Vive-se então a possibilidade de sermos levados num
invólucro com um panorama de 360 graus que não se aprecia devidamente porque os
pontos que nos atraem o olhar deslizam mais céleres do que a nossa capacidade
para guardar a análise da informação disponível como uma amiba a deslizar numa
solução aquosa debaixo da lente de um microscópio. Mas esses raios de luz
escorregadios são os primeiros interlocutores, e até dispensam tradutor mental,
e também não provocam rubor após as primeiras frases na língua local cuja fluência só se atinge ao terceiro dia. No
fundo de uma casca de noz amarela estreei a minha implicação com os
projectistas incapazes de admitir a existência de seres humanos acima de 1,80
metros, testando com a cabeça a resistência do tecto da embarcação, e daí a uma
corrida ondulante até que as águas acalmam entre canais marginados por pallazzi
seculares que se mantêm aparentemente imóveis e com balcões disponíveis só para
bolsas cada vez endinheiradas.
Sem comentários:
Enviar um comentário