Um espaço de transpiração, comunicação e partilha de sensações na apropriação de planos do Planeta que nos acolhe. Como objectivo principal, o perfeccionismo, para deixar àqueles de quem gosto uma ideia prática da responsabilidade em olharmos à nossa volta e não deixarmos passar despercebidas a luz e as sombras de cada instante. Mas também, dar conta de fragrâncias e sabores que me toquem, dar nota de outros estímulos aos meus sentidos e, dar eco dos criadores do Belo.
E
sexta-feira, fevereiro 28, 2014
quinta-feira, fevereiro 27, 2014
MINAS DE SÃO DOMINGOS
Um dia destes, a minha
Companheira até à eternidade, confessava ter “ultrapassado” com sucesso a
dúvida sobre os limites da sua criatividade. Disse Ela para uma das Filhas que,
havia criado um novo conjunto de azulejos temáticos quando julgava já não lhe ser
possível estender-se nas deambulações do pincel dentro daquele limitado espaço
de 15x15 cm para representar a forma como o Sol a estimula.
Depois deste acontecimento,
minímamente retratável pelos motivos óbvios da reserva de propriedade, fiquei
perante um novo desafio no confronto com um certo, e confessado, culto da ideia
de que na fotografia tradicional está conceptualmente quase tudo já visto e
revisto, embora aceite que continua a ser possível personalizar cada plano, e
até representar digitalmente o que nos tempos analógicos se produzia, filtrando
a luz, trabalhando nos tanques de revelação e ensaiando papeis e projectores.
Para este auto-teste, e deixando a cor um pouco de parte, escolhi um ambiente
desconhecido, e decidi tentar expressar as escalas dos brancos, cinzentos e
pretos, para o que bastou definir um perfil BW na minha máquina digital.
Para esta experiência, procurei
vários planos na relação visual em campo aberto com o conjunto “edificado” num
notável campo mineiro abandonado, e no final, quando procurei referências para
fazer o balanço dos resultados, encontrei uma corrente estética alternativa ao
BW, que procurando acentuar a degradação quiçá “criminosa” do património
edificado, mantém apenas os contornos cromáticos na forma como todos os vemos.
Entre esta forma de expressão, que decorre das novas ferramentas de acolher as
imagens, que as alteram de forma fácil e “moderna”, e a primeira idade da
fotografia, preferi voltar ao passado e depois de umas horas descobrindo o que ainda resta das MINAS DE SÃO DOMINGOSir vir por aqui apresentar o resultado.
De qualquer forma, para começar, também
me pareceu ilustrável uma forma actual de caracterizar a vida recente dos
Portugueses com a visão negra dos planos próximos de nós e uma janela de
horizonte que teimamos em querer colorir,
que mais não seja para benefício de outras gerações. As imagens retiradas do
que resta na confusão na amplitude dos campos mineiros serão publicadas na
forma pura.
Sobre as Minas, já estará investigado
muito do quase tão pouco que os exploradores deixaram sobre o que ela
representou, mas chama-se sempre a atenção para a insequência 5º/4º/3º Milénios
(?), Sec I (?), Sec. XIX. O mais aprofundado estudo sobre a implantação das
minas da autoria de Jorge Custódio, é muito recente (2013), um extenso trabalho
de análise sobre os bens e os documentos que escaparam à forma vândala como os
Ingleses abandonaram a exploração e que, para quem goste da história da
evolução material e social do País, e do Alentejo profundo em particular, é
credor da maior dedicação temporal que se lhe possa reservar, e está editado
pela SOCIUS, Centro de investigação em Sociologia Económica e das Organizações.
Nesse belo livro, fica bem esclarecido que a ganância capitalista da ocupação territorial
dos Ingleses destruiu, talvez para sempre, a informação obtenível sobre os
períodos pré-romano e romano, diminuindo assim, não só o nosso presente como
também fontes rentáveis do nosso passado.
