Um espaço de transpiração, comunicação e partilha de sensações na apropriação de planos do Planeta que nos acolhe. Como objectivo principal, o perfeccionismo, para deixar àqueles de quem gosto uma ideia prática da responsabilidade em olharmos à nossa volta e não deixarmos passar despercebidas a luz e as sombras de cada instante. Mas também, dar conta de fragrâncias e sabores que me toquem, dar nota de outros estímulos aos meus sentidos e, dar eco dos criadores do Belo.
E
domingo, novembro 30, 2014
sábado, novembro 29, 2014
EVERYTHING MIGHT BE DIFFERENT
Um novo Museo de Arte Contemporânea não é necessariamente um “museu novo”, embora um espaço museológico acabado de inaugurar traga consigo as tecnologias mais actuais que enriquecem as propostas ou as “provocações” mas que infelizmente para a Cultura não têm peso mais atractivo do que o sortilégio de uma tal dita playstation, porque é cada dia mais difícil fazer entender que uma “máquina” de jogos não é mais do que um jogo de ilusões incapaz de atravessar um espelho nem ajudar num esboço das dificuldades com que a vida tem invadido as consciências e vem renovando as escolas de pensamento. As várias correntes da arte dita “moderna” expressam-se públicamente se esse for o critério dos comissários responsáveis pelos conteúdos das exposições temporárias ou permanentes, e que nos dois casos que acabamos de apreciar se distanciam como o lagarto da águia. Como nenhum de nós dois gosta de “instalações” desinstaladas, estas ficam e deixam-se para trás, a não ser que a imaginação criadora tenha por instinto reservado um espaço neuronial que mais tarde se há-de revelar de uma forma imperceptivel.
Um Museo Novo, ou quiçá um espaço de mostra da arte contemporânea, que não tem que ser necessariamente “moderna”, também podem ser qualquer deles até o pretexto para explorar o instinto das auto-imagens, renovar a imagem do perfil de um casal de idosos contemporâneos de muitas escolas artísticas, situando-as no espaço e datando-as.
Na Madre (Napolitano) num edifício/palazzo onde o branco pontua em todas as divisões, a claridade natural detalha a obra exposta nos andares superiores, havia agora de tudo, desde “algum mau gosto” (no meu conceito claro…) até expressões plásticas de bem apreciáveis vanguardas e invejáveis até para quem gosta de criar, com a fotografia actualmente na crista da onda, numa estranha relação com uma Cidade em que no meu entender não há de facto desordem.
Em Napoli, encontra-se sim uma coerente e calma fusão entre os montes de lixo (quase que modernas “instalações” de rua), os edifícios de meados do século XX em ruína acelerada, os edifícios medievais apropriados pelo capital e bem conservados, e recentemente um significativo alargamento de rede de metropolitano cujas obras teimam em não acabar e nunca mais destapam alguns dos mais abertos planos da Cidade para que seja possível olhar a sua singularidade de todos os lados e a todas as horas, e possibilitar um juÍzo definitivo que confirme ou contrarie a ideia mais vulgar de que um porto mediterrâneo tão antigo e tão acessível a um vasto conjunto de povos de continentes fronteiros e próximos de influências desde há pelo menos cinco milénios, tinha de produzir um estado sociológico de miscenização cultural, em que a barafunda não é mais do que uma acessória consequência do comércio como ponto central da sua actividade.
Em Florença, num espaço acabado de ser inaugurado, a Exposição integrou-se de uma forma natural e harmoniosa com o Claustro e os interiores do velho Pallazo que acolheu o Complesso dello Spedale delle Leopoldine, com a frente iluminada pelo reflexo dos feixes de luz provindos da fachada branca reluzente da Igreja de Santa Maria Novella. Os Museus não se demonstram, visitam-se nem que seja tirando partido das possibilidades de o “fazer” hoje em dia, no diz-se virtualmente, para que as relações entre o olhar e obra se estabeleçam desprovidas de regras ou sugestões, e assim estas poucas imagens mais não fazem do que simbolizar a representação de uma assinatura no canto de uma tela.
