Na constância das dedadas que escrevem sobre o belo, distribuindo olhares e apreciações, em cada direcção há um quadrado limite dos pontos e da ausência deles que moldam os resultados do criador, e nos territórios individualizáveis, as inspirações conduzem a partilhas de espaços e de matérias, fazem dos artifícios simples negações ao belo, enquanto as recordações imateriais se espalmam pelas nuvens que habitam as casas dos sonhos. Cada casa pode não ser um sonho, e na concepção de Lopez Redondo “Mi casa es mi casa, nada más, una casa en la que he procurado que se vean cosas bellas! Pero un museo, no!”, mas há museus que se transformam em simples “casas”, casas simples que se transformam em Museus, e Palácios que viram partir a Realeza perdida nas batalhas Republicanas rendendo-se às definições do Comité Internacional de Museus e ficando primeiro prisioneiros da sociedade e desde logo ao serviço do seu desenvolvimento. No conceito do Instituto Brasileiro de Museus, “os museus são casas que guardam e apresentam sonhos, sentimentos, pensamentos e intuições que ganham corpo através de imagens, cores, sons e formas. Os museus são pontes, portas e janelas que ligam e desligam mundos, tempos, culturas e pessoas diferentes. Os museus são conceitos e práticas em metamorfose”.
A beleza e a serenidade que nos são transmitidas pelos escultores Gregos da antiguidade nas obras representativas das suas visões sobre as Deusas e os Deuses, e que os seus “discípulos” Romanos souberam manter e aperfeiçoar, são difíceis de satisfazer num olhar corrido perturbado pelos constrangimentos dos ruídos e chamamentos de todas as companhias residentes noutras salas do Museo, o que faz com que só numa aproximação a duas dimensões o equilíbrio da respiração conceda saborear todo o climax do resultado final do recorte dos cinzeis sobre blocos de pedra escolhidos com a sensibilidade dos olhos e pela sensibilidade das epidermes das mãos. Este é afinal o maior dos desafios para as nossas memórias, fazer com que os arrepios sensoriais do contacto com o belo se prolongue pela vida para além do registo que guarda apenas a referência de termos passado por este e mais este Museo, sendo que a muitos deles não nos será possível voltar. E, afinal, da mesma forma que na memória se esgota o espaço para armazenar as nossas lembranças, também na nossa casa se foram esfumando os espaços que a transformassem num museu para conservar as nossas recordações.
Give me a Museum and I´ll fill it! Pablo Picasso