Da introdução desta obra,
transcrevo um pequeno trecho que considero bem importante no contexto da minha
própria visão sobre o que o Alentejo merece e tem para usufruir de uma visão
integrada das diversas parcelas que nos tempos modernos se considera fazerem
parte do património cultural, tais como, a paisagem cultivada e a ruína, a
gastronomia, a Museologia, a hotelaria, e as actividades de ar livre – “O valor acrescentado pelo novo ciclo
cultural, como a riqueza documental da sua história mineiras dos sec XIX e XX
requerem ser observados à luz do aprofundamento científico , em função dos
diferentes aspectos do património, com a finalidade de criar riqueza cultural,
isto é, um tipo novo de Valor Económico (Carta de Bruxelas, 2009) associado à
herança patrimonial, necessária à continuidade dos vestígios e bens culturais
que garantem, actualmente, a classificação do conjunto das Minas de São
Domingos, como «Conjunto de Interesse Público», consagrado pela lei portuguesa
em 3 de Junho de 2013”.
Sobre a vida dos mineiros e as
condicionantes da organização social nos Povoados, o Campo Arqueológico de
Mértola, editou da autoria de Helena Alves, MINAS DE S. DOMINGOS GÉNESE,
FORMAÇÃO SOCIAL E IDENTIDADE MINEIRA, e
da sua Introdução também transcrevo um excerto de um poema de Álvaro de Campos
que de alguma forma retrata um doa aspectos de uma visita às Minas, isto é, ao
contrário de uma volta por qualquer grande aglomerado de casas abandonadas, os
Ingleses levaram tudo o que puderam, e nem uma simples porca ou um prego se
encontram pelo chão; de “recordação” material, podem trazer-se pedaços de rocha!
Vou para o meio de Lisboa
Não trago nada e não acharei nadaTenho o cansaço antecipado do que não acharei,
E a saudade que sinto não é nem do passado nem do futuro.
A visita desguiada às MINAS DE SÃO DOMINGOS, é um passeio de
liberdade, constituído por erráticas escolhas de percursos por entre tabuletas
presentes e outras fugidas para parte incerta, e para meter o nariz em tudo, e
observar os cantos da paisagem, será preciso bem mais do que uma manhã de árduo
trabalho. A impressão final, é, para além da presença permanente das mais
diversas e brutais marcas poluentes, a de um encontrão com uma das faces do
mais puro capitalismo selvagem que se vai servindo do Planeta para negócios de
“ocasião”, e quem vier atrás que se lixe, pois nem um puxador ficou para fechar
a porta, aliás desnecessário pois também não há porta, e janelas sim mas
abertas e ventosas como nas ameias dos castelos! A confirmação do que está escrito é
evidente, nada do que o tempo ou o uso tivesse fundido ou tornado pó, resta,
até as poucas travessas da notável rede ferroviária que ligou as Minas ao
Pomarão estão esmagadas e soldadas ao minério ferrugento formando uma calçada
que as chuvas por mais ácidas que venham não lhe roubam o lustre.
Do ponto de vista dos conceitos
sociais, basta ficar a saber que a casa atribuída a cada mineiro tinha uma
porta e uma chaminé! Claro que tendo chegado a trabalhar nas Minas perto de
cinco milhares de almas, houve o essencial para os manter “saudáveis” e disponíveis
– Mercado, Hospital, Igreja, dois Cemitérios um para Ingleses e um para os
outros, e claro Força Policial para manter tudo na "ordem".
Não sei se é ou não melhor
preparar a visita, com a leitura de pelo menos a documentação que identifica os
principais polos de ruínas, mas há pelo menos uma característica ambiental que
não encontrei descrita nos guias, os cheiros, e como a côr é cada um de nós que
a mistura com o lado de que está o sol, a viagem entre a Corta e a Achada do
Gamo isolada da influência visual dos complexos industriais abandonados, é uma
caminhada por entre um Baixo Alentejo ausente porque distante, e faz-se por
cima de estratos extraídos do subsolo, esmagados, transformados, inertes e repelentes
a qualquer tentativa de vida vegetal, e, consequentemente também animal, e é
bom lembrar que os exploradores abandonaram o local há mais de quatro décadas. Tendo
permanecido os cheiros, resta-nos então ir andando e apurando o nariz, pois
numa primeira etapa a aridez é inodora, e só na aproximação à Achada do Gamo
começamos a despertar para tentar compreender os odores que parecem batidos com
uma varinha mágica, até que o enxofre aparece, e já não nos larga até ser insuportável,
e assobiando às narinas dá o sinal de partida para o regresso.