Para saber mais -
A Madre
(http://www.madrenapoli.it/en/)
Museo NoveCento (http://www.museonovecento.it/)
sexta-feira, novembro 28, 2014
SIENA, A intimidade com as objectivas
As imagens, são o resultado de um processo de construção que quase sempre não tem tempo para passar pelo projecto, e assim, vai-se rodando o olhar à medida que a luz do dia cria a sombra onde já esteve o brilho, embora também seja hoje possível olhar logo para o resultado e condicionar o gesto seguinte aproximando-nos da quantidade de azul ou de preto de que mais gostamos.
quinta-feira, novembro 27, 2014
O Cante do Alentejo Património Mundial da UNESCO
A Fotografia não fala (forçosamente) daquilo que não é mais, mas apenas e com certeza daquilo que foi.
Roland Barthes
Esta imagem, retirada de uma película
positiva dos anos 70, é uma Fotografia, e para além do que decreta, é também
uma página do livro das histórias que ainda alguma gente é capaz de nos(vos) contar sobre,
“Férias Grandes”, cigarros feitos à mão, longas conversas, açordas, galinhas, laranjas romã,
borregos, esconderijos de Gigantes, Famílias e namoros.
Hoje, 27 de Novembro, esta Fotografia, é também a minha homenagem possível a um Homem já desparecido, velho cantador e criador de "modas", algumas delas ouvidas hoje nos média Portugueses a propósito da distinção que o Cante acabou de merecer, e um dos actores que contribuíram para a criação deste instantâneo sendo que os dois não perdiam uma oportunidade para "cantar à Alentejana", ou ouvir o Cante lá pela Aldeia Nova de S.Bento.
SIENA, imagens de rua
Um dos símbolos mais característicos de Siena, e espalhado pela Cidade em muitos objectos, é o monograma do Spedale di Santa Maria della Scala encontrando-se a cada passo nas suas fachadas gravado nos mais diversos suportes. Não deixa de ser ainda curiosa a representação númerica do quatro presumidamente na simbologia romana no século dezoito.
quarta-feira, novembro 26, 2014
terça-feira, novembro 25, 2014
segunda-feira, novembro 24, 2014
SIENA, Itália, A Torre del Mangia
Nascido o dia, constatado que o mostrador do relógio da Cidade havia rodado de 13 para 14 tal como o swatch que trazemos no pulso, depois de uma noite em que a tempestade atingiu com brutalidade muitas localidades na Toscana, a luz rompeu durante algum tempo os castelos de nuvens, e era imperativo tomar balanço para voar até aos planos que só algumas aves dominam,
embora no ápice que decorre entre subir e descer exactamente um número (mágico?) de quatrocentos degraus, e fazer durante o tempo “contado” para permanecer na “verga”, alguns dos planos que se guardarão em velhas caixas de folha, como as bolachas mais preciosas, apeteceria ter parado para tomar logo notas escritas do conjunto de imagens que não cabem num cartão de memória, não fora a ausência de espaço na imbricada escadaria que tínhamos pela frente.
O começo da aventura pela escadaria acima construída com tijolo burro, a matéria prima com que quase todos os edifícios da Cidade foram edificados, foi a parte mais desconfortável para gente da minha estatura, mas tudo amainou talvez passados cerca dos primeiros cinquenta degraus, quando a implantação da escadaria fica mais ampla e deixando de se restringir a um apertado túnel em caracol quadrangular, com algumas estreitas frestas de vez em quando, por vezes no extremo de um nicho habitado em alguns casos por pombos que conseguiram romper as redes e as pontas de aço aguçadas que protegem muitos beirais e algerozes, surgindo já alta a primeira das 3 plataformas intermédias, com janelas bem rasgadas, que não apenas oferecem pontos de observação cardeais abertos sobre ângulos fechados dos bairros citadinos, com cada vez mais horizonte, mas também iniciam o retempero dos ritmos cardíacos dos escaladores.
Quando se atingem os terraços quadrangulares, logo se observa que um dos seus centros acolhe o sino difusor da hora que regula a vida dos senesi, e se constata que ecoando o som por todo o casario envolvente, como já o tínhamos sentido da janela do b&b onde pernoitámos (no 208, tal como havia acontecido em Napoli!), para quem estava ali tão próximo fê-lo de forma suave, clara e confortável. O sino maior que Siena chama de " Grande Bell", mas também chamado de "Resumo" porque dedicada à Virgem Maria, data de 1666, após várias tentativas frustradas de fusão, instalado inicialmente após o fim da peste que atingiu a cidade em 1348.
