O carro quase no topo da gama, já pode estacionar aqui, quiçá porque a sociedade já está farta de cartões de plástico que prometem todos os oásis, e assim as montras servem apenas para não servirem para nada. Meio século atrás, não havia mesmo nenhum carro por aqui, pois as crianças se encarregariam de chamar o polícia de giro para poderem apalpar e lambuzar as enormes vidraças de uma das mais mais emblemáticas montras de brinquedos da baixa de Lisboa, mesmo à beira da Praça dos Restauradores (da independência Nacional, coisa que hoje uns tantos também querem que deixe de ter significado).
Um espaço de transpiração, comunicação e partilha de sensações na apropriação de planos do Planeta que nos acolhe. Como objectivo principal, o perfeccionismo, para deixar àqueles de quem gosto uma ideia prática da responsabilidade em olharmos à nossa volta e não deixarmos passar despercebidas a luz e as sombras de cada instante. Mas também, dar conta de fragrâncias e sabores que me toquem, dar nota de outros estímulos aos meus sentidos e, dar eco dos criadores do Belo.
E
quinta-feira, maio 31, 2012
Imagens de rua
O carro quase no topo da gama, já pode estacionar aqui, quiçá porque a sociedade já está farta de cartões de plástico que prometem todos os oásis, e assim as montras servem apenas para não servirem para nada. Meio século atrás, não havia mesmo nenhum carro por aqui, pois as crianças se encarregariam de chamar o polícia de giro para poderem apalpar e lambuzar as enormes vidraças de uma das mais mais emblemáticas montras de brinquedos da baixa de Lisboa, mesmo à beira da Praça dos Restauradores (da independência Nacional, coisa que hoje uns tantos também querem que deixe de ter significado).
quarta-feira, maio 30, 2012
terça-feira, maio 29, 2012
segunda-feira, maio 28, 2012
domingo, maio 27, 2012
sábado, maio 26, 2012
sexta-feira, maio 25, 2012
quinta-feira, maio 24, 2012
quarta-feira, maio 23, 2012
Dia 23 de Maio, dia de Festa
Poema das nuvens fofas
Nos píncaros do Olimpo as nuvens pairamcomo clara batida, fofa e crespa.
O Olimpo é um monte, e as nuvens, água
que as baixas temperaturas condensaram
em estrelados cristais.
Ali, atrás das nuvens, se instalaram
os deuses, em seus tronos marchetados
(pois se os grandes da Terra tinham tronos
com mais razão os deuses os teriam).
Ali, atrás das nuvens, planearam
o meu futuro,
sem saberem que as nuvens eram água.
Eram, de facto, água,
e como água cairam sobre a Terra.
Primeiro em fios breves, voluptuosos
como chuveiro tépido nas pálpebras;
depois em fios grossos,
em baraços, em cordas, em colunas,
cataratas do céu que o próprio céu ruiram
em bátegas cerradas.
Na precipitação das catadupas de água,
envolveram-se os deuses na enxurrada, deuses e tronos,
e com eles também o meu futuro.
António Gedeão, Poemas Póstumos
terça-feira, maio 22, 2012
A intimidade com as objectivas
Lisboa, minha Cidade,
Hoje, marquei encontro contigo
no Largo da Estação,
Hoje, marquei encontro contigo
no Largo da Estação,
onde a calçada sustentava as patas dos pombos
que roubavam migalhas às turistas,
onde havia caracois rebolando dentro de redes,
onde há Taças em pedestrais, espalhadas pelos jardins
mas que os verdes não souberam conquistar,
onde há galos póstumos de todas as côres,
e chinesices para todos os gostos,
onde revivi uma porta agora bem aberta,
que tinha dado um 31, se o Ditador em exercício,
não tivesse aceite sair dali para o exílio,
sem um terramoto igual ao que,
mesmo ao lado,
levou o tecto da grande nave.
segunda-feira, maio 21, 2012
domingo, maio 20, 2012
sábado, maio 19, 2012
sexta-feira, maio 18, 2012
quinta-feira, maio 17, 2012
quarta-feira, maio 16, 2012
A intimidade com as objectivas
Desprezados tapetes, onde ninguém aproveita para se rebolar até que a camisa branca fique transmutada com os sucos naturais que prefazem os arco-íris do tempo em que não chove, nem há cristais de quartzo para fazer reflectir os rais solares sobre as gotas de orvalho espalmadas pelas caudas das lebres.