O coração da Serra de São
Domingos, é hoje quase uma planície, pois o recheio mais valioso do chapéu de
ferro que a notabilizou, e começou por atrair os pré Romanos, foi esmigalhado e
levado a partir do século XIX em vagões até ao Guadiana, para daí alimentar o
desenvolvimento de outras economias, encarregando-se a natureza de encher as
barragens chamadas das Tapadas grande e pequena, que são hoje uma mais valia
para as condições habitacionais dos Aldeões resistentes.
Cabendo no conceito do “tempo” de
que vou dispondo, palmilhar os campos de
que gosto, para tentar apanhar imagens que permitam a sua divulgação, e empreendida
a disponibilidade da obra de Jorge Custódio, o “Território, História e
Património Mineiro”, e também da investigação da Helena Alves para complementar
o conhecimento, ficam os próximos dias aqui reservados para fazerem parte deste pequeno
"projecto" de ampliação sonora das MINAS DE
SÃO DOMINGOS, sem que possa garantir voltar ainda para contar o que a
segunda visita tenha de nóvel, em especial as imagens dos percursos que obrigam
a fazer a pé mais longos trajectos dentro do parque industrial. As próximas
imagens das MINAS DE SÃO DOMINGOS, não serão legendadas porque fazem parte de uma
unidade espacial desarticulada pelo abandono e procuram individualizar-se
apenas pelas decisões tomadas depois da apreciação visual do conjunto.
A actividade mineira, estendia-se edificada até ao Pomarão através de várias estações de apoio à articulação ferroviária e as duas imagens seguintes respeitam a um desses apoios, também naturalmente já abandonado e destruído.
quarta-feira, fevereiro 26, 2014
terça-feira, fevereiro 25, 2014
Dia 25 de Fevereiro, dia de Festa
SAUDADES
Há saudades saborosas, e doces,
que se executam desconstruindo o tempo,
regressando aos encontros com os raios de sol
gelados pela fusão do chocolate.
Há saudades saborosas, e doces,
que se perdem amarrotando o tempo
e roubando aos pássaros as sílabas dos poemas.
Há muitas saudades saborosas, e doces!
Tavira, Fevereiro de 2014
Há saudades saborosas, e doces,
que se executam desconstruindo o tempo,
regressando aos encontros com os raios de sol
gelados pela fusão do chocolate.
Há saudades saborosas, e doces,
que se perdem amarrotando o tempo
e roubando aos pássaros as sílabas dos poemas.
Há muitas saudades saborosas, e doces!
Tavira, Fevereiro de 2014
Vive, dizes, no presente;
Vive só no presente.
Mas eu não quero o presente, quero a realidade;
Quero as coisas que existem, não o tempo que as mede.
O que é o presente?
É uma coisa relativa ao passado e ao futuro.
É uma coisa que existe em virtude de outras coisas existirem.
Eu quero só a realidade, as coisas sem presente.
Não quero incluir o tempo no meu esquema.
Não quero pensar nas coisas como presentes, quero pensar nelas como coisas.
Não quero separá-las de si-próprias, tratando-as por presentes.
Eu nem por reais as devia tratar.
Eu não as devia tratar por nada.
Eu devia vê-las, apenas vê-las;
Vê-las até não poder pensar nelas,
Vê-las sem tempo, nem espaço,
Ver podendo dispensar tudo menos o que se vê.
É esta a ciência de ver, que não é nenhuma.
