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sexta-feira, agosto 14, 2015

A Arqueologia e a Herdade do Esporão, uma colheita de Eleição.

O envelhecimento, chamemos-lhe “sustentado”, não se conforma com a memória já ocupada, deve prosseguir com desafios cada vez mais fortes e adequados às nossas capacidades físicas, já que as mentais estão só dependentes da frescura muscular que vive no centro de comando do exercício das vontades. Na véspera de mais um Dia de Festa, porque na verdade ela começa hoje, faz bem recordar que uns dias atrás, fiz quinhentos quilómetros numa volta de trezentos e sessenta graus, pela necessidade de finalmente conhecer um “sítio” que encerra muitos segredos, alguns desvendados de quando em vez, sobre o “mundo” que ocupa parte do pensamento diário, e quase no fim do longo dia foi gratificante poder assistir, com alguns “Amigos da Causa”, à inauguração de um novo Museu de Arqueologia no Alentejo, e a devida nota detalhada fica para um pouco mais tarde.


Depois do solene casamento de papel firmado entre uma Indústria do Vinho de primeira linha e a Arqueologia, todos os seus súbditos fieis ficámos alegres, não por perfumados vapores alcoólicos, mas pela esperança nos resultados das “colheitas” anuais.
Uma figura principal da Era Arqueologia disse naquele dia que “o Sucesso na exploração arqueológia na Herdade dos Perdigões situada em Reguengos de Monsaraz resultou da feliz coincidência entre a descoberta do sítio, e o Partido Socialista ter adoptado a Arqueologia como instrumento eleitoral”, sublinhando o autor da frase, que todos se lembrarão de - “as gravuras não sabem nadar”! De facto, na sequência das discussões em torno de Foz Coa, reforçou-se a capacidade de intervenção pública na defesa do património arqueológico nacional, através do entretanto criado Instituto Português de Arqueologia, o IPA, destruído pelo actual Governo, que impediu o plantio da vinha na zona da Herdade dos Perdigões onde se haviam encontrado fortes indícios de uma importante ocupação pré-histórica. Em boa hora a Finagra, proprietária da Herdade do Esporão que havia adquirido aquela propriedade, se entusiasmou com a complementaridade cultural que a exploração sistemática dos Perdigões podia aportar ao seu negócio de eneoturismo.
Anualmente, com o apoio do Esporão, a ERA Arqueologia promove o Dia Aberto dos Perdigões durante o qual, entre outras actividades, os arqueólogos, ao mesmo tempo que trabalham no terreno recebem os visitantes, explicando o enquadramento e o desenvolvimento das investigações, e o António Carlos Valera proferiu uma palestra sobre o Complexo Arqueológico dos Perdigões.
Os Perdigões, que ocupam cerca de catorze hectares situam-se numa larga planície com uma ligeira elevação, como se de um anfiteatro se tratasse, aberto para ocidente, e que permite uma alargada e profunda visão, tendo Monsaraz como recorte mais significativo no horizonte, vem revelando ocupações desde o Neolítico final (3.500 a.c.) até ao Calcolítico (2.000 a.c.), e depois abandonado sem que até agora se encontrem explicações para esse facto. Em toda a área ocupada, está identificada a existência de várias linhas de fossos circulares e quatro entradas orientadas pelos pontos do nascer e do por do Sol nos Solstícios de Verão e de Inverno. Se tomarmos os Perdigões como um marco, e observarmos a localização dos mais próximos monumentos megalíticos, todos eles se situam a leste num enquadramento de cariz astronómico.
Uma curta visita às escavações é no entanto suficiente para compreender a imensidão do desafio científico multidisciplinar, já que desde 1998 só um por cento do território foi explorado, estando publicada pela ERA parte da interpretação do mundo dos seus habitantes e construtores, e disponíveis para observação três centenas dos materiais mais significativos num Museu situado na Torre do Núcleo Histórico do Esporão. 
 








E, para saber mais sobre a actividade das campanhas nos Perdigões está disponível muita informação no endereço

 

http://perdigoes2011.blogspot.pt/search?updated-max=2014-07-13T15:13:00%2B01:00&max-results=50&start=44&by-date=false


O Dia Aberto dos Perdigões, é um momento que não pode perder-se quando o tempo já é curto, e é também um dia em que o Alentejo mostra a potencialidade natural de atracção para alguns dos seus horizontes mais desconhecidos, e no presente revela-se porque foi o território que mais cresceu nas vertentes turística e cultural.

 
 







 
 Duas imagens da Herdade do Esporão, do lago e da adega.



 

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