A intimidade com as objectivas
No Alentejo mais pobre porque profundo, a cal hidráulica não era acessível para se poder misturar livremente com as areias dos barrancos e permitir ajudar os seus habitantes a fazer rebocos que cobrissem todos os muros e paredes; a que se podia arranjar, era usada com saber para proteger as partes mais sensíveis das habitações aos efeitos da água da chuva, incluindo mesmo os seus alicerces, que eram protegidos por valetas de escoamento moldadas às irregularidades do terreno onde aqueles assentavam.
terça-feira, maio 15, 2012
segunda-feira, maio 14, 2012
Feira do Livro
Festejam-se livros novos!
Como está o tempo?
Como medir a velocidade do tempo?
E se, por fortuna fosse mensurável,
seria maior do que a velocidade da luz?
Como medir a velocidade do pensamento?
Correr atrás, ou à frente do tempo?
E do pensamento?
Ficar imóvel a olhar longamente o mesmo horizonte,
é permitir que o tempo se nos escape,
entre os dedos que seguram o lápis do tempo.
Mas, como o tempo não se pára,
e não se agarra ao nosso lápis,
e, afinal como o Tempo não se mede,
nem sabemos sempre como havemos de dividi-lo,
tentar concorrer com todos os tempos,
é uma corrida perdida!
Tavira, Abril 2011
domingo, maio 13, 2012
sábado, maio 12, 2012
sexta-feira, maio 11, 2012
Património e Interioridade
Um dia destes, uma Técnica Superior de Conservação e Restauro de Pintura de Cavalete sem trabalho, pediu-me para a levar a matar saudades de vários meses que passou numa “missão de restauro” em algumas Igrejas dispersas pelo Concelho de Mértola, o que incluiu visitar uma Senhora então encarregue de manter vivo e visitável o Património Religioso da Igreja que “servia” a Aldeia de S.Bartolomeu da Via Glória. Importa começar pelo princípio, e referir que os trabalhos de restauro realizados, deveram-se em primeiro lugar à sensibilidade e à visão de partilha de Património do Padre que então exercia o magistério em Mértola e que em comunhão com a Câmara desenvolveu um programa de reabilitação de algumas Igrejas e em especial dos seus recheios, e para o qual foi procurado e conseguido apoio mecenático junto de alguns grandes proprietários agrícolas do Concelho, com especial e determinante relevo para o Sr.Luís Champallimaud que custeou a grande maioria das obras.
As Igrejas estão hoje todas fechadas, já que o Pároco actual não parece ter as mesmas preocupações comunitárias do seu antecessor, com todas as consequências negativas que daí adevêm para o turismo e para a vida própria dos locais onde estão implantadas. Lá estive na Via Glória durante meia hora, a assitir à conversa com a Sra M até que apareceu o marido, o Sr G, um casal de enorme simplicidade e amabilidade, permitindo-me ficar a conhecer muitas das condicionantes que tornam tão difícil sobreviver no Alentejo mais profundo, embora a tenacidade daquelas gentes lhes permita continuar a teimar em não abandonar os territórios onde nasceram. Numa frase sobre o Concelho, dizia o Sr G, acabaram primeiro com a Reforma Agrária, e depois com a Agricultura; antes deste abandono, toda a gente semeava, havia gado pastando por todo o lado, e animais domésticos para comer, dar e vender, agora os grandes proprietários vivem em Beja ou Lisboa, têm aqui alguém que lhes toma conta das herdades só destinadas para a caça, mas até comida para as galinhas que gostam de ter nos Montes têm que a comprar pois não estão para semear um alqueire de cereal, e como recebem subsídios de tudo, pois até de um pinhal cujas árvores estão do mesmo tamanho passados 20 anos vão retirando 200€ por hectar, é muito mais cómoda a política do não fazer agricultura, e ainda receber subsídios por isso, e portanto não há criação de nenhum posto de trabalho, e o Concelho perdeu o ano passado mais 16% da sua população. Valeu a pena termos lá ido, e eu voltarei em breve com as minhas objectivas pois os poucos minutos de atenção que lhes dei a isso me vão obrigar.
