Um espaço de transpiração, comunicação e partilha de sensações na apropriação de planos do Planeta que nos acolhe. Como objectivo principal, o perfeccionismo, para deixar àqueles de quem gosto uma ideia prática da responsabilidade em olharmos à nossa volta e não deixarmos passar despercebidas a luz e as sombras de cada instante. Mas também, dar conta de fragrâncias e sabores que me toquem, dar nota de outros estímulos aos meus sentidos e, dar eco dos criadores do Belo.
E
sexta-feira, outubro 31, 2014
quinta-feira, outubro 30, 2014
quarta-feira, outubro 29, 2014
Paestum
Paestum é um local único, pela sua localização geográfica, pela singularidade conservada dos seus templos Gregos e as propostas museológicas de reconstituição cromática dos seus monumentos, as ruínas romanas ainda relativamente pujantes no que resta do seu anfiteatro, e está ainda circundada por campos verdejantes que conservam a germinação de diferenciadas sementes espalhadas pelo vento que nos perturbam a atenção.
terça-feira, outubro 28, 2014
domingo, outubro 26, 2014
POSEIDON, dopo PAESTUM
Em Paestum, o nome que os Romanos atribuíram àquele território fundado no século VII a. C., que talvez não tenha sido “conquistado” na vulgar acepção da palavra mas sim recebido e integrado numa nova ordem, em que o território foi renovado de forma a integrar as novas “necessidades sociais”, existe um Museu de sítio, de invulgar dimensão, e porque é lá que se compra o bilhete que dá acesso à visita das ruinas greco-romanas, encontrámos um “cicerone” que nos ocupa algum tempo mas que nos prepara para compreender muito mais até do que a seguir se pode apreciar, pois para além da interpretação da antiga cidade grega de seu nome Poseidon ( o Deus do Mar) e da exposição de parte dos resultados das escavações arqueológicas ali ocorridas, que demonstraram que como tantas vezes se percebe nestas ocupações grandiosas o local foi habitado sucessivamente desde o neolítico. No Museu, também se expõe os materiais trazidos à superfície noutra escavação realizada em 1961, entre o Templo de Ceres e a Porta Áurea que vão desde o neolítico final até à idade de bronze.
Se Goethe tivesse tido razão, e não vejo porque duvidar de um artista tão culto, a “mais perfeita ideia” que levou consigo “intacta para o Norte” como descreve na sua “Viagem a Itália” em 1787, o templo do meio (Neptuno) é “melhor do que tudo o que se pode ver na Sicília”, foi portanto um rigoroso conforto poder ter chegado ao fim da noite deste tão especial dia 12 de Outubro para as nossas vidas, e começar a procurar fazermos o balanço dos traços imaginários que os Monumentos de Paestum rasgaram no pano de cena desenhado com o Vesúvio em último longínquo plano, e ter consciência de que as melhores memórias ou ficam rabiscadas ou ficarão perdidas com a morte celular que as esperam, e entre os sinais inesquecíveis do passado, o recorte colunar merece o melhor dos esforços no seu destaque cromático.
A colónia grega de Poseidon tinha uma planta quadrangular, protegida por uma forte muralha e quatro entradas orientadas pelos pontos cardiais, mais tarde significativamente reforçada na época romana tendo um perímetro de cerca de 5 km, que além do espaço urbano interiorizava solos muito férteis para abastecimento dos seus habitantes, os quais para além das muralhas se dedicaram com afinco na produção de fartas quantidades de cereais que exportavam na época da romanização, estabelecendo relações comerciais tão significativas com o Império que lhes permitiram manter a colónia convivente com os novos senhores da península, tendo-se mais tarde assistido à preservação dos templos enquanto o forum romano foi destruído pelos conceitos religiosos da cristandade.
A austeridade e unicidade do pensamento religioso da cristandade, em templos para comunidades com menos meios para erguer e sustentar a ostentação, confere-lhes uma sobriedade muitas vezes apenas quebrada no seu interior pelos sinais de uma prática de generosas oferendas, em que aquilo mais difícil de aceder aos crentes, porque materialmente valoroso, deve ser o tributo a pagar pelo alcance de promessas julgadas satisfeitas pelo Divino, ou por antecipação na expectativa de ver satisfeitos desejos mais ou menos consentâneos com as escrituras doutrinais, isto é, o ouro nas mais diversas representações. Nas grandes Catedrais Italianas que julgo dever destacar por se implantarem no berço da cristandade e refletirem portanto o poder do seu Patriarcado, para além da grandiosidade na construção e decoração templar que em Roma teve o seu momento exponencial em S.Pedro através do uso, e abuso, dos materiais pétreos mais nobres vindos do saque aos templos e palácios da “civilização” acabada de ser esmagada pelo radicalismo, e da constatação que ali, no cerimonial, a regra tem sido durante séculos a ostentação paramental, julgo podermos encontrar e refletir sobre outro tipo de “encontro” em alguns locais onde há sinais de uma influência das épocas anteriores sobre a nova religiosidade que, a pouco e pouco foi ganhando expressões próprias de um discutível materialismo dialético.