Depois do primeiro abanão visual, e uma ávida primeira volta de 360 º para se estabelecer o sentido na busca pelos recortes de cada conjunto aleatório de edifícios, e depois pelo detalhe dos Pallazi que mais se destacam e foram residência dos dominadores de cada bairro, começou a contagem mental do tempo “autorizado” para a nossa permanência no cimo de um dos mais espectaculares miradouros citadinos, pela relação tão equilibrada que potencia entre as distâncias que a vista humana pode alcançar com uma aceitável nitidez.
A Torre del Mangia, cujo recorte se aprecia de longe por entre as frestas das ruas estreitas ou debaixo dos arcos dos vícoli que dão acesso à Piazza del Campo, tem 87 metros de altura, e é assim chamada porque entre 1347 e 1360 a Comuna entregou essa tarefa a Giovanni Balducci apelidado de "Mangia" ou "Mangiaguadagni", e durante algum tempo “tornou-se” no pára raios da Cidade pela atracção exercida pela carga metálica situada no seu cimo, de suporte ao campanário.
A sua silhueta simples de base quadrada, em que os quatro lados estão de acordo com os pontos cardiais, vai até cerca de 70 metros, e é então acrescentada por um quadro escuro fino, da qual nasce a primeira coroação, uma pirâmide invertida de mísulas em travertino branco. Esta primeira coroa insere-se sob a muralha que ostenta dois brasões de armas do município e um leão rampante, além de lupe-escorredor nos cantos. Esta última parte da Torre é o trabalho de Agostino di Giovanni, escultor Sinesi, sob projeto por Lippo Memmi.
A Torre del Mangia não foi apenas um monumento e símbolo majestoso do poder, pois terá sido um contributo útil para a vida citadina, com o grande relógio implantado em 1360 na primeira metade da torre, logo acima do terraço do Palazzo Pubblico, relacionado directamente com os sinos que pontuaram a vida da cidade, e foi sempre um símbolo de autoridade e de poder da República de Siena, tendo a sua construção resultado da necessidade em encontrar um local justo e digno para os sinos do município, até então colocados na torre hoje inexistente do Palácio Mignanelli, e mais tarde no campanário do Duomo. A última significativa intervenção foi em 1804 com a inserção da data no relógio pelo sinese Giovan Lorenzo Barbetti, e finalmente uma restauração em 1963.
O que se podia ver e “apanhar na mão” do alto da Mangia, e agora partilhar, dependeu em muito da evolução das instáveis condições meteorológicas que em segundos desenhavam com algum detalhe os planos próximos, ou logo com o bater do sol a evaporação de alguma humidade acumulada durante a noite transformava os horizontes mais distantes em cores difusas e complexos recortes. Lá do alto, não se reconhece logo a sua cota paralela ao do Duomo, mas sente-se o poder e a autoridade simbólica da grandeza do Palácio .
domingo, novembro 23, 2014
SIENA, Piazza del Campo
Não há queixume possível sobre o fatalismo do dilúvio, que impediu gozar-se a Piazza del Campo na sua plenitude de um acolhimento hoje universal, já que a chuva afastou toda a gente criando uma imagem desprovida de actores e abrindo a porta à apreciação da mais pura transposição secular da crua, nua e silenciosa atmosfera medieval, embora os reflexos luminosos sobre o pavimento húmido tenham acentuado a marca da novel estrutura iluminaria.
sábado, novembro 22, 2014
SIENA, Itália - Piazza del Campo
No fundo a Fotografia é subversiva, não quando aterroriza,
perturba ou mesmo estigmatiza, mas quando é pensativa
Roland Barthes
Esta larga panorâmica da Piazza del Campo, tomada nos últimos instantes que antecederam o dilúvio nocturno sobre a Toscana, e conservada para poder ser apreciada mais tarde, é mesmo a oportunidade para pensar sobre um presente que preserva efectivamente um passado, e que ajuda a transportar para o imaginário de cada um a realidade civilizacional de uma sociedade medieval tão particular, assente no valor do crescimento económico convivente e promotor da arte, embora condicionado pelos confrontos entre as aspirações populares e o poderio da dominação religiosa, cada uma delas sitiada na sua casa própria, e relativizadas no contexto geográfico pela posição dominante da acrópole do Duomo mais próxima do Céu e o profundo vale onde assentou a sede do laico prosaísmo governativo.
(não esquecer clicar sobre a imagem)
sexta-feira, novembro 21, 2014
quinta-feira, novembro 20, 2014
quarta-feira, novembro 19, 2014
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