Alberto Caeiro
segunda-feira, fevereiro 24, 2014
domingo, fevereiro 23, 2014
Les mots et les monaies
O suporte estético mais envolvente do Mundo, embora despercebido para quem não guarda dinheiros no canto de uma gaveta, é mesmo a moeda metálica, e biliões delas são manipuladas diáriamente, sem que se lhes atribua outra importância senão o que com elas se obtém, embora por detrás da criação de cada uma tenha estado sempre um escultor. Guardaram-se moedas ao longo dos milénios com objectivos vários, e hoje, nós os “Europeus” que por prazer juntámos algumas das moedas que fizeram parte das nossas vidas deixámos-nos disso; o euro mau grado o esforço dos seus artistas criadores, não só tem um valor numismático desprezível como não se lhe reconhece uma imagem suficentemente identitária para merecer fazer companhia aos escudos tão carregados de símbolos nacionais.
Quem gosta de livros, pelo que eles representam além de suporte dos criadores de histórias, prosas e poemas, também tem necessáriamente que gostar de moedas, pois elas fazem parte das bagagens dos contadores de histórias. Faz quase um ano que visitei uma exposição num pequeno Museu, propriedade da Fondation Martin Bodmer, com o título, LES MOTS ET LES MONNAIES De la Grece ancienne à Byzance, que revelava o resultado de uma parte do espírito recolector do seu criador, que reuniu a mais vasta viagem possível através da escrita, realçando-se nos séculos mais próximos de nós muitas primeiras edições de importantes escritores, entrelaçados com moedas quem sabe se algumas delas também uma primeira edição, e, no mesmo plano papiros ou tábletes de barro impressas com caracteres cuneiformes.
Não vejo forma de argumentar contrariando os direitos reservados à reprodução de qualquer parte do livro da exposição, nem mesmo para publicar a pequena imagem de um tétradacma de prata da Ilha de Rhodes com a cabeça de Hélios no anverso e uma rosa no reverso, ou alguma das belíssimas imagens de apenas as extremidades enrugadas das folhas de alguns livros, e por isso remato esta recordação apenas com a imagem do marcador do Livro e ainda do portão de entrada no edifício da Fundação Martin Bodmer e remeto-vos para uma leitura interessante, (link).
sábado, fevereiro 22, 2014
A intimidade com as objectivas
Três imagens, de uma curta história, lida no Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian.
Como forma artística escritural, quiçá como corrente, caligrafia horizontal expressionista sobre o vidro numa grande e rasgada porta debruçada sobre um jardim de eleição, onde os bambús também se afirmam estéticamente, mas na vertical.
Como forma artística escritural, quiçá como corrente, caligrafia horizontal expressionista sobre o vidro numa grande e rasgada porta debruçada sobre um jardim de eleição, onde os bambús também se afirmam estéticamente, mas na vertical.
sexta-feira, fevereiro 21, 2014
quinta-feira, fevereiro 20, 2014
quarta-feira, fevereiro 19, 2014
terça-feira, fevereiro 18, 2014
segunda-feira, fevereiro 17, 2014
domingo, fevereiro 16, 2014
LOULÉ
Quatro imagens de uns momentos pelo centro de Loulé,
Um aspecto do interior de um edifício, em fase de escavação e futura museulização, onde se podem observar múltiplos planos da ocupação da Cidade, desde a época Islâmica, medieval, Sec.XVIII e Sec. XX.
Um trecho do pavimento dos Banhos Islâmicos, que era aquecido por baixo através de condutas que conduziam correntes de ar quente provindo de uma fornalha ainda não identificada.
Um plano de calçada medieval, que irá ser “desmontada” para serem estudados os planos mais antigos contíguos aos banhos Islâmicos.
Um recanto da Alcaidaria.
sábado, fevereiro 15, 2014
Associação dos Arqueólogos Portugueses
Embora a exposição tenha terminado, deixo a respectiva ficha técnica que permite ficar a conhecer a importância da Associação dos Arqueólogos Portugueses no panorama cultural de Portugal.
MEMORIA E INTERVENÇAO
150 ANOS
DA ASSOCIAÇAO DOS ARQUEOLOGOS PORTUGUESES
Biblioteca Nacional de Portugal
20 Nov. 2013 - 31 Jan. 2014
O objectivo desta exposição é documentar a história da mais antiga instituição dedicada ao património cultural português e do seu museu, no ano em que aquela completa 150 anos de existência.
