A cidadania, devia manifestar-se activamente dentro dos Partidos Políticos através de uma participação plural desfulanizada, numa luta pela definição das políticas de ideário que se possam apresentar aos eleitores nos programas de governação.Mas, também existem outras formas muito importantes de defesa dos interesses dos cidadãos, na base da pirâmide autárquica, isto é nas Juntas de Freguesia, onde grupos de fregueses apresentam programas que têm em vista tornar clara a sua acção depois de assumirem funções, e que pelo menos em pequenos agregados populacionais têm vindo a dar resultados satisfatórios.
A recente candidatura de FN (Nobre) a PR, cujos verdadeiros propósitos só ele poderá mesmo explicar, revelou-se atractiva mais pelos apoiantes que granjeou ou se insinuava apoiarem-no, do que pelo discurso de candidato que sempre demonstrou um défice de transparência e qualidade, acabando mesmo assim por ter um bom resultado nas urnas.
Não se conhecem estudos de opinião sobre a distribuição dos sectores partidários que contribuíram para o resultado final desta candidatura, e por isso não se pode saber quais os restantes candidatos que foram beneficiados e ou prejudicados pela concorrência de FN.
Agora que o recente mandatário do BE às eleições ao PE, depois Independente à PR, parece ir candidatar-se pelo PSD às Legislativas, e este declara que é seu candidato a Presidente da AR e as sondagens não dão maioria à Direita, temo que se abra um perigoso precedente na escolha da segunda Figura do Estado.Neste modelo Português de Partidos, mas também da fulanização da eleição do PM, acrescentar um novo Portuguesismo na eleição para Presidente da AR, pode tornar esse escrutínio numa segunda volta das Presidenciais e fazer confrontar a representatividade das duas primeiras figuras do Estado.É quase certo que o BE e o PCP votarão contra FN na AR, e será o PS a decidir quebrar ou não a prática em vigor desde a fundação da Democracia, mas não é possível aceitar que uma pessoa que foi claramente rejeitada pela esmagadora maioria dos participantes na eleição para PR venha a substituir o Chefe do Estado no impedimento deste.Mas, esta alteração da rotina teria um efeito positivo para a Democracia já que a legitimidade da segunda Figura do estado sairia reforçada, como aconteceu com Jaime Gama, embora a maioria do PSD tenha então votado a favor, e outra coisa não seria de esperar face ao prestígio daquela pessoa.No entanto, como cada Deputado "faz o que quer" era importante que o PS tornasse desde logo clara a sua posição e os seus candidatos a Deputados ficassem vinculados à consequente decisão de rejeição ou não de FN, que seria em todo o caso uma situação excepcional.Na minha opinião, a rejeição liminar prévia de FN, proposta que faço, tem ainda mais sentido quando o indivíduo afirma que se não for eleito Presidente da AR não será Deputado, o que é um verdadeiro escândalo e desrespeito pelo Órgão e por todos os anteriores Presidentes da AR, embora também me pareça que tudo não passa de estratégia sonora para se desviarem do debate as exigências ao Líder do PSD para falar claro sobre todos os temas fracturantes para a nossa Sociedade no momento difícil que atravessamos.