A imagem da “peça” arqueológica deste mês transformou-se, pela sua importância, no relato de um acontecimento especial ocorrido num Monumento Megalítico.
Fez-se dia, e da varanda do quarto a imponência do horizonte marcado pelo recorte da cabeça adormecida na Peña de los Enamorados, que se julga ter sido decisiva na implantação do conjunto megalítico de Antequera, e com quem se terão “relacionado” os planificadores do corredor do Dolmen de Menga.
Fez-se dia, e da varanda do quarto a imponência do horizonte marcado pelo recorte da cabeça adormecida na Peña de los Enamorados, que se julga ter sido decisiva na implantação do conjunto megalítico de Antequera, e com quem se terão “relacionado” os planificadores do corredor do Dolmen de Menga.
A celebração do Equinócio Megalítico no interior do Dolmen de Viera ocorreu já o Sol tinha subido bem por cima do Cerro de San Cristobal. Na sua trajectória circular o Sol começou por iluminar os ortóstatos do corredor à esquerda de quem entra e foi invadindo o Dolmen até atingir a Câmara funerária e continuar o seu percurso iluminando os ortóstatos do lado oposto. Os 12 “convidados” encostaram-se em fila, primeiro de um lado e depois no oposto, enquanto um músico “escondido” na Câmara acompanhava os raios solares com instrumentos de precursão e de sopro, revelando a sonoridade excepcional oferecida pelo interior do Monumento.
Para fecho, o Músico Jose Manuel Ariza completou a sua performance junto dos visitantes sentados na entrada do Monumento, e antes de regressar à realidade a Victória Perez ainda me presenteou com um exemplar do MENGA 07, ainda em edição, como agradecimento pelo meu modesto e nele citado contributo em “An overview of chalcolithic copper metalurgy from Southern Portugal”.
Minutos inesquecíveis, onde tenho de intercalar a visita na véspera ao Dolmen del Romeral, talvez o mais impressionante da Conjunto de Antequera pelo processo construtivo das duas Câmaras funerárias contíguas em falsa cúpula, tal como nos “nossos” Monumentos de Alcalar.
Liberdade plena no significado a atribuir à projecção da minha sombra na entrada do Monumento.
Há uma imagem do romper do Sol pelo corredor do Dolmen de Viera, que gostaria de poder ter captado mas já estava dentro do Dolmen nesse momento, e por isso “roubei-a” à publicação no FB pela entidade gestora do Monumento.
Na imagem seguinte, de quando já o Sol havia nascido e quando nos aproximámos do Dolmen, podia-se observar que o cerro mais próximo da colina de implantação do Monumento já se encontrava bem soleado, e por isso o rigor posto na sua construção para que, medindo a cota com rigor, num determinado momento a iluminação do corredor correspondesse aos desígnios da actividade cénica que envolvia o ritual da relação entre a importância o Sol e as populações que viveram nas suas proximidades, e que erigiram aquela importante estrutura pétrea. É admissível a teoria da abertura anual do espaço funerário para que os restos mortais já ali depositados fossem iluminados pelo Astro Rei na ocasião do Equinócio.
Parte do mini-concerto de música ancestral com que terminou o evento está disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=twN5HMk6fXY
https://www.youtube.com/watch?v=a-NKhPdfsYo
https://www.youtube.com/watch?v=iG4-7WnRdaU