentação, pelos conhecimentos anteriormente acumulados. As regras que na actualidade condicionam as deslocações lowcost, têm várias vantagens, desde levarmos apenas o essencial, eliminar as compras “inúteis”, embora restringindo as úteis, e deixar o aeroporto como quem se apeia de um autocarro.
Os pretextos anteriores para visitar Paris nasceram com a pujança programática do Museu Picasso no ano em que comemorou quarenta anos, e para prevenir a prevista forte afluência, depois confirmada, partimos já com os ingressos de entrada adquiridos online. Desta vez, a mesma base iniciática, com o prolongamento do aniversário recheado de novas realizações entre as quais se salienta a instalação de um variado percurso expositivo intitulado “Picasso 1932. L’année erótique”, e para a qual reservámos online uma vista guiada com data e hora marcadas. Este detalhe, reflete bem como “o online” é hoje uma ferramenta fundamental para simplificação de inúmeras facetas das actividades pessoais do dia a dia; desde os ckeckin online que nos permitiram imprimir os bilhetes de avião e chegar um pouco mais tarde ao aeroporto, até ao checkin online da reserva de hotel onde ao chegarmos nada mais se passou do que trocar a folha A4 da reserva impressa em casa por um envelope contendo as “chaves” do quarto, mapas da Cidade e a oferta de uma bebida no bar.
Assim, chegando à hora do almoço, foi só escolher a esquina onde comer algo para logo caminharmos até ao metro, e adquirir uma série de 10 bilhetes abreviando a chegada ao Museu Pompidou, já que o percurso pedonal podia não proporcionar novos atractivos, e a atmosfera estava um pouco diferente daquela a que os nossos corpos vinham formatados.
Paris, est toujours Paris, même à la pluie!
Paris, est toujours Paris, même à la pluie!
L’art d’André Derain n’a pas donné lieu à de grandes monographies depuis la rétrospective que le Musée d’Art moderne de la Ville de Paris a consacré à son œuvre en 1994, soit depuis plus de vingt ans.
Ce peintre français a joué un rôle moteur et intellectuel dans l’éclosion des deux grandes avant-gardes du début du 20e siècle, le fauvisme et le cubisme. Il engage en solitaire un retour précoce au réalisme, annonçant tous les mouvements figuratifs de réalisme magique, depuis l’Ingrisme de Picasso, la peinture métaphysique de De Chirico ou la Nouvelle Objectivité allemande. L’œuvre d’avant-guerre de Derain, d’une très grande inventivité et audace, est fascinante.
Proche de Maurice de Vlaminck et d’Henri Matisse, puis de Georges Braque et de Pablo Picasso, André Derain se confronte avec force au fauvisme et au cubisme et développe jusqu’à la Première Guerre mondiale une œuvre puissante. Multipliant les expérimentations plastiques, il aborde la peinture, le dessin, la xylographie, la sculpture, la céramique, le cinéma, et pratique jusqu’à la fin de sa vie, en parallèle de sa peinture, la photographie…
Il y a vingt ans mourait César (1921-1997), l’un des plus illustres et des plus méconnus artistes de son temps. Illustre, il l’avait été à l’âge de 25 ans, lorsque, « monté » à Paris en 1944, il avait mis au point sa technique des « fers soudés ». Méconnu, il l’était : la faconde et la manière d’être affichées en public cachaient une difficulté à se satisfaire des seules œuvres qui avaient fait son succès.
Loin d’être l’homme des « Fers soudés », « Compressions », « Empreintes » et « Expansions », César était resté attaché à une idée de la sculpture peuplée d’un bestiaire et de figures humaines qu’il voulait à l’égal de celles des maîtres admirés. Moderne, César l’avait été à l’instar des Nouveaux Réalistes, rejoints en 1960. Inventif, guidé par la seule logique du matériau, attaché à incarner son temps, il rejouait son œuvre en gestes novateurs et décisifs qui firent sa notoriété. Métamorphosant le langage et la pratique de la sculpture, il revenait toujours aux techniques inventées lorsque, sans le sou, il soudait fragments et déchets de métal récupérés. Portées par la mythologie du récit de leur conception, Le Poisson, La Vénus de Villetaneuse, La Ginette en étaient les icônes. Elles incarnaient ce rapport intime à la création, une praxis qui ne déléguait rien à la machine et ne devait qu’au pouvoir de ses mains. Plus tard, Le Centaure, en hommage à Picasso, l’occupa avec passion. César avait aussi le goût du monumento.
De cette opposition entre un faire artisanal et une pratique fondée sur le pouvoir de la machine et des techniques industrielles, César fit une dialectique, un va-et-vient, une méthode, ouvrant ce que son ami Raymond Hains appelait des « chantiers », y revenant sans cesse, s’inventant des outils, poussant plus loin sa curiosité. César, devant ses « Enveloppages » de feuilles de Plexiglas, ses « Championnes » faites de carcasses de voitures accidentées, devant sa « Suite milanaise » de voitures neuves compressées et laquées, se nourrissait de ses expériences, les rejouant en autant d’exercices, guidé par une réflexion sur le langage de la sculpture, à l’ère des temps modernes. À Cluny en 1996, il s’évertuait encore « à refaire des choses nouvelles ».
Né dans le Paris de Saint-Germain-des-Prés et de Montparnasse de l’après-guerre, son œuvre était une perpétuelle remise en question, dans une veine n’ignorant rien de celles de Picasso, Giacometti, Germaine Richier… Les moments décisifs – qui donnèrent à son travail une tournure inégalée et lui firent inventer parmi les grands paradigmes de la sculpture du 20e siècle – auront été rythmés d’œuvres pérennisant une idée du métier que César lui-même avait contribué à faire disparaître.
Entretanto, a noite havia chegado e a beleza de Paris espreitava para lá das estruturas metálicas do Centro Museológico.
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