Desconhecem-se as circunstâncias em que os templos de Paestum se foram descolorando, e as modernas técnicas de investigação apontam para a reconstituição demonstrada na imagem seguinte, o que revela não apenas o que devem ter sido os ambientes diáfanos dos templos gregos, mas também como as tradições mais antigas contaminaram muitos interiores de templos cristãos medievos cuja policromia brilhante e aberta só os estudos dos finais do século XX foram também destapando.
Após o abandono da cidade, ela ficou escondida entre bosques e pântanos, e ter-se-ão perdido as memórias da sua localização, e só foi redescoberta em meados do século XVIII.
sábado, outubro 25, 2014
PAESTUM, prima POSEIDON
Quando sonhámos programada, consciente e desenfreadamente “percorrer” milhares de kms para que, durante alguns dos chamados minutos que o relógio retira em permanência dos nossos horizontes, nos abrigarmos debaixo de quase três milénios de acumulação ordenada de vontades na representação iconográfica de antigos símbolos de culto, iniciou-se a escrita de mais uma etapa dos nossos percursos universais. Esta viagem, esta visita, não aconteceram por um mero acaso, foram provocadas pelo impacte de uma página principal da Archeaology, e depois de avaliadas as condicionantes dos sonhos, estes, perceberam desde logo as restrições de natureza ambiental que Atenas e a Grécia sempre implicaram, muito antes do “resgate” Helénico, e indicaram-nos sem reticências a química da solução das transcendências.
Indiscreta, tem estado também sempre observadora e borbulhante uma oferta de Filhos para Pais, já há muitos Natais, e cuja presença anima agora brincadeiras inocentes de Netos que escondem carros e bonecas entre as colunas da réplica em resina de um Templo tido como habitado por vestais.
Conquistadas todas as etapas, e lá estavam eles, os três Templos silenciosos, Templos onde se adoravam “deusas e deuses”, para nos acolherem orgulhosos na imponência da sua conservação, iluminando a leitura de páginas de interrogações sobre as filosofias com que interpretamos e conduzimos as passadas da vida.
Perante estes Monumentos, condutores sensoriais do calor e do frio, ao mesmo tempo ácidos e doces, nascidos de teoremas e de unguentos nunca até aí adivinhados, surge a reflexão sobre o que o Homem tem possibilidade de imaginar e concretizar, e o seu contrário, a antecipação das consequências do que nunca se viu, e a racionalização dos pensamentos e sensações desconhecidas que logo elaboradas nos atiram para o desconhecimento do resultado final.
Podem os “crentes” considerar um acto de paganismo a adoração permanente dos “deuses” do sol e do mar (os que terão sido por ali adorados), embora compreensivos pelas peregrinações, mas queríamos mesmo saber das cores e do brilho escolhidos para as cortinas dos palácios das Deusas e dos Deuses, a fim de as incluir na nossa paleta dos sonhos impossíveis.
Não foi fácil encontrar por ali uma Ninfa que nos mostrasse o relógio Solar e abrisse o diafragma das luzes do Olimpo, para nos orientar os eixos focais que cobriam de luz e sombra os sulcos pétreos, e tomam suavemente conta dos riscos de fumo rasgados pela combustão de ervas milagrosas, libertos através dos círculos de defumadores em cristal.
Os resultados destes diálogos diáfanos, vão transpirar à medida que os caprichos da Deusa Héra (irmã e esposa de Zeus) me permitam desenhar o percurso helicoidal de cada uma das quarenta e oito chaves que abrirão a porta azul escondida algures entre as colunas dóricas do seu Templo (530 a.c.), e com a sua leitura desfazer a adivinha sobre a simetria das linhas paralelas aos territórios que percorremos entre Napoli e Paestum, e vice versa.
O geógrafo grego Estrabão, que viveu na época de Augusto, diz que os Sibariti, vindos do sul do mar Jónico, fundaram uma cidade grega, e que em honra do deus do mar foi chamada Poseidon, na planície banhada pelo rio Sele no Golfo que foi dito Posidoniate, hoje Golfo de Salerno, atingindo um alto elevado grau de prosperidade, tanto pela riqueza e fertilidade do território circundante, como por ter sido um importante porto comercial.
