O que é mais importante na análise ao fenómeno da
representação antropromorfa no Neolítico de cada região é o seu significado, e
não a “disputa nacionalista”, pois a visão cada vez mais acertiva da origem
profunda das populações que elaboraram “estes ídolos” é certamente bem mais
Europeia do que estritamente autoctone, mas nesta exposição também é indesculpável
terem alterado o mapeamento dos achados arqueológicos ibéricos centrando-os no
território espanhol, e mais grave ainda ignorando no catálogo não apenas o
“corpus” mais antigo, da autoria da investigadora Espanhola Maria José Almagro
Gorbea, mas toda a vastíssima bilbliografia publicada em Portugal.
Quero acreditar que terão existido razões para custear na
colecção do Museo Nacional de Madrid a representação Ibérica nesta exposição, seja
porque o investimento de investigação preparatório foi insuficiente, seja
porque a tutela científica do Museu Nacional de Arqueologia está enquilosada, mas
a verdade é que do ponto de vista não apenas estético mas acima de tudo científico,
há milhares de peças de importância infinitamente superior, e portanto muito
mais relevantes para nela terem figurado, actualmente residentes em vários
Museus de Portugal e de Espanha, como é o caso do Mundo das Representações em
Xisto (Placas, Báculos “Ídolos”), dos ídolos em calcáreo ou mármore, e das
representações antropomorfas em marfim encontradas no Sudoeste e algumas delas
(poucas) expostas ao público condignamente nos Museu.
Com o potencial da localização deste evento e o investimento
na sua promoção, que atinge até os costados dos transportes públicos mais
visíveis, uma escolha mais criteriosa nos conteúdos da Peninsula Ibérica teria
podido colocar à disposição de um público tão diversificado, um impacto próximo
do que é gerado pelos conjuntos “Orientais” que deixam aos novos observadores
um vasto conjunto de interrogações sobre as capacidades criativas do Homem
Neolítico no que respeita às “representações humanistas”.
Resultou afinal uma representação expositiva numérica através
do rácio dimensional de cada região, e assim as imagens traduzem essa escolha.
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