Ao longo deste século e meio de existência, a AAP foi evoluindo, de forma a corresponder às mudanças ocorridas neste período de grandes transformações económicas, sociais e políticas, em que o país passou da Monarquia Constitucional à República, sofreu a Ditadura Nacional e o Estado Novo, participou no movimento libertador do 25 de Abril, aderiu à Comunidade Europeia, e luta agora para manter a sua independência e o regime democrático.
Em meados do século XIX, numa altura em que o património histórico, artístico e arqueológico do país se encontrava num desolador estado de abandono, após décadas de instabilidade, provocada pela Guerra Peninsular e pela Guerra Civil que se seguiu, esta Associação, fundada por Possidónio da Silva com o objectivo inicial de lutar pela afirmação da profissão, cedo se transformou na primeira associação de defesa do património do país, conseguindo mobilizar o apoio da Casa Real e das personalidades mais destacadas do regime liberal para a salvaguarda do património cultural em risco, num altura em que o Estado não dispunha ainda de nenhuma estrutura capaz de o acautelar. Nessa fase, uma das suas mais importantes contribuições para a causa pública, foi a elaboração das primeiras listas de monumentos a proteger e a classificar como Monumentos Nacionais, e o salvamento de importantes obras de arte em risco de destruição, constituindo com elas o que é hoje o mais antigo museu de história arte e arqueologia do país, instalado num monumento de elevado valor histórico, artístico e simbólico, as Ruínas da antiga Igreja do Carmo, que resgatou de uma utilização indigna, como estrumeira da então Guarda Municipal.
Com o advento da I República, a AAP perdeu, é certo, o título de "Real" que lhe havia sido concedido pelo Rei D. Luiz, mas ganhou prestígio suficiente para congregar um grupo de arquitectos, arqueólogos, historiadores de arte, e outros cidadãos como Rosendo Carvalheira, José Pessanha, Adães Bermudes, Gustavo de Matos Sequeira, José Queiroz e dezenas de outros, espalhados pelo país, através dos quais foi definida e posta em prática pela República uma política coerente de defesa e valorização do património da nação, através das Comissões dos Monumentos.
O golpe militar do 28 de Maio de 1926, a criação da Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais em 1929, e a instauração do Estado Novo, em 1933, afastaram a AAP do processo decisório referente à gestão dos monumentos do país, que passou a ser efectuada pela GEMN, e remeteram-na para funções de investigação e de consultoria arqueológica e histórica e de comemoração de efemérides passadas.
Com a chamada "Primavera Marcelista", a AAP começou a acordar para a vida, depois de um longo período de letargia, sob a dinâmica introduzida pelo Prof. Fernando de Almeida, que conseguiu congregar na sua pessoa o controle das principais instituições arqueológicas do país, abrindo as portas da Universidade, do Museu Nacional de Arqueologia e da própria AAP às novas gerações de arqueólogos.
A revolução do 25 de Abril e a restauração do regime democrático trouxe de novo a AAP para o centro da actividade arqueológica, tornando-a num local de debate dos problemas do sector, e de apresentação dos resultados das investigações arqueológicas que começaram a proliferar por todo o país, em Jornadas, Colóquios e em sessões normais de trabalho das suas secções especializadas, sendo publicados com regularidade.
A liderança da luta pela defesa do complexo de Arte Rupestre do Côa, através dos seus membros mais activos, em 1994, valeu-lhe alguns ataques por parte dos defensores da barragem, mas também reforçou o seu antigo prestígio e espírito de militância, que utilizou, logo no ano seguinte, em defesa da sua própria sede, o edifício histórico do Carmo, ameaçado pela construção de novas linhas do Metropolitano de Lisboa, conseguindo, com o apoio da opinião pública, que fossem tomadas pelas entidades responsáveis todas as medidas necessárias à preservação e consolidação daquele monumento nacional, e à remontagem do Museu nele instalado desde 1864.