A este propósito, não resisto a deixar aqui contada uma outra versão da “reinventação fundiária” contada por um Primo meu que pediu a uma Empregada de um Familiar que ia passar o fim de semana à Aldeia do Alentejo de onde era natural que lhe trouxesse um frasco de genuína massa de pimentão. A rapariga respondeu-lhe logo não poder satisfazer o pedido, pois já não há plantação de pimentão, visto que as matanças na Aldeia acabaram!
As Igrejas estão hoje todas fechadas, já que o Pároco actual não parece ter as mesmas preocupações comunitárias do seu antecessor, com todas as consequências negativas que daí adevêm para o turismo e para a vida própria dos locais onde estão implantadas. Lá estive na Via Glória durante meia hora, a assitir à conversa com a Sra M até que apareceu o marido, o Sr G, um casal de enorme simplicidade e amabilidade, permitindo-me ficar a conhecer muitas das condicionantes que tornam tão difícil sobreviver no Alentejo mais profundo, embora a tenacidade daquelas gentes lhes permita continuar a teimar em não abandonar os territórios onde nasceram. Numa frase sobre o Concelho, dizia o Sr G, acabaram primeiro com a Reforma Agrária, e depois com a Agricultura; antes deste abandono, toda a gente semeava, havia gado pastando por todo o lado, e animais domésticos para comer, dar e vender, agora os grandes proprietários vivem em Beja ou Lisboa, têm aqui alguém que lhes toma conta das herdades só destinadas para a caça, mas até comida para as galinhas que gostam de ter nos Montes têm que a comprar pois não estão para semear um alqueire de cereal, e como recebem subsídios de tudo, pois até de um pinhal cujas árvores estão do mesmo tamanho passados 20 anos vão retirando 200€ por hectar, é muito mais cómoda a política do não fazer agricultura, e ainda receber subsídios por isso, e portanto não há criação de nenhum posto de trabalho, e o Concelho perdeu o ano passado mais 16% da sua população. Valeu a pena termos lá ido, e eu voltarei em breve com as minhas objectivas pois os poucos minutos de atenção que lhes dei a isso me vão obrigar.
A este propósito, não resisto a deixar aqui contada uma outra versão da “reinventação fundiária” contada por um Primo meu que pediu a uma Empregada de um Familiar que ia passar o fim de semana à Aldeia do Alentejo de onde era natural que lhe trouxesse um frasco de genuína massa de pimentão. A rapariga respondeu-lhe logo não poder satisfazer o pedido, pois já não há plantação de pimentão, visto que as matanças na Aldeia acabaram!
Podem fazer-se muitas viagens, aproveitar ou desperdiçar o “tempo” e as oportunidades, mas na verdade, quando caminhamos sem regras por entre os raios da luz refletida pelos caminhos mais solitários do Alentejo mais profundo, aprendemos que em cada dia que passa, com o abandono agrícola desaparecem imagens conhecedoras da simplicidade contagiante com que a natureza dotou planícies que já ajudaram a alimentar milhões de pessoas, e para a viver por uns segundos, repito mil vezes - “é preciso lá ir”, de propósito, sem relógio, falando com todas as luzes, escutando todas as sombras, enfrentando o ladrar dos cães que ignoram a nossa cumplicidade com os torrões das nossas origens como espécie. Regressamos, carregando aos ombros os biliões de pixeis que escaparam da seca e dos borrifos da chuva temporã que faz cócegas na entrada das tocas dos coelhos, e com uma responsabilidade acrescida na procura de saber legendar quase todas as imagens com os gestos dos voos das cegonhas, dos papa figos e dos milhafres que regularam os nossos tempos de obturação.
O efeito X, sobre a protecção da propriedade.
quinta-feira, maio 10, 2012
quarta-feira, maio 09, 2012
terça-feira, maio 08, 2012
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