Dobrando em três as pontas das nuvens Olímpicas, conquistámos os Dois estas imagens eternas que Zeus há-de proteger da fragilidade binária, e recomeçam as etapas dos olhares mais puros debruçados sobre o território das nossas cinzas, que de tão Amigos nos protegerão dos suspiros de Marte.
sexta-feira, outubro 24, 2014
. BORDALO PINHEIRO e a REINCARNAÇÂO dos seus LAGARTOS
Realizou-se no fim da semana passada em Nápoles o 19º Festival Internacional de Cinema sobre Arte Contemporânea. Nas artes plásticas, há plataformas em que o desrespeito se foi ampliando, e correndo o risco de alguém poder vir a dizer que quanto à substância o enredo é um “caso patológico”, mesmo assim foi bom poder encontrar pelo mundo mais ou menos suburbano uma evidência Portuguesa em cartazes de rua, ainda que imperceptível ao comum dos mortais. No cartaz, que promovia largamente as sessões do Festival, saltava à vista um objecto, que de “arte contemporânea” tem apenas a convicção de alguns e a tolerância de muitos, centrado numa representação de autor, notável pelo equilíbrio plástico na postura de um lagarto, enroupado em crochet. A escolha deste lagarto, um original do ceramista BORDALO PINHEIRO, decorre do facto de uma tal “artista contemporânea” Portuguesa ter decidido aproveitá-lo para o tornar suporte de uma das suas obras de “arte”, e fazer parte do festival a apresentação de um filme de 52 minutos, com o título JOANA VASCONCELOS TIME MACHINE, da autoria de Miguel Braga e Gonçalo Roquete, que versava sobre a realização de uma exposição na Manchester Art Gallery, sendo que no folheto em distribuição nos pontos culturais da Cidade estava escrito - “ A artista transforma objectos de uso quotidiano em esculturas e instalações”. Não sei que faria Bordalo, que tão bem ironizava nos jornais e revistas da sua época com a ponta do seu aparo molhado em tinta da china e os seus pinceis aguarelando, sobre os novos poderes fáticos que transformam uma caritura numa obra de arte, mas acho que nem o Portuguesismo do relevo dado ao lagarto brilhando esverdeado por entre as malhas do crochet das rendeiras que alimentam a âmbulância de suporte básico de vida desta artista, o calaria.
quinta-feira, outubro 23, 2014
quarta-feira, outubro 22, 2014
Nós, Pablo e outros
Nós, Pablo e outros, e já não Pablo e nós, porque afinal depará-mos-nos com um Picasso “demasiado” acompanhado e a sua visiblidade e relevância, não passou, ao contrário das nossas expectativas, talvez de uma leve cortina para que o centro da exposição (a modernidade espanhola) não pudesse desencorajar os visitantes, já que o coração na “mostra Picassiana” é constituído apenas por um conjunto de estudos parcelares (decerto até gota no oceano) para a elaboração da Guernica. De Picasso, obras de pintura desconhecidas para nós, nada. Para além do “anfitrião”, o mais representado era Miró, de quem se “pode” dizer que já se viu tudo, ou ainda temos tudo para aprender.
terça-feira, outubro 21, 2014
segunda-feira, outubro 20, 2014
A intimidade com a arqueologia
Um dos aspectos por vezes mais ignorados na descrição de um sítio arqueológico é a apreciação das vertentes meramente paisagísticas, relevando-se os enquadramentos relacionados com o “mapa” dos habitats contemporâneos e as potencialidades do local face aos recursos vizinhos .
Olhar do Xarez para Monsaraz, ou tentar descortinar o Xarez das ameias de Monsaraz foram desafios à comprensão do universo encoberto na neblina que cobre a monumentalidade dos Territórios Megalíticos, e à realidade da sua pujança como elementos integradores de uma sociedade com uma matriz cultural expansionista e que implantou o seu carácter de uma forma potencialmente eterna, embora as estratégias para salvaguardar o culto da mortalidade tenham vindo a ser atraiçoadas pelos imponderáveis da chamada civilização.