Nas últimas duas décadas a AAP tem prosseguido com firmeza e independência a sua missão de promotora da investigação arqueológica e da defesa, valorização e divulgação do património do país, através do diálogo com as entidades oficiais responsáveis pela sua gestão, da organização de reuniões científicas para apresentação dos resultados de investigações em curso, da realização de uma série de actividades destinadas a vários tipos de públicos, e da dinamização do Museu Arqueológico do Carmo (MAC), completamente renovado e reaberto ao público em 200I.
O MAC começou por ser, no século XIX, um "gabinete de curiosidades" e um mero depósito de obras de arte deslocadas do seu contexto e salvas de destruição, evoluindo lentamente, no dealbar do século XX, para um museu já com alguma preocupação didática, apresentando colecções muito diversificadas, num ambiente romântico e misterioso, até se tornar, no início do século XXI, após a conservação e restauro de todo o seu acervo e a completa remodelação do seu discurso museográfico, num dos mais apreciados e visitados museus da cidade de Lisboa.
Possuidor de uma colecção muito diversificada de obras de arte e arqueologia, abriu-se nos últimos três anos à criação contemporânea, procurando estabelecer um diálogo com as suas colecções históricas, e assim atrair novos públicos, e ganhar novas dinâmicas.
O MAC é assim o elemento polarizador da actividade da AAP, através do qual se estabelece a ligação entre a pequena comunidade arqueológica e a sociedade em que se insere. Isso tornou-se especialmente visível na recente instituição da Festa da Arqueologia, um evento que teve início em 2010, e que se tornou rapidamente num dos principais eventos que marcam o calendário arqueológico, devido à participação generosa de dezenas de outras instituições, e à forte adesão do público em geral.
O vasto programa de comemorações que se desenvolveu ao longo de todo o ano de 2013 culmina, assim, com a realização desta exposição e do I Congresso da AAP, ao qual foram entregues para publicação cerca de 150 comunicações e posters, da autoria de cerca de 250 arqueólogos de todo o país, procuram demonstrar a vitalidade da Arqueologia em Portugal e a capacidade de mobilização da AAP, e também alertar os poderes públicos e a população em geral para a importância e a relevância desta actividade científica e cultural, e o seu elevado valor identitário e potencial económico.
Lisboa, 20 de Novembro de 2013
José Morais Arnaud
sexta-feira, fevereiro 14, 2014
quinta-feira, fevereiro 13, 2014
quarta-feira, fevereiro 12, 2014
terça-feira, fevereiro 11, 2014
segunda-feira, fevereiro 10, 2014
domingo, fevereiro 09, 2014
sábado, fevereiro 08, 2014
sexta-feira, fevereiro 07, 2014
quinta-feira, fevereiro 06, 2014
quarta-feira, fevereiro 05, 2014
terça-feira, fevereiro 04, 2014
segunda-feira, fevereiro 03, 2014
A intimidade com as objectivas
Ontem, desconstruir a saudade.
Ontem, ser conduzido pela mão até ao Planetário e partilhar o envolvimento das emoções que o desconhecido provocou na atenção das minhas Netas.
Ontem, reviver o velho Guadiana (1979), através de um barco conservado no Museu da Marinha.
Ontem, estimular a memória para comparar a semelhança entre os efeitos que um morteiro provocou na chapa de um couraçado com o resultado que uma bala produziu numa porta de um castelo medieval.
Ontem, ser conduzido pela mão até ao Planetário e partilhar o envolvimento das emoções que o desconhecido provocou na atenção das minhas Netas.
Ontem, reviver o velho Guadiana (1979), através de um barco conservado no Museu da Marinha.
Ontem, estimular a memória para comparar a semelhança entre os efeitos que um morteiro provocou na chapa de um couraçado com o resultado que uma bala produziu numa porta de um castelo medieval.
Ontem, reunir o Clã, e despedir-me do dia com as pernas fortemente abraçadas como forma de iludir a saudade antecipada de quem vai ser obrigada a só reviver o Sol nos tempos emque ele não faltará à nossa chamada.
domingo, fevereiro 02, 2014
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