Esta imagem de 1984 no Cromeleque do Xarez, revela a sua ligação ao promontório onde hoje se situa a beleza da cidadela de Monsaraz, e onde outrora provávelmente se situou o Povoado que comunicava com a razão de ser do recinto megalítico, e é uma paisagem já desaparecida pela mão “técnica” do Homem, por causa do seu conforto e quiçá do futuro daqueles que vivem dos proventos da barragem do Alqueva, cuja construção reimplantou os megalitos numa outra paisagem “próxima” a salvo das águas do lago, no meio da confortável procura de uma consciente desculpa de que o “mesmo” se passou com a barragem de Hassuam.
domingo, outubro 19, 2014
sábado, outubro 18, 2014
A intimidade com as objectivas
O homem deve criar as oportunidades e não somente encontrá-las
Francis Bacon
Quando se deambula por um território desconhecido e se tem consciência de que há uma diferença substancial entre uma fotografia dita “de rua” e uma composição fotográfica também no acaso da rua, e que aquela é um caminho em terreno inclinado muito apetecível de descobrir, onde as ideias até podem nascer do acaso, surgem-nos proibições logo inultrapassáveis, mas que vale a pena tentar resolver. Voltei a este recanto, e procurei a melhor forma de, a partir deste acaso, ser “autorizado” a tentar capturar o sortilégio de um ambiente coerente a partir de três elementos chave – dois marcos dos tempos na palamenta do lume, o barro e o alumínio, e a cinza filha dos processos que transmutaram a velha panela de barro vermelho já desasada. Havia que retirar da cena todos os intrusos que ao primeiro olhar se acolhiam no recanto do forno, mas as cinzas foram entretanto varridas, a lenha e as acendalhas ocuparam novos espaços; para já, e desta vez, o resultado está aqui !
Francis Bacon
Quando se deambula por um território desconhecido e se tem consciência de que há uma diferença substancial entre uma fotografia dita “de rua” e uma composição fotográfica também no acaso da rua, e que aquela é um caminho em terreno inclinado muito apetecível de descobrir, onde as ideias até podem nascer do acaso, surgem-nos proibições logo inultrapassáveis, mas que vale a pena tentar resolver. Voltei a este recanto, e procurei a melhor forma de, a partir deste acaso, ser “autorizado” a tentar capturar o sortilégio de um ambiente coerente a partir de três elementos chave – dois marcos dos tempos na palamenta do lume, o barro e o alumínio, e a cinza filha dos processos que transmutaram a velha panela de barro vermelho já desasada. Havia que retirar da cena todos os intrusos que ao primeiro olhar se acolhiam no recanto do forno, mas as cinzas foram entretanto varridas, a lenha e as acendalhas ocuparam novos espaços; para já, e desta vez, o resultado está aqui !
sexta-feira, outubro 17, 2014
LISBOA e a Cultura
Entre muitas das novas ofertas culturais inauguradas em Lisboa, quero salientar o resultado da reabilitação e restauro da parte tardoz do quarteirão da Rua do Ouro onde se situa a Sede do Banco de Portugal, que numa primeira fase dá a conhecer o que resta do interior da Igreja de S. Julião e a chamada Muralha D. Dinis, através de um moderníssimo núcleo de interpretação.
Imagens de rua
Lisboa que agora todos dizem estar cada vez mais atractiva aos grandes cruzeiros, mas onde os jovens, por entre aventuras sem gps, descansam à beira do Tejo imaginando-a como uma praia doirada, curando a dor de cabeça que é não terem tempo para desencantar todos os seus espaços cada dia mais renovados e promotores de cultura.
quinta-feira, outubro 16, 2014
quarta-feira, outubro 15, 2014
Pablo e Nós
Ninguém ficou alguma vez indiferente e Picasso, mesmo em registo perjurativo, e a influência da sua obra na cultura Ocidental será “eterna” enquanto nenhuma ditadura de valores se apoderar da Humanidade, e quando Siza Vieira acaba de ver concluído um notável projecto arquitectónico da China, interrogamo-nos sobre como seria o Mundo se Picasso ainda vivesse e as suas obras não fizessem parte das colecções africanas e orientais apenas por razões de poder financeiro. Picasso trabalhou até morrer, os grandes criadores são assim, e posso falar disso com a maior segurança pois vivo com uma criadora que trabalhará até ao fim da sua vida real. Tudo isto, a propósito dos Nossos vários “encontros” (da Maria e eu) com Picasso, que sempre decorreram das circunstâncias que fizeram com que, por exemplo, dois projectos específicos de viagem a diferentes Cidades Italianas se cruzassem com importantes exposições individuais do Pintor Espanhol, as quais ao sabermos da coincidência se converteram não apenas numa prioridade factual mas também numa reserva intemporal para condicionar o olhar de forma a esquecer eventuais visões impressas e receber a visão real da profundidade dos traços e das cores nas obras à nossa frente.
Vamos pois hoje voltar ao Palácio Strozi, onde nos cruzámos pela única vez em 1993 com Kandinski, e reencontrar agora Picasso, e tentaremos dar corpo de letra ao resultado das emoções, e a Maria vai trazer consigo novas forças para a sua actividade criadora, renovando quem sabe alguns dos